Ao longo destes 32 anos da Revolução de Abril, a sociedade portuguesa
tem sido palco de diversos processos de transformação, muitos deles
antagónicos, mas que no essencial são fruto da dinâmica de uma sociedade
democrática e participativa, em que os jovens tiveram, e têm um
importante papel.
Muitos destes processos continuam por concluir, e outros por começar
devido aos novos desafios que se nos põem agora . A intervenção activa
e permanente da vossa estrutura, como juventude política, e como
representativa da juventude, tem contribuído para o debate de ideias e
a apresentação de propostas que estimulam esta dialéctica, que muitos
têm dificuldade em aceitar.
Contudo, seria pouco sério da nossa parte, se não deixássemos de referir
que e em matéria de defesa e aprofundamento das questões relacionadas
com os gays, lésbicas, bissexuais e transexuais , muitas vezes, a
vossa estrutura se apresenta de forma envergonhada e tímida .Estes
problemas, a par com o emprego, (ver as revoltas dos estudantes
franceses ) e habitação(manifestações recentes em Espanha pelo direito
à habitação condigna, para jovens) são dos que mais interessam à
juventude , independentemente da sua orientação sexual, e são o preço
do nosso país se ir tornando, cada vez mais participativo, moderno, e
democrático.
Como estrutura política e dialéctica que são, esperamos agora uma
intervenção mais expressiva e convicta da vossa parte, nestas questões,
designadamente na luta urgente contra a homofobia, um problema local,
nacional, e global que aflige milhares de jovens, nas escolas, na
familia, na sociedade, e nos locais de trabalho, e que teve recentemente
expressão dramática com a morte violenta da transexual Gisberta, do
Porto, a quem prestamos homenagem .
Cremos que e durante a realização de tão importante evento como é o
vosso congresso, a abordagem de alguns destes temas, tendo em conta que
os grupos mais fragilizado são sempre os primeiros a sofrer os efeitos
das crises, incluímos o alargamento dos direitos da legislação das
uniões de facto , que interessa igualmente aos heteros , e o
casamento entre pessoas do mesmo sexo, o que viria enriquecer o
debate de ideias, e a clarificação de posições, com a apresentação de
propostas e conceitos concretos à sociedade civil, no Poder Local e no
Parlamento .
Nada na sociedade global que temos de enfrentar hoje, é tabu. Nada é
tabu numa sociedade progressista, laica, interventiva, dinâmica e
democrática , que visa a melhoria das condições dos jovens, e a
libertação do Homem, das muitas injustiças e discriminações, criando
caminhos para uma nova mentalidade numa sociedade mais solidaria, com
menos exclusões sociais, e mais feliz.
Felicitamo-vos pela realização do vosso Congresso, e agradecendo o vosso
convite, desejamos-vos todo o sucesso nas discussões que se vão travar.
Aguardaremos com justa ansiedade as vossas conclusões.
Saudações solidárias,
Antonio Serzedelo
Presidente da Opusgay
Lisboa, 16 de Maio ,2006