Ler pelas entrelinhas da eleição. Carla Jimenez. Octubre 2022

Ninguém disse que seria fácil dar adeus à extrema direita.

Cara leitora, caro leitor,

Talvez você esteja se perguntando como não percebeu que a extrema direita ia fazer bonito no Congresso, com Damares Alves e Marcos Pontes eleitos ao Senado, por exemplo. Ou, inclusive, não ter notado que a diferença de votos entre Lula e Bolsonaro no primeiro turno ficou mais perto do que algumas pesquisas apontaram.

Pode culpar alguns institutos, nossa torcida apressada para varrer o bolsonarismo depois de 686 mil mortes por covid-19 com o atraso da vacina, ou até o otimismo de jornalistas como eu, que cheguei a descrever o ex-juiz Sergio Moro como uma “caricatura” na última coluna e até antecipei um regozijo diante de seu potencial ostracismo.

Nada vai fazer o calendário retroceder e mudar o resultado das eleições que gostaríamos de ter visto, com um Congresso bem mais progressista e, com sorte, o presidente da República de volta à invisibilidade do baixo clero na Câmara dos Deputados.

É preciso encarar que o bolsonarismo, ou a chamada extrema direita, ainda estão aqui, depois deste 2 de outubro, para nos dar mais uma rasteira. Esse grupo extremamente conservador sabe muito bem jogar o jogo e não deixou de ser a força poderosa que sempre existiu.

Para horror de nossa bolha, foram alçados à normalidade pela direita desde 2013, pelos editorialistas do Estadão, os meritocratas e as carolas da vez. E também pela sua bondosa tia, pai, sogro, cunhada, que encaram a vida sob uma ótica fora da nossa política intelectualizada. Não julguemos. Se nesta terça você ainda está chamando eleitor de «burro» e falando que quer sair do Brasil, tem duas oportunidades. Esperar a fossa passar, ou aceitar que o país não está pronto ainda para uma mudança consistente de valores.

Valores, aliás, não se adquirem numa prateleira, nem em matéria de jornal. São consensos de uma sociedade e levam tempo – décadas, por vezes séculos – para serem assimilados. Não seguem o tempo do relógio, das redes sociais.

Imagine isso num país de 212 milhões de habitantes. É fácil falar dos avanços e da estabilidade no Uruguai com uma população 3,4 milhões, onde o aborto e a cannabis são legalizadas. Mas no Brasil de Santa Catarina e seus 5,4 milhões de eleitores, onde bolsonaristas foram eleitos com folga, e da Bahia e seus 11,28 milhões de votantes, que deu farta vantagem ao PT, há muito mais do que distância geográfica e social.

Há pouco tempo até o dia 30, e precisamos estudar as entrelinhas para não deixar a bola passar por baixo das pernas, como em 2018. Nos faltou paciência neste dia 2 para compreender que o bolsonarismo está com o bastão. Bolsonaro teve um gordo orçamento secreto para executar a empreitada deste primeiro turno e ministros militares cacifando sua estratégia eficiente. Conseguiu.

Em São Paulo, Tarcísio de Freitas cresceu sobre Fernando Haddad pelo mesmo princípio que sustentou João Doria no governo do estado em 2018, quando a capital paulista já o rejeitava. O interior leva mais tempo para mudar de opinião.

Nós sabíamos que o bolsonarismo não desapareceria da noite para o dia. O resultado das urnas nos mostrou a forma que ele tomará a partir de 2023 e o longo tempo de que precisaremos para transformá-lo. De tanto que queremos mandá-lo embora, temos dificuldade em reconhecer que nosso adversário é tão forte. Com 99 deputados eleitos pelo PL de Bolsonaro e oito senadores que se somam a outros cinco em exercício, a extrema direita ganhou poder para dar as cartas à luz do dia e já não está tão refém do Centrão. É fato. Foram bolas nas costas.

Mas o Brasil de 57 milhões que votaram em Lula estava atento ao gol que o atual presidente ia chutar, e o pênalti foi defendido. Não é pouco. A ostensiva votação de bolsonaristas país afora está aí para nos lembrar o tamanho do adversário. Não vamos cair na mesma armadilha de subestimá-lo.

O Brasil da resistência não está coordenado. Está fracionado em distintos partidos e instituições. Mas ele se move e fura bloqueios, como a eleição de duas deputadas federais trans, uma em São Paulo, Érika Hilton, e a segunda em Minas Gerais, Duda Salabert, ambas campeãs de votos em seus respectivos estados. Sim, temos o antiministro do Meio Ambiente Ricardo Salles na Câmara e temos também Marina Silva. Ele, auxiliado pela máquina pública do governo federal para ser eleito. Ela, pelo seu legado na causa ambientalista.

A máquina por trás da figura de Bolsonaro está muito bem azeitada. Como esteve a do PT por ao menos 12 anos, antes da debacle de 2016. Como foi a do PSDB entre 1994 e 2002, com Fernando Henrique Cardoso à frente.

Não temos um só problema no Brasil chamado Jair Bolsonaro. Temos 51 milhões de discordantes. Mas, hoje, é tempo de procurar os 1,8 milhão de votos para levar Lula à vitória no segundo turno, depois de seus mais de 57 milhões de votos. Porque o presidente no poder acaba de ganhar fortes cabos eleitorais nos estados e no Congresso. E nossa energia tem de estar nesse objetivo, de cortar uma das cabeças dessa medusa, a mais poderosa no momento.

A frustração com o resultado de domingo nos dificulta reconhecer que tamban andamos para a frente. E não é de hoje. Desde que militamos pela Constituição de 1988. Desde o tempo em que chamamos este Brasil profundo para a arena. Quando ousamos eleger mulheres pretas, como Marielle Franco, quando apoiamos a Comissão da Verdade, criada em 2011. Fomos nós que pedimos ao adversário oculto para que mostrasse a sua cara. Ele rasgou a fantasia e passou a expor sem constrangimento o seu racismo, sua violência, lambendo cano de armas nas redes sociais.

Hoje, não adianta nos prendermos a debates mentais. Lembremos então de onde viemos. A ditadura de 1964 não foi fruto de um golpe meramente militar, mas sim de um golpe civil-militar. De muitos pais e avós desses 51 milhões. É um país que funciona há séculos sob um molde muito bem formatado, em que a sociedade aceita as regras por achar que é o único caminho possível.

Nós ousamos nos rebelar contra isso. E mudar dá trabalho, um projeto minucioso para ajudar a ficha a cair. É assim que a vida real, fora do nosso quarteirão, acontece. Buscar consensos leva um caminhão de tempo. Ainda estamos na metade do caminho para que o Brasil se enxergue de uma vez.

Terrível seria se Bolsonaro tivesse sido reeleito. Seu filho, Eduardo, foi, mas perdeu mais de um milhão de votos de 2018 para 2022. Nomes esdrúxulos não se elegeram, como Sergio Camargo, Fernando Holiday e Fabrício Queiroz. Outros, como Janaína Paschoal ou Joice Hasselmann, evaporaram. O pêndulo ainda está se acomodando. Barbas de molho e altivez para continuar. Afinal, quem disse que seria fácil?

Conformación apolítica de la subjetividad y su vínculo con modalidades evocativas traumáticas de pasados límites. María Eugenia Borsani. 2009

Semblanza del presente

Finales de la década de los años 80, interesante convivencia entre política y filosofía, o lo que procura hacerse pasar por filosofía, no siendo sino el discurso de la ideología dominante que tiene como intención mayúscula eliminar del planeta todo eco del término “ideología”.

Se proclama, casi por decreto del Pentágono, el fin de las ideologías y el fin de la historia, sólo queda como norte un “más de lo mismo” y perfeccionar el estado de cosas vigente: el derrotero neoliberal a la luz del mundo globalizado, patrocinado por muchos Francis Fukuyama. Momento de lamentables bienvenidas a las despedidas.

El historiador Dominick LaCapra dice en las primeras páginas de Historia en tránsito. Experiencia, identidad, teoría crítica que “el tan mentado fin de la historia podría ser también un intento ideológico de permanecer fijados a una condición histórica existente determinada, como la economía de mercado y la limitada democracia política”.[1]

Así, intelectuales mandatados generan artículos e intervenciones de distinta naturaleza que colaboran con el propósito de la extinción del pensamiento crítico y de discusiones de naturaleza ideológica en distintos rincones del universo; se muestra ante nosotros un presente erguido de pensamiento edulcorado, imperio de lo light, exposición de la vacuidad, ausencia de compromiso, apatía por el legado, amnesia política.

A la vez que esto ocurre, se multiplican diversas modalidades evocativas de pasados límites o manifestaciones varias de lo que bien podríamos llamar “la memoria insurgente”, dada la naturaleza indómita de la acción de recordar.

Resulta casi paradójico que, al tiempo que parece erigirse la falsa conciencia de un presente sin ayer, adelgazado de pasado, la memoria se hace ver y se hace oír.

Así, proliferan los debates sobre la relación historia-memoria: desde la filosofía, la historiografía, la sociología y más, el vínculo historia-memoria se vuelve un tópico de constante convocatoria en reuniones científicas y en publicaciones varias.

A su vez, “la memoria parece hoy invadir el espacio público de las sociedades occidentales, gracias a una proliferación de museos, conmemoraciones, premios literarios, películas, series televisivas y otras manifestaciones culturales, que desde distintas perspectivas presentan esta temática” comienza diciendo Enzo Traverso en Historia y memoria. Notas sobre un debate.[2]

La contienda que se da en este escenario discurre, entre otras cuestiones, en relación con qué recordar, para qué evocar y cómo hacerlo; esto es, cuál ha de ser el contenido del acto rememorativo, cuál la finalidad de tal acción y cuál la modalidad evocativa.

Interesa problematizar las diferentes aristas del problema, ya que entendemos que según cuál sea la finalidad del recuerdo, se montan maneras distintas para ponerlo en escena seleccionando entonces determinados contenidos del recuerdo, a la vez que neutralizando otros.

Por ello es que importa indagar la posible relación que pueda darse entre modos conmemorativos anclados en una lógica luctuosa —a la vez que mortificante— con la huida del compromiso con aquello que se recuerda, como efecto reactivo. Así, el presente trabajo sigue  como propósito poner en tensión la conformación de lo que llamaremos subjetividades políticas esmirriadas —según el molde triunfante de lo que Žižek denomina como el “universo posideológico pragmático moderno”—[3] con modalidades evocativas traumáticas de pasados  límite.

En sociedades que tienen como legado un pasado reciente genocida, el modo de dar cuenta y representar lo acaecido es decisorio si el objetivo que se sigue es el de contribuir a la formación de una conciencia histórico-crítica. Bajo la premisa que abona la fecundidad de modalidades evocativas no traumáticas de pasados límites, se indagará si acaso la “huida de la comunidad”,[4] siguiendo a Bauman, en forma  de despolitizada existencia no es resultante, entre otras cuestiones, de  contraproducentes efectos colaterales de modos de conmemoración o de inscripción de la memoria que insisten en las tan lacerantes como infértiles escenificaciones del horror.

Tanto Žižek como Bauman vienen aportando significativas lecturas en relación con el estado de la cuestión de nuestra temporalidad. Sus análisis pueden ser tenidos como diagnósticos de nuestro presente, no por ello menos acertados de la “ideología subterránea” de hoy —esto último pertenece a Žižek— y que en Bauman toma forma de liquidez.

Si como dice este último, las condiciones de la sociedad individualizada son hostiles a la acción solidaria, y la sociedad individualizada es el topos de los más, de los muchos con intención de globalizarse como marca del presente, la acción política, la atención por el otro, el compromiso cívico con la comunidad, caen en el lugar del pasado y en las antípodas del sujeto normal.

Normalidad normatizada, apolítica, desvitalizada, viviendo a costa de la renuncia del compromiso con el otro, con los otros, en un inconsciente estado de impávido aletargamiento político, por eso es que entiendo que se trata de subjetividades políticamente esmirriadas.

Sin duda convergen distintos factores que conforman lo que denominamos subjetividades esmirriadas. Bien señala Bauman el declive de la comunidad como un signo del presente; nuestra actualidad es, según el autor, “zona despejada de comunidad”.[5]

Decadencia de la comunidad en tanto disolución de vínculos sostenidos en la filialidad y es “esta experiencia la que hoy se echa de menos, y su ausencia se describe como ‘decadencia’, ‘muerte’ o ‘eclipse’ de la comunidad”.[6]

El conservadurismo imperante, bajo la forma de desarraigado individualismo, es un fenómeno propio de sociedades en las que hizo mella el triunfante discurso neoliberal.

Evocaciones lacerantes y su nocivo efecto

Entendemos por tales modalidades aquellas que evocan el ayer recurriendo a representaciones que se instalan en la dimensión de lo mortificante, expuestas de maneras muy distintas. Bien pueden ser exposiciones del ayer que recalan en el relato de las torturas infligidas, o en recreaciones del padecimiento, por caso, los ya tan conocidos tour concentracionarios.

Las narrativas de las cuales echar mano en este tipo de evocación

son muy diversas, pueden ser relatos testimoniales anclados en las vejaciones recibidas, o la muestra de las secuelas psicológicas y físicas de atrocidades varias.

No obstante, el ayer puede también ser exhibido desde una toma de distancia y reprobación de tales estrategias de evocación por estimar que en nada contribuyen a la acción rememorativa que persigue el propósito de dar cuenta del ayer traumático apostando a un conocimiento crítico y toma de conciencia de lo ocurrido en su amplio espectro.

En el caso de los montajes evocativos de las dictaduras genocidas, y específicamente en relación con la acaecida en Argentina 1976-1983, se advierte una tensión entre conmemoraciones pergeñadas desde perspectivas opuestas: en ciertos casos nos encontramos con desgarradoras escenificaciones de lo acaecido instaladas en la muerte, en la desaparición y en la tortura que colisionan con otros diseños evocativos que invierten la lógica luctuosa, orientadas al recuerdo y reivindicación de la vida cejada.

Tal vez pueda pensarse que la insistencia en los aspectos dramáticos del pasado y de la memoria de ese pasado, reedita una lógica del terror. Si en el alcance del drama se subsume todo lo que del pasado se puede decir y recordar, poco o nada cabe ser ponderado en términos de “ejemplar”, poco o nada por recuperar y reiterar.

Así, la indiferencia e impavidez ante el acontecer político, signo de nuestros días en cierta parte de las capas generacionales más jóvenes —sobre todo de los sectores medios de la sociedad— pueden ser tenidas como resultante del efecto traumatizante que se sigue del modo como se evoca nuestro pasado reciente.

Esto es, si se estigmatiza el pasado en una absolutización de lo traumático, es posible que se sedimente como advertencia amedrentadora e inmovilizante y con ello la evocación provoca

como efecto lo opuesto que se propone, volviéndose al servicio, esto es, funcional a quienes propician la conformación de subjetividades amnésicas y políticamente esmirriadas, adelgazadas de todo vínculo solidario y colectivo.

Sin embargo, y tal como lo planteáramos en otra ocasión, es importante que ese pasado sea reabierto desde una perspectiva reivindicatoria que desarticule de manera desafiante disciplinamientos de la memoria que, paradójicamente, resulten políticamente paralizantes, aun cuando, tal vez, no sea ése el propósito que persiguen, sino una consecuencia indeseable.

Esto último, en virtud de una significativa apreciación realizada por Dominick LaCapra cuando previene acerca de los efectos traumatizantes de esta perspectiva, que si bien la hace a propósito del film Shoah de Claude Lanzmann puede aplicarse a nuestro análisis: “Algunos usos de filmaciones de archivo o representaciones directas del Holocausto, tales como re-creaciones de escenas de muerte masiva, podrían ser presas de este enfoque armonizador y normalizador, aunque también podrían traumatizar al espectador”.[7]

Así, cabe pensar que la recurrencia al horror y los posibles alcances traumatizantes conducen injustamente al olvido de identidades hacedoras de ese ayer, desplegándose una lógica unidireccional de la memoria que opaca esas vidas subsumiéndolas en términos genéricos tales como víctimas o desaparecidos: anonimato sin más.

Es decir, se desdibuja cuánto de ejemplar —en términos de resistencia y de críticatuvo ese pasado y se resalta lo que deseamos sea irrepetible, a la vez que se omite que “la memoria ejemplar es potencialmente liberadora”,[8]en términos de Tzvetan Todorov. Acaso sea momento de hacer hincapié en aquello que amerita sea reivindicado y que también constituyó el pasado reciente, hoy condensado sólo en el recuerdo del terror y por tanto evocación poco prolífica, toda vez que la ejemplaridad queda sofocada por lo ejemplificante.

Mientras que la ejemplaridad procura dejar una huella esperanzadora en su no reiteración y reivindicadora de quienes dieron testimonio de las atrocidades para dejarlo como legado para el futuro, lo ejemplificante provoca una advertencia intimidatoria.

Y aquí bien vale diferenciar lo ejemplar en Todorov con el planteo foucaultiano en Vigilar y castigar. Foucault muestra que determinados modos de sanción y condena se exponían públicamente por su carga ejemplificadora, el show que se montaba a su alrededor no era gratuito, perseguía claramente un cometido: algo así como: “Vengan y vean: esto puede ocurrirles, este vuestro padecimiento, este vuestro sufrimiento si acaso osaran cometer la misma acción que el reo”.

Escenificaciones de la condena orientadas a disciplinar conductas, normatizar subjetividades, advertir, contribuyendo a formar conciencias amedrentadas por la espectacularidad del castigo.

De ningún modo es ésta la orientación de nuestros análisis de los efectos colaterales e inesperados de los montajes del horror, no está en la representación del ayer la intencionalidad a priori de atemorizar, sino que cabe pensarlo como consecuencia indeseada y no como propósito de la puesta en escena de las “retóricas del horror”.[9]

El mensaje, cuando es ejemplificante, se distancia de manera abismal a la concepción de ejemplar según la ponderación de Todorov, adjetivo que le otorga a la memoria que no procura reeditar lo flagelante —memoria literal— sino en pos de un efecto liberador —memoria ejemplar.

Los modos de evocación traumatizantes del pasado traumático  invisibilizan el alcance del proyecto político genocida imperante en  Latinoamérica entre la década de los años 70 y entrados los 80 del siglo pasado, sin contribuir al conocimiento histórico, iluminando sólo aristas de desgracias que parecieran ser del orden individual y privado  desgajadas del contexto político en el que ocurrieron.

En tal sentido, podría decirse que contribuyen a solidarizarse empáticamente con el sufrimiento ajeno pero no se aportan elementos que colaboren a advertir la dimensión histórico-política de lo acaecido. Se acentúa el plano de lo meramente individual, lo que a tal varón o tal mujer le ocurrió, desamarrado de la comunidad, desconociendo su carácter en tanto miembro integrante de la sociedad política.

Se omite enmarcar el ayer en el cuadro de situación del proyecto que para cierta parte del continente se planeó y se llevó a cabo, como si las situaciones atravesadas fueran acaso producto del albur y no del ardid político neoliberal de los años setenta.

Las modalidades del recuerdo que entendemos son infértiles, son aquellas en las que la referencia al ayer ancla en un verdadero “desborde del horror”,[10] consideración que corresponde a Hugo Vezzetti.

Incluso este tipo de puesta del ayer, en ocasiones, no es del agrado de quienes lo padecieron. Vezzetti dice: “…una sobreviviente que dio a luz en un centro clandestino, cuenta que en la época del juicio todos querían escuchar el relato terrible de su parto pero nadie se interesaba en las ‘definiciones políticas’ que la habían llevado a sufrir esa suerte”.[11]

Una reflexión en un sentido similar la encontramos en Cecily Marcus, quien rastrea las actividades culturales de resistencia que se realizaron en tiempos dictatoriales. Marcus lamenta el acento puesto en la destrucción, en todo lo que fue aniquilado o destruido y la poca atención dispensada a lo que en dicho periodo era hecho, invitando a “investigar el periodo de dictadura desde el punto de vista de lo que fue hecho en lugar de lo que fue destruido”.[12]

Esto es, se focaliza en lo pavoroso, centralizado en el desenlace y despolitizando en gran medida el cuadro de situación de aquellos años de dictadura. La apatía del presente puede pensarse como resultante de tal plan para el Cono Sur, siendo la disociación entre comunidad-individualidad uno de sus logros.

En términos de Todorov quedamos en la instancia de la mera literalidad y en su esterilidad, siendo que en la diferenciación establecida por Todorov lo deseable es la memoria ejemplar, que nada tiene que ver con la ejemplificación según la publicidad del horror, disciplinador de subjetividades.

Tomando el subtítulo del artículo citado de Enzo Traverso es primordial comprender la importancia de “la interpretación de pasado como desafío político”[13] y con ello, conforme a la interpretación que sobre el pasado se haga, evitar la conformación de este tipo de subjetividades políticamente esmirriadas.


[1] Dominick LaCapra, Historia en tránsito. Experiencia, identidad, teoría crítica, Buenos Aires, fce, 2006, p. 15.

[2] En Marina Franco y Florencia Levín (comps.), Historia reciente. Perspectivas y desafíos  para un campo en construcción, Buenos Aires, Paidós, 2007, p. 67.

[3] Slavoj Žižek, “Multiculturalismo o la lógica cultural del capitalismo multinacional”, en  Slavoj Žižek y Fredric Jameson, Estudios culturales. Reflexiones sobre el multiculturalismo, Buenos Aires, Paidós, 2003. 4 Zygmunt Bauman, Comunidad. En busca de seguridad en un mundo hostil, Buenos Aires,  Siglo XXI, 2003, p. 69.

[4] Zygmunt Bauman, Comunidad. En busca de seguridad en un mundo hostil, Buenos Aires,

Siglo XXI, 2003, p. 69.

[5] Ibid., p. 69.

[6] Ibid., p. 59. Idea ésta que Bauman reconoce su inspiración en Maurice R. Stein, que data

de 1960

[7] Dominick LaCapra, “La Shoah de Lanzmann: ‘Aquí no hay un por qué’” en Espacios de Crítica y Producción. Dossier: Historia y memoria del Holocausto, Buenos Aires, Secretaría de Extensión Universitaria/Facultad de Filosofía y Letras/Universidad de Buenos Aires, núm. 26, octubre/noviembre, octubre 2000, p. 44.

[8]

[9] Denominación que utiliza Elizabeth Martínez de Aguirre: “Un espejo de la historia: miles de fotos. Aproximaciones al estudio sobre fotografías de personas detenidas-desaparecidas durante la dictadura militar en Argentina”, en Cristina Godoy (comp.), Prefacio a Historiografía y memoria colectiva. Tiempos y territorios, Madrid, Miño y Dávila Editores, 2002, p. 126.

[10] Hugo Vezzetti, Pasado y presente. Guerra, dictadura y sociedad en la Argentina, Buenos Aires, Siglo XXI, 2003, p. 119

[11] Idem

[12] Cecily Marcus, “En la biblioteca vaginal: un discurso amoroso”, en Políticas de la Memoria,núm. 6/7, Buenos Aires, Centro de Documentación e Investigación de la Cultura de Izquierdas en Argentina, verano 2006/2007. 13 Enzo Traverso, op. cit, p. 67.

[13] Enzo Traverso, op. cit, p. 67.

Clases, movimientos, multitud; debate sobre la formación de sujetos colectivos  revolucionarios en el siglo xxi. Aureliano Ortega. 2009

Indudablemente, esos “veinte años de aburrimiento” a los que se refiere el poeta y músico canadiense son los que corrieron entre el arribo  al poder de los gobiernos conservadores de Ronald Reagan y Margaret  Tatcher en los Estados Unidos e Inglaterra y el estallamiento del Consenso de Washington hacia 1997; largos años de indisputado dominio conservador que, no obstante, ya mostraba sus primeros síntomas  de declinación a partir del levantamiento zapatista en Chiapas, no en  Manhattan, en enero de 1994.

Fui sentenciado a veinte años de aburrimiento,

por tratar de cambiar el sistema desde el interior.

Y vengo ahora, ahora vengo por la revancha.

Primero, tomaremos Manhattan.

Después, tomaremos Berlín.  Leonard Cohen

Indudablemente, esos “veinte años de aburrimiento” a los que se refiere el poeta y músico canadiense son los que corrieron entre el arribo  al poder de los gobiernos conservadores de Ronald Reagan y Margaret  Tatcher en los Estados Unidos e Inglaterra y el estallamiento del Consenso de Washington hacia 1997; largos años de indisputado dominio conservador que, no obstante, ya mostraba sus primeros síntomas  de declinación a partir del levantamiento zapatista en Chiapas, no en  Manhattan, en enero de 1994.

Sin embargo, es quizá más preciso fijar el “fin del aburrimiento”  a partir de eventos como la “batalla de Seattle” en 1999, la llegada de  Hugo Chávez a la presidencia de Venezuela, el cerco al que cientos  de miles de indígenas sometieron durante semanas a la ciudad de La Paz, en Bolivia (y que produjo la caída del régimen de Sánchez de Losada y, meses más tarde, la elección de Evo Morales), las protestas generalizadas que en el curso de unas cuantas semanas de diciembre de  2001 llevaron a la quiebra a tres gobiernos neoliberales en Argentina  o, por último, los disturbios protagonizados por jóvenes inmigrantes  africanos que en París, otra vez en París, recuperaron para la memoria  y la acción colectivas la eficacia de las barricadas y la espectacularidad  subversiva del coctel molotov.

Frente a tales eventos (y muchos otros de índole similar o parecida  sucedidos a lo largo y ancho del mundo) algunos representantes del  pensamiento crítico, o para ser más precisos, lo poco que quedaba de  él, en el pasado reciente recuperaron una importante reserva de problemas teóricos y políticos cuya emergencia irruptiva y, sobre todo, su  novedad, ofrecían la oportunidad no sólo de mostrar la necesidad y la  vigencia de un pensamiento que había sobrevivido al chantaje y tedio  posmodernos, sino su “fuerza y su terrenalidad” (Marx), su capacidad  teórica para aprehender el sentido histórico de los hechos y, contemporáneamente, su habilidad para articularse programáticamente con aquéllos.

Vamos a entender aquí por “pensamiento crítico” el abigarrado  conjunto de intervenciones teóricas y discursivas que, a despecho de  la postura posmoderna, conservadora o liberal-democrática, y de su  ofensiva en contra de los relatos de emancipación, jamás suscribieron  la idea del “fin de la historia”, siempre sospecharon de las bondades de la  democracia occidental y, aun desde la marginalidad, mantuvieron  viva la idea de que todavía es deseable y posible la construcción de un  mundo mejor.

De modo que el ámbito de nuestra intervención se reduce, en principio, a unos cuantos autores en quienes reconocemos un  claro distanciamiento respecto del pensar posmoderno en su versión  conservadora y, conjuntamente, el replanteamiento sistemático del  viejo problema de la emancipación; pero que, igualmente, exige como  requisito teórico para el examen de sus intervenciones, la presencia  en ellas de ciertas premisas de orden epistemológico de incontestable  talante crítico-negativo o crítico-revolucionario.

I

La pregunta por el conjunto de condiciones históricas, económicas,  políticas y culturales que hacen o no posible la formación de sujetos sociales revolucionarios en el siglo xxi únicamente puede ser formulada en el espacio teórico que se genera y despliega a través del  tratamiento crítico-reflexivo de dos problemáticas concomitantes y  sólidamente articuladas entre sí: la crisis estructural del capitalismo y la  necesidad-posibilidad de su transformación revolucionaria.

Fuera de  este espacio, la pregunta misma carecería de sentido, en tanto el enunciado mismo “sujetos sociales revolucionarios” implica la formación  de un sujeto-agente colectivo que emprende su autoconstitución —y  presuntamente realiza actividades “revolucionarias”— a partir de las  condiciones objetivas que le ofrece el estado actual de las cosas, examinado por el pensamiento crítico a partir de su “crisis estructural” y  caracterizado reiteradamente como “agotado”, “decadente” o en “fase  terminal”.

El fundamento teórico que aducimos para afirmar esa articulación y, a fin de cuentas, esa correspondencia, se remonta a Marx,  quien en su tratamiento del concepto de crisis incluye obligadamente  la consideración del alcance y el carácter de la misma (originaria, estructural, general) y, concomitantemente, el examen de las posibilidades revolucionarias que genera, lo que inevitablemente abre espacios a  la pregunta por los sujetos-agentes de la revolución.

En términos generales, y desde la perspectiva teórica que nos ofrece el marxismo crítico, es posible hablar de “crisis estructural” única y  exclusivamente si tomamos en cuenta la totalidad del proceso de reproducción de un sujeto social de dimensiones históricas, en este caso  el modo de producción capitalista; es decir, cuando en el proceso de reproducción de ese sujeto social aparecen o se manifiestan “situaciones límite” que comprometen, ponen en cuestión o realmente imposibilitan su viabilidad misma, su subsistencia como figura histórica.

El concepto de crisis hace referencia (en el caso de Marx) a la totalidad del  proceso de reproducción de un sujeto social como proceso que tiene siempre una forma histórica determinada. En verdad, el concepto de crisis, para Marx, es el concepto de una determinada “situación límite” a la que ha  arribado un determinado proceso de reproducción del sujeto social; una  situación tal, que el mantenimiento de la vida de ese sujeto social —una vida históricamente fundada y determinada— se vuelve, de alguna manera,  imposible.

Cuando continuar el proceso de reproducción implica un cuestionamiento esencial de su forma, entonces estamos en una situación de crisis. (El concepto de crisis es, pues, un concepto que hace referencia a la  reproducción del sujeto social en su forma histórica determinada.)[1]

Es por ello que el concepto de crisis debe asociarse indisolublemente  con el concepto de revolución, porque, para Marx, cuando una forma  histórica de la reproducción social ya no puede garantizar la reproducción de sus condiciones de posibilidad y por lo tanto “entra en  crisis”, aparecen contemporáneamente fenómenos que ilustran la posibilidad de otra forma de socialidad, de una nueva forma del sujeto  social que constituye en acto una transformación social revolucionaria.[2]

Sin embargo, ante la resistencia que históricamente ha mostrado  el capitalismo para sortear sus crisis, y eventualmente sacar partido de  las mismas, el marxismo crítico ha establecido muy claros matices  entre la revolución, en abstracto, y su necesidad, su posibilidad y su

actualidad histórico-concretas, en cuya consideración y examen indefectiblemente ocupa un lugar central el problema de las “condiciones  subjetivas”, lo que no significa otra cosa que la existencia históricoconcreta, o no, de sujetos revolucionarios capaces de reconocer la necesidad de la revolución y participar activamente en la generación  de sus condiciones de posibilidad —para, finalmente, hacerla actual y, con ello, transformar el mundo.

Sin contar con mayor espacio para examinar a fondo las premisas  anteriores, es ahora posible señalar que en la nómina de autores a los  que debemos restringir nuestro universo de investigación debemos incluir, por lo pronto, a James Petras, Immanuel Wallerstein y Antonio  Negri (asociado recientemente a Michael Hardt) justamente porque,  en nuestra opinión, cumplen con el perfil determinado de antemano:  por una parte, ubican la pregunta sobre la formación de sujetos sociales revolucionarios en el espacio problemático que abre la presencia/ausencia de un “estado límite” en la dinámica actual del capitalismo; por otra, si bien a partir de nociones diversas, abordan teóricamente las peculiaridades que distinguen la necesidad, la posibilidad y la actualidad de la revolución; finalmente, porque todos ellos han sobrevivido teórica y filosóficamente a la embestida posmoderna, manteniéndose en el  ámbito del pensamiento crítico y, particularmente, en el marxismo.

II

James Petras, a quien abordaremos en primera instancia, está comprometido con un análisis estrictamente histórico-económico de

la actualidad que parte mayoritariamente de la ortodoxia marxista, se concentra en el examen de las tendencias básicas de la acumulación y concentración de capitales a nivel mundial (aunque particularmente las de los Estados Unidos) y de las condiciones generales de su reproducción ampliada, en donde caben análisis de carácter político, social y cultural que resultan imprescindibles para una comprensión cabal y suficiente de la realidad histórica concreta. Este modelo de interpretación, que bien podría llamarse histórico-económico, no se hace ilusiones respecto a las condiciones actuales de la crisis y del avance de  la lucha de clases a nivel mundial.

Sostiene que el régimen de producción/reproducción capitalista mantiene una cabal salud reproductiva  y que el colapso, de venir, no podría fecharse antes del fin del primer  tercio del siglo xxi, y no precisamente por las “debilidades estructurales” del sistema (que siempre se las arregla para sacar provecho de sus  crisis), sino por la acción de una nueva “clase revolucionaria” conducida por un ideario “socialista” y capaz de llevar contemporáneamente  su acción transformadora a los lugares de trabajo, al seno de las luchas  por el medio ambiente y a los centros de consumo.

Para este autor, los argumentos sobre el “derrumbe” de capitalismo son meramente “mitos” que se asocian a una muy deficiente teoría general del capitalismo y a una todavía más pobre metodología de análisis de la coyuntura. Para probar esas deficiencias, Petras destaca algunos argumentos  que supuestamente prueban la inminencia del colapso:

1) el déficit del presupuesto, anual y acumulado, de los estados hegemónicos; 2) el déficit de las balanzas de pagos; 3) la naturaleza especulativa de la economía; 4) la debilidad del dólar; 5) la crisis energética —la carestía de los recursos energéticos—, y 6) la “insustentabilidad” del modelo estadounidense.

Frente a todo ello, con análisis empíricos y estadísticas en la mano, Petras destruye uno a uno los argumentos de sus antagonistas, probando que la fortaleza del capitalismo, pese a tropiezos incidentales, reposa en su alta capacidad para trasladar a los trabajadores el peso de la crisis:

Lo que se llama la “crisis del capitalismo” es en realidad la crisis del trabajo, es decir, la reducción absoluta y relativa de los niveles de vida, evidente en la eliminación de a) planes de pensión con fondos de las empresas —e incremento en la aportación de los trabajadores a esos planes; b) eliminación o reducción de pagos a planes de salud y mayores deducciones a los salarios para gastos en salud, o bien pérdida total de la protección a la salud; c) crecimiento de los costos de energía, salud, educación y medicinas que no están calculados en el índice de precios al consumidor, y d) la ola creciente de concesiones de líderes sindicales escleróticos que ganan sueldos excesivos, los cuales degradan los niveles de vida e incrementan las ganancias de las corporaciones.[3]

A lo que habría que sumar la degradación del ambiente natural y el virtual abandono y destrucción de los espacios urbanos ocupados por las clases trabajadoras y los marginados. Para entender realmente qué está pasando, es importante concentrarse no en la tesis del derrumbe, sino en la intensificación y extensión de la explotación de los trabajadores, del medio ambiente y de los consumidores por el capital corporativo, la cual permite a la economía capitalista continuar creciendo y sobreponiéndose a cualquier tropiezo momentáneo.

Es por ello que en lugar de “crisis estructural” este autor se pronuncia por la edificación de un nuevo agente social que resista y sostenga sus luchas, como se  dijo, en los lugares de trabajo, en torno a los problemas del medio ambiente y en los mismos sitios de consumo.

Petras parte de la afirmación enfática de que la relación dialéctica entre los conflictos de clase y las transformaciones estructurales es  decisiva en el modo que adoptan las relaciones entre el capital y el trabajo, mientras señala que de ser cierto que las luchas de clase son el “motor de la historia”, es preciso conocer el tipo y la intensidad de los conflictos para determinar sus posibles desenlaces[4] —ya que, en la actualidad, en la fase de desmantelamiento final del “Estado de bienestar”, es el capitalismo el que ha establecido y puesto a su favor las condiciones de la ofensiva, lo que determina su actual e indisputado predominio—.

De modo que, cuando Petras afirma que la crisis no es la “crisis estructural del capitalismo” sino la “crisis del trabajo”, lo que en realidad quiere decir es, siempre en la perspectiva que le impone el marxismo, que la crisis actual representa una fase de la lucha de clases en la que a los trabajadores les ha tocado la peor parte; justamente porque la presente no es una crisis terminal, sino un largo y violento periodo de reajuste del dominio capitalista, y porque aquéllos han sido episódicamente vencidos por la violencia e intensificación de la represión y por efecto indirecto de las ideologías reformistas y parlamentaristas que se han adueñado de las organizaciones obreras y políticas contemporáneas.

Con base en dichos señalamientos y a través de una periodización y una caracterización muy precisas de la lucha de clases a lo largo del siglo, Petras afirma que entre 1976 y 2006 se ha vivido una “crisis del trabajo” porque a lo largo de esos años tuvo lugar un declive generalizado  de la lucha extraparlamentaria como resultado de la represión en contra de los grupos opositores, un reagrupamiento de los capitalistas y el inicio de una nueva ofensiva en contra de las organizaciones obreras.

Asimismo se concluyó la completa institucionalización de los partidos  reformistas y los sindicatos, mientras el modelo neoliberal sustituía al viejo Estado de bienestar en el horizonte deliberativo, teórico, ideológico y mediático, y el capital se reconfiguraba mundialmente bajo la pauta de las empresas multinacionales; al tiempo que los aparatos de Estado, dominados mayoritariamente por partidos conservadores, asumían la tarea de traspasar grandes cantidades de capital (vía “rescates financieros”, “saneamientos”, subsidios, reducción de impuestos, bonos de deuda, transferencias y otros instrumentos financieros legales o ilegales) hacia las cuentas particulares de las empresas y los capitalistas.

Como resultado, el modelo neo-liberal sustituyó por completo al viejo estado de bienestar, y el antiguo “pacto” entre el capital y el  trabajo (New Deal, pleno empleo, seguridad social, etcétera) devino en una nueva forma de parlamentarismo y compromisos electorales entre partidos que, al margen de sus nombres o filiación histórica (incluidos los de “izquierda”), aprobaron masivamente el programa de dominio capitalista, renunciaron a toda teoría y práctica de la lucha política de clases y aceptaron participar en la contienda electoral como única forma de “hacer política”.[5]

Petras otorga una importancia crucial al estado de la lucha de  clases porque afirma que la teoría del valor, siendo el instrumento adecuado para analizar y comprender los ciclos expansivos y recesivos del capital, no es del todo pertinente para examinar y caracterizar el tipo y el grado de la explotación del trabajo que tiene lugar en circunstancias y contextos específicos ni del grado de conciencia y organización efectivamente revolucionaria de los trabajadores y las clases subalternas, por lo que es necesario ampliar o enriquecer la teoría para determinar, en un momento y un contexto dados, tanto la “intensidad de la explotación” como la “intensidad de la resistencia” (agregaríamos nosotros), para determinar a su vez si el momento crítico es específicamente estructural o terminal, o si se trata de un enfrentamiento o un episodio más en la larga historia de las luchas entre el capital y el trabajo —ni más ni menos, porque Petras no encuentra razones para establecer una correlación unívoca y mecánica entre “crisis económica” y “lucha de clases”—; es decir, para él no existe una relación de consecuencia entre la intensificación de la lucha de clases y la entrada o salida de un ciclo económico expansivo-recesivo; por lo que la conclusión parece obvia: superar y abolir definitivamente el sistema de explotación y dominio capitalista no puede ser efecto mecánico de una crisis económica, así sea terminal, si no existe un desarrollo suficiente y apropiado de la “conciencia de clase” de las fuerzas antagónicas al capitalismo:

Una erupción de gran intensidad en la lucha de clases resulta de la acumulación de fuerzas, la formación de cuadros y la creación de líderes sociales ceñídamente articulados a las masas en los sectores críticos de la producción, la distribución y la vivienda.

Los periodos de lucha más intensa (1944-1946) y (1965-1975) fueron precedidos por más de una década de cuidadosa construcción de organizaciones, el reclutamiento de cuadros y su inserción en toda clase de luchas por reformas, infundiendo en todos los casos una conciencia revolucionaria.[6]

De esta forma, Petras se coloca en una clara línea de continuidad teórica y política con el marxismo histórico, de manera que su modelo de “sujeto social revolucionario” sigue siendo “la clase organizada” en estrecha articulación con la “organización de clase”, aun cuando en la actualidad dicha organización de clase ya no sea identificable con el partido, sino con una gran variedad de organizaciones identificadas por su conciencia de clase y por el carácter anticapitalista de sus luchas.

III

Por su parte, la intervención de Immanuel Wallerstein en el debate podría llamarse histórico-estructural, pues se fundamenta principalmente en la abigarrada articulación de la teoría de los ciclos económicos de Kondratiev, la teoría braudeliana de los tiempos históricos (largo, me[1]dio y corto) y los conceptos de economía-mundo, sistema-mundo y centro-periferia que operan al interior de una combinación de “ejes de análisis histórico-críticos”.

Estos ejes, que no nos es posible desglosar aquí, son:                                a) el sistema interestatal, es decir, las relaciones, pesos y contrapesos geopolíticos y geoestratégicos entre los estados nacionales, divididos para el efecto en estados centrales o hegemónicos y estados periféricos o subordinados;                                                               b) la producción mundial, que incluye el análisis crítico de las fases de crecimiento/decrecimiento de la economía mundial y sus componentes esenciales: oferta/demanda, sistemas de precios, flujos y composición de los capitales, etcétera;                                                      c) la fuerza de trabajo mundial, esto es, el tipo, el número y la distribución local y mundial de los trabajos productivos y de los trabajadores que los realizan, su formación cultural y su grado de conciencia y compromiso;

d) el bienestar humano mundial, que incluye variables sobre la calidad de vida, los sistemas de salud, las pensiones y las múltiples variantes de medición del desarrollo humano;                                             e) la cohesión social de los estados, que aborda el examen de la correlación entre las fuerzas políticas y sociales a escala nacional, la cohesión sociopolítica interna y el nivel de consenso y aprobación de los gobiernos; y, por último,                                                                   f) el análisis de las estructuras del conocimiento, es decir, el papel que juegan los conocimientos científicos, y su distribución social, en la reproducción o la trasformación de las sociedades.[7]

De acuerdo con el resultado que arroja el análisis realizado a partir de estos seis ejes histórico-críticos, el diagnóstico es contundente.

Después de un largo ciclo de crecimiento iniciado en 1945 (llamado Fase A, es decir, de crecimiento económico del ciclo de Kondratiev), desde 1973 (inicio de la Fase B), pero sobre todo desde la llamada “crisis de la deuda” (1982), el sistema-mundo capitalista ha entrado en su fase terminal.

“Pienso —escribe Wallerstein— que efectivamente hemos entrado en una etapa nueva. Pero lejos de ser el triunfo y el apogeo del sistema capitalista, creo que esta etapa es precisamente la etapa de su crisis terminal”.[8]

Si con una sola expresión le damos nombre al diagnóstico que sostiene esta postura podríamos decir que, para ésta, la crisis estructural del capitalismo se asocia al paulatino pero persistente agotamiento de sus formas tradicionales de acumulación, articulado al ostensible fracaso de las estrategias para remediarlo, llámense “monetarización”, “dolarización”, “petrolización” o “globalización”.

De modo que su capítulo revolucionario se construye a partir del reconocimiento de los espacios político-culturales que dicho agotamiento “deja libres” a la organización y acción transformadoras de un sujeto social revolucionario multimodal y multifásico.

Como ejemplo máximo de esa ocupación de espacios, esta corriente reconoce los movimientos estudiantiles, obreros y populares de 1968, los que no duda en llamar “la revolución mundial de 1968”.

Sin embargo, para Wallerstein, esta fase terminal no necesariamente conduce a la revolución, sino hacia una suerte de “normalización” y predominio de un capitalismo reformado y reforzado a través de una “transformación controlada” (como la transición del feudalismo al capitalismo); o bien, considerándola como la expectativa con más altas probabilidades, caminamos hacia la desintegración del orbe capitalista y el advenimiento de un largo periodo de descomposición o catástrofe social (como la decadencia del mundo antiguo).[9]

Formalmente sólo hay dos posibilidades. Una es que el sistema-mundo siga funcionando más o menos como lo ha venido haciendo durante cinco siglos, a lo largo de su vida, como economía-mundo capitalista […] el sistema-mundo podría ser distinto de muchas formas, pero en esencia seguiría siendo un sistema-mundo capitalista […] La segunda posibilidad es que los nuevos fenómenos que comenzaron a advertirse en los años setenta […] resulten tan importantes y vastos que ya no parezca razonable esperar que el sistema siga siendo más o menos igual, con apenas algunos reajustes: en este caso, más bien cabría prever la germinación de una crisis o bifurcación del sistema, que podría manifestarse como un periodo de caos del sistema, cuyo resultado sería incierto.[10]

Complementando los señalamientos anteriores, y como parte de la respuesta específica a la pregunta por los elementos propiamente práctico-subjetivos de la crisis, Wallerstein señala tres: la presión económica, la presión política y la presión ideológica que presumiblemente sufre el capitalismo contemporáneo, ya sea desde su interior mismo o desde sus difusas márgenes.[11]

La presión económica nos remite a dos contradicciones fundamentales del capitalismo como modo de producción: una es la contradicción que genera el impulso de cada capitalista por obtener la máxima tasa de ganancia al reducir los costos de producción (en particular el costo de la fuerza de trabajo) y la imposibilidad de obtener beneficios en una economía mundo con una demanda real deprimida e insuficiente.

La segunda contradicción es causada por “la anarquía de la producción” en un ámbito en donde priva la competencia abierta entre capitalistas, cuya consecuencia es que los intereses de cualquier empresario como competidor tienden a ser contrarios a sus intereses como miembro de una clase.

Ambas contradicciones generan como consecuencia el conocido ciclo de fases de acumulación-estancamiento que caracteriza al modo de producción capitalista y cuya solución siempre ha requerido una ampliación, cada vez más profunda y abarcante, de la mercantilización de la economía, lo que en la actualidad la acerca peligrosamente a una asíntota de cien por ciento, haciendo descender acelerada y desordenadamente los índices de utilidad y, por tanto, agudizando la competencia entre capitalistas.[12]

Esta competencia, aun cuando se verifica fundamentalmente en el plano de la economía, a su vez se expresa a través y forma parte de la presión política, en tanto obliga a los empresarios (divididos para el efecto en “super acumuladores”, directivos y “los que aspiran al estatus y las recompensas de los directivos”) a entablar una descarnada lucha por los beneficios y por el reparto de la plusvalía mundial, a lo que se agrega la presencia (y, según Wallerstein, creciente influencia y número) de los llamados “movimientos antisistémicos”, los que “en el siglo xx han registrado ascenso tras ascenso” poniendo en entredicho el sistema-mundo capitalista (aun cuando sus políticas hayan errado de continuo entre el radicalismo y el reformismo).[13]

Por último, Wallerstein se hace cargo de la presión ideológica, misma que no duda en concebir como “el cuestionamiento de los paradigmas metafísicos elementales que han sido consecuencia y baluarte del surgimiento del capitalismo como sistema-mundo”,[14] y cuya quiebra a lo largo del siglo xx, según este autor, constituyen una presión determinante en contra del sistema-mundo capitalista, por cuanto los viejos paradigmas metafísicos y universalistas proporcionaron a “la ciencia” (¿burguesa?) un método, una estructura y una organización institucional-disciplinaria que justificaba y favorecía en todos los órdenes la dominación del capital, pero que, bajo su forma contemporánea —en cuya descripción Wallerstein se entretiene glosando la teoría de las “estructuras disipadoras” de Ilya Prigogine—[15] adoptando una perspectiva holística y prestando mucha atención a los análisis de gran escala, a los ciclos y a las tendencias, actualmente socava los postulados de la metafísica y su universalismo abstracto, dejando el paso a nuevas consideraciones y enfoques científicos que, por su naturaleza (¿intrínsecamente revolucionaria?), ya se articulan con los movimientos antisistémicos.

Para Wallerstein es muy claro que no existen condiciones sociohistóricas “objetivas” que no sean al mismo tiempo “subjetivas” y viceversa, de modo que entidades como el pensamiento, el conocimiento, la conciencia y los afectos son elementos determinantes en un estado de cosas crítico y, correlativamente, de su transformación revolucionaria. Es por ello que el sujeto social revolucionario adquiere en su propuesta las determinaciones de un “movimiento” y no necesariamente las de un líder, una organización política o un partido.

Igualmente, porque los objetivos y medios de sus luchas son singulares y diversos, a los “movimientos” nos se les pueden exigir ni posiciones políticas definitivas ni identificaciones ideológicas unívocas, excepto su vocación antisistémica, es decir, anticapitalista, tanto como su capacidad para articular creativa y transformadoramente la presión económica, la presión política y la presión ideológica.

Tomando como paradigma el “movimiento revolucionario de 1968” Wallernstein considera como sus sucedáneos actuales más representativos el movimiento zapatista del ezln, el movimiento antiglobalización iniciado en Seattle en 1999 y el Foro Social Mundial.

IV

Nuestros últimos autores examinados, Hardt y Negri, desarrollan un modelo de interpretación de la crisis estructural del capitalismo, así como de la posibilidad de generar nuevos sujetos revolucionarios, que puede ser reconocido como histórico-cultural, dado que, sin desdeñar las aportaciones diagnósticas de la teoría económica o del análisis histórico-estructural, pone el acento en el aspecto revolucionario del binomio imposibilidad/posibilidad de reproducción del orbe capitalista, a través de una enérgica apuesta por la construcción de un nuevo sujeto social anticapitalista, solidario y democrático, preformado a partir de la radicalización de las luchas que ahora mismo emprenden las minorías étnicas, las mujeres, los homosexuales, los desplazados y otros representantes de la llamada “multitud”, tanto como los trabajadores/consumidores de los países capitalistas hegemónicos o los “pobres” del resto del mundo.

Para construir su propuesta, Hardt y Negri parten de un esquema que, afirman, está ya en Marx, y que proporciona las líneas de fuerza y los parámetros de su investigación: “Los elementos fundamentales del método de Marx que nos orientan en el desarrollo del nuestro son: 1) la tendencia histórica, 2) la abstracción real, 3) el antagonismo, y 4) la constitución de la subjetividad”.[16]

Sin embargo, el modelo histórico-cultural no se fundamenta en un espectro limitado de teorías más o menos emparentadas en lo epistémico y lo discursivo (como en este caso el marxismo), sino en una abigarrada mezcla de linajes, herencias y corrientes de pensamiento cuyo denominador común es su tono crítico,  su talante reivindicativo y su anticapitalismo.

A través de dos libros de gran talla, Imperio y Multitud. Guerra y democracia en la era del imperio, sumados a una serie de artículos e intervenciones menores,[17] Negri y Hardt han construido la idea de que nos acercamos, o estamos ya, en la “era del imperio”, esto es, en una nueva época de dimensiones históricas en donde los viejos estados-nación han ido cediendo su espacio y hegemonía a un “nuevo poder” representado por las empresas multinacionales y los organismos que regulan el sistema financiero y comercial a escala mundial: el Fondo Monetario Internacional (fmi), el Banco Mundial (bm), la Organización para el Desarrollo y el Comercio de los Estados (ocde) y, al final, pero no al último, la Organización de las Naciones Unidas (onu) como mero instrumento geopolítico de aquellos que verdaderamente detentan el poder.

Por supuesto, nuestros autores consideran que este desplazamiento hacia un nuevo orden “multipolar” responde a las necesidades de acumulación y reproducción ampliada del capital mundial, que a lo largo de los últimos 30 años ha emplazado y coordinado una violenta ofensiva en contra de los trabajadores y de las organizaciones revolucionarias que entre 1965 y 1975 pusieron en cuestión, y en riesgo, su dominio hegemónico.

De manera que podemos entender esta nueva reconfiguración geoestratégica del poder (biopoder, le llaman) como respuesta al avance de las luchas emancipatorias del último tercio del siglo pasado, pero, además, como la única forma actual para paliar y tendencialmente superar la inocultable “crisis estructural del capitalismo”.

Para Hardt y Negri, de acuerdo con el análisis de la “tendencia histórica”, es preciso no perder de vista el estado general de la acumulación a escala mundial, las fases de expansión y contracción del capital, la  relación oferta-demanda, la composición de los capitales productivos o especulativos, sus tipos y los diversos flujos de capitales a nivel internacional.[18]

Sin embargo, dado que existe un nuevo estado de cosas que efectivamente pone en entredicho todo el sistema categorial (la  “abstracción real”) adecuado a la crisis enmarcada todavía en la modernidad, es preciso considerar la nueva naturaleza de la crisis como algo que ya nada o casi nada tiene que ver con los viejos paradigmas aprehensivos y comprensivos. En la actualidad, la posmodernización y el paso al Imperio implican una auténtica convergencia de las esferas que solían designarse como la “base” y la “superestructura”.

El Imperio cobra forma cuando el lenguaje y la comunicación o, mejor dicho, cuando el trabajo inmaterial y la cooperación llegan a ser la fuerza productiva dominante. La superestructura se pone en marcha y el universo en el que vivimos es un universo de redes lingüísticas productivas.

Las líneas de producción y las líneas de representación se cruzan y se combinan en el mismo dominio lingüístico y productivo. En este contexto, la distinción que define las categorías centrales de la economía política tiende a desdibujarse. La producción se hace indistinguible de la reproducción; las fuerzas productivas se fusionan con las relaciones de producción; el capital constante tiende a constituirse dentro del capital variable y a ser representado por él, en los cerebros, los cuerpos y la cooperación de los sujetos productivos. Los sujetos sociales son simultáneamente productores y productos de esta máquina unitaria. De modo tal que, en esta nueva forma histórica, ya no es posible identificar un signo, un sujeto, un valor o una práctica que estén “afuera”.[19]

De ahí que, en el plano de las respuestas sobre la naturaleza y la posible salida de la crisis, el acento se ponga sobre “el antagonismo”, es decir, sobre cuestiones de orden político-social o “biopolítico”: el “fin” del sistema interestatal y su sustitución por un nuevo Imperio, la hegemonía indisputada de las transnacionales y, sobre todo, una nueva configuración del poder y el ejercicio del dominio.

Apoyados en la obra de Michel Foucault y de otros autores franceses como Deleuze y Guattari, pero con referencias a Spinoza, Nietzsche y Marx, Negri y Hardt afirman que el dominio imperial se ejerce bajo una nueva forma que sustituye a las formas de dominación propias del capitalismo y del Estado capitalista propiamente modernos.

Estos mecanismos, hasta mediados de los años setenta, se centralizaban en una estrategia fundada en “la disciplina”; el modelo general de esa forma de dominio era el panóptico y su estrategia fundamental se articulaba a procedimientos de carácter disciplinario: la familia, la escuela, la religión, el sindicato, el partido, la cárcel, etcétera.

En el Imperio, sin embargo, la estrategia se dirige hacia el establecimiento de un sistema de “control”, de modo que las instituciones posmodernas (desde el fmi hasta la policía local, pasando por las constituciones y leyes generales de los estados y del nuevo superestado internacional) han adquirido la forma y las funciones de un mecanismo que moldea y controla, básicamente, “la subjetividad”, constituyéndose —junto con un nuevo modelo de “gobierno mixto” que representa al mismo tiempo los intereses del capital globalizado y los intereses de dominio de las clases hegemónicas a nivel nacional—, como un nuevo paradigma de control del gobierno.

El segundo eje principal de la transformación constitucional [el primero es la formación de una “constitución híbrida” y un “gobierno mixto”] que demuestra tanto un desplazamiento de la teoría constitucional como una nueva cualidad de la constitución misma, se revela en el hecho de que, en la fase actual, el mando debe ejercerse cada vez en mayor medida sobre las dimensiones temporales de la sociedad y, por lo tanto, sobre la subjetividad […]

La instancia aristocrática [los nuevos amos] debe desplegar su mando jerárquico [monárquico] y sus funciones de ordenamiento sobre la articulación transnacional de la producción y la circulación, no sólo a través de los instrumentos monetarios tradicionales, sino también y aun en mayor medida a través de los instrumentos y la dinámica de la cooperación de los actores sociales mismos […]

Aquí es precisamente donde debemos reconocer el salto cualitativo más importante: del paradigma disciplinario al paradigma de control del gobierno.[20]

De ahí que toda salida posible de la crisis deba atravesar por un largo y sinuoso camino de reconstitución de lo político-social y emplazarse bajo la forma de un biopoder alternativo al biopoder dominante; ese nuevo biopoder es representado por la multitud.

El concepto de multitud es un factor central en la teoría de Hardt y Negri, y recoge en una sola expresión la naturaleza y el carácter actual de lo que para Petras siguen siendo las “clases dominadas” o para Wallerstein “los movimientos”, es decir, el nuevo tipo de “sujeto social” que corresponde a la “sociedad del control” y a la “era de la informatización” (que no son sino dos caras del mismo proceso histórico). En efecto, las formas contemporáneas de la organización y explotación del trabajo social imponen la generalización del trabajo cooperativo, la organización en red, la emergencia y hegemonía del “trabajo inmaterial” y la irrupción del “factor afectivo” dentro del los procesos productivo/reproductivos actuales de tal forma, y en grado tal, que las viejas clases (determinadas por su lugar y tipo de trabajo productivo y por su posición en la escala del ingreso económico) desaparecen o se funden en un nuevo conglomerado que, en su pura existencia, anula y supera sus diferencias y barreras ancestrales, para conformar un conglomerado diverso/unitario formado a partir de la articulación entre “lo singular” y “lo común”: la multitud.

Los cerebros y los cuerpos aún necesitan de los demás para producir valor, pero esos otros que necesitan no tienen que provenir forzosamente del capital y de sus capacidades para orquestar la producción.

Hoy la productividad, la riqueza y la creación de superávit social adquieren la forma de la interactividad cooperativa a través de redes lingüísticas, comunicacionales y afectivas. En la expresión de sus propias energías creativas, el trabajo inmaterial parece proveer así el potencial para un tipo de comunismo espontáneo y elemental.[21]

De esta manera, el juicio sobre el componente revolucionario de la crisis no puede ser sino optimista para nuestros autores, puesto que la existencia misma de la multitud es ya un acto anticapitalista y revolucionario:

Así como, en el espectáculo de su fuerza, el Imperio determina constantemente recomposiciones sistémicas, las nuevas figuras de la resistencia también se componen a través de las secuencias de los acontecimientos de la sublevación. Ésta es otra de las características fundamentales de la existencia actual de la multitud, dentro del Imperio y contra el Imperio. Las nuevas figuras de resistencia y las nuevas subjetividades se producen en las coyunturas de los acontecimientos, en el nomadismo universal, en la mezcla general y el mestizaje de los individuos y las poblaciones y en la metamorfosis tecnológica de la maquinaria biopolítica imperial. Estas nuevas figuras y subjetividades se producen porque, aunque las luchas sean en realidad antisistémicas, no se libran meramente contra el sistema imperial, no son únicamente fuerzas negativas. También expresan, nutren y desarrollan positivamente sus propios proyectos constitutivos; bregan en favor de la liberación del trabajo vivo y crean constelaciones de poderosas singularidades […] No se trata de un carácter positivo historicista, sino por el contrario, de la positividad de la res gestae de la multitud, una fuerza positiva antagónica y creadora. El poder desterritorializador de la multitud es la fuerza productiva que sostiene al Imperio y, al mismo tiempo, la fuerza que demanda y hace necesaria su destrucción.[22]

V

A partir de la apretada exposición de algunas ideas actuales sobre la formación de sujetos revolucionarios, sería ahora necesario emprender un examen y un juicio crítico para los que, desafortunadamente, no tenemos ni espacio ni tiempo. Sin embargo, a través de un simple ejercicio comparativo es posible sostener una idea que indudablemente ronda en torno de las tres posiciones abordadas y que, de tres formas distintas, es postulada por nuestros autores: la idea de que nos encontramos en una coyuntura histórico-concreta cuya emergencia y originalidad demandan lo que en su momento su propia coyuntura  demandó a Marx: un concienzudo trabajo de conceptualización que se dirija y efectúe justamente ahí en donde Petras reconoce el poderío de la “conciencia de clase”, en el que Wallerstein reconoce tres tipos de presión (económica, política e ideológica) anticapitalista y en donde Hardt y Negri encuentran las determinaciones esenciales de un contexto histórico, un antagonismo y una formación de subjetividades radicalmente antisistémicos.

Lo cual, desde nuestra perspectiva, y porque reconocemos en ello un problema de índole señaladamente compleja, merecería, mutatis mutandis, un esfuerzo paralelo al realizado por Marx a la hora de las Tesis sobre Feuerbach, como respuesta teórico-filosófica a la inminente emergencia de un nuevo ciclo revolucionario.


[1] Bolívar Echeverría, “La crisis estructural, según Marx”, en El discurso crítico de Marx,  México, era, 1986, p.137. 2 Karl Marx, “Prólogo a la Contribución a la crítica de la economía política”, en Marx-Engels, obras escogidas, Moscú, Progreso, 1966, pp. 346-351. El texto de Marx dice a la letra: “Al llegar a  una determinada fase de desarrollo, las fuerzas productivas materiales de la sociedad chocan con  las relaciones de producción existentes, o, lo que no es más que la expresión jurídica de esto, con las relaciones de propiedad dentro de las cuales se han desenvuelto hasta allí. De formas  de desarrollo de las fuerzas productivas, estas relaciones se convierten en trabas suyas, y se abre así una época de revolución social”.

[2]

[3] James Petras, “Crisis del capitalismo en EU”, en La Jornada, México, 31 de julio de 2006.

[4] James Petras, “Neoliberal transformation and class struggle”, en www.radilo.net/petras/petras/htm. En este trabajo, particularmente notable por el talante marxista crítico que lo anima, Petras examina el derrotero de la lucha de clases a lo largo del siglo xx a través de un modelo  que considera paradigmático, las luchas de la clase obrera italiana. Dicho examen parte de una premisa teórico-crítica imprescindible: The key premise for understanding the conversion from  “welfare capitalism” to neo-liberalism is the success of the capitalist class in the class struggles which  has led to the favorable structural changes, which in turn create favorable “objective conditions” for outcomes favorable to the capitalist class. The dialectical relationship between class struggle and  structural transformations is decisive in the relationship between capital and labor. Y continúa: If it is true that the class struggle is the “motor force of history”, class relationships shape the specific objective conditions within which that struggle takes place. The shift in the relationship between capital and labor is shaped by and determines the level of the class struggle and the probable outcome – the advance in power and profits of the capitalist class or the power and social benefits for  the working class.

[5] Ibid. 1976-2006: Decline of extra-parliamentary struggle, as a result of state repression supported by reformist parties; capitalists re-group and begin to prepare a new offensive against the

organized working class in factories; reformist parties and trade unions are generally “institutionalized” with a ‘“aptive minority” unable to counter emerging offensive; struggles are already defensive

and social gains of past are eroded. Most significant is the restructuring in major economic sectors.

Capital shifts to finance, relocates overseas, and converts to commerce (compradors) and services.

Neo-liberal model replaces “welfare capitalism”; the capital-labor pact is replaced by bourgeois dominated electoral pact with a neo-liberal program

[6] Ibid. Eruption of high intensity class struggle results from the accumulation of forces, the creation of political cadre, and socio-political leaders with close links to the masses – in critical sectors  of production, distribution and habitation. The periods of intense struggle (1944-46) and (1965-75) were preceded by over a decade of careful construction of organization, recruitment of cadre and insertion in ‘everyday struggles for reforms’, infused with revolutionary consciousness.

[7] Immanuel Wallerstein, Análisis de los sistemas-mundo, México, Siglo XXI, 2005.

[8] Immanuel Wallerstein, La crisis estructural del capitalismo, México, Contrahistorias, 2005, p. 75.9 Ibid, p. 102.

[9] bid, p. 102.

[10] Ibid. pp. 101-102. 11 Immanuel Wallerstein, Impensar las ciencias sociales, México, Siglo XXI, p. 28 y ss. 12 Ibid., p. 29.

[11] Immanuel Wallerstein, Impensar las ciencias sociales, México, Siglo XXI, p. 28 y ss.

[12] Ibid., p. 29.

[13] Ibid., p. 31.

[14] Ibid., p. 35.

[15] Ibid., pp. 36 y ss. Ver, igualmente, Ilya Prigogine, La nueva alianza. Metamorfosis de la ciencia, Madrid, Alianza Universidad, 1983.

[16] Michael Hardt y Antonio Negri, Multitud. Guerra y democracia en la era del imperio, Barcelona, Debate, 2004, p. 173

[17] M. Hardt y A. Negri, Imperio, Barcelona, Paidós, 2002; Antonio Negri, Crisis de la política, Buernos Aires, Al cielo por asalto, 2003; Antonio Negri, et al., Diálogo sobre la globalización, la  multitud y la experiencia argentina, Buenos Aires, Paidós, 2003; y el ya citado Multitud. Guerra y democracia en la era del imperio.

[18] M. Hardt y A. Negri, Imperio, pp. 212 y ss

[19] Ibid., p. 349.

[20] Ibid., p. 293.

[21] Ibid., p. 273

[22] Ibid., p. 71.

¿Cuáles son los productos qué más se exportan en el mundo y qué países son los más exportadores?  Paulina Aguilar Vela. Marzo 2022

Es normal preguntarse cuáles son los países más exportadores del mundo o qué producto es el más exportado, especialmente al hablar del comercio internacional. Cada nación se caracteriza por producir materia prima y recursos que otros ansían y añoran, por lo que hay varias naciones que se han convertido en auténticas potencias gracias a la exportación. ¿Quieres saber cuáles son?

Es una realidad, el COVID-19 ha transformado muchos aspectos en el mundo y por supuesto que el comercio no está exento de estos cambios. Y es que entre 2020 y 2021 se han observado incrementos y decrementos en los porcentajes de ventas de exportación en países como China, Estados Unidos, Alemania, y por supuesto México, entre otros.

Aún así, hay productos y actividades que continúan encabezando las listas de qué es lo que se exporta más en el mundo. Podemos adelantarte que el panorama y las proyecciones para los exportadores va a ser muy positiva.

En este post, analizaremos diversos listados: los países más exportadores del mundo, los productos más exportados y por supuesto un bonus track especializado en México, con relación a cuáles son sus exportaciones más importantes en la actualidad. ¡Acompáñanos!

¿Cuáles son los países más exportadores del mundo?

Comenzamos este post de listados de exportaciones con los países que más exportan en el mundo. Habrán algunos que te sorprenderán y probablemente te sorprenda en qué lugar aparece México en la lista.

¿Quieres saber cuáles son los países más exportadores del mundo? Actualmente, la lista es la siguiente:

1. China

En esta lista de los países que más exportan no podía faltar el gigante asiático. Un país cuya participación de las exportaciones en Producto Interno Bruto (PIB) ronda el 31%, es en la actualidad el que más exportaciones realiza hacia todo el mundo. Entonces la pregunta es: ¿qué exporta China hacia todo el planeta? Principalmente, materia prima y mercancía como las siguientes:

    Maquinaria eléctrica, Textiles, Ropa, Equipos ópticos, Juguetes, Armas, Hierro y acero, Equipos médicos

Ahora bien, ¿quieres saber cuáles han sido los destinos principales de sus exportaciones? Principalmente, han ido hacia los siguientes países:   EE.UU. (17,1%)  Hong Kong (14,1%) Japón (7,8%) Corea del Sur (4,4%) y Alemania (4%).

En 2020 China vendió USD 2.2 trillones de dólares, con un incremento del 3.7%, en comparación con 2019.

2. Alemania

En segundo lugar del listado de los países que más exportan en el mundo, aparece Alemania. En 2021, aumentó la cantidad de productos exportados un 14,12% con relación a 2020, al tiempo que la exportación abarca un 38,65% de su PIB. También podrás apreciar que esta actividad se incrementó para 2021 y este año hubo un superávit en su balanza comercial, dado que las importaciones (si bien aumentaron) fueron menores que las exportaciones.

Sus principales productos y materia prima de exportación son:

    Vehículos (y maquinaria en general), Metales, Manufacturas, Productos químicos, Textiles y Alimentos.

Entre los países a los que más envía sus exportaciones son:

 EE.UU. (8,61%)  China (7,97%) Francia (6,92%)

3. Estados Unidos (EE.UU.)

Estados Unidos es uno de los países referencia en cuanto a materia de importaciones y exportaciones, por lo que tampoco puede faltar en el listado de los países que más exportan en el mundo. Su porcentaje de participación de las exportaciones en el PIB ronda el 6,85% (lo que lo sitúa en uno de los lugares más bajos del ranking de países) y los principales productos que exporta hacia otras naciones son los siguientes:

Maíz, Soja, Químicos orgánicos,  Computadoras y equipos de telecomunicaciones, Automóviles (y sus respectivas piezas), Medicinas, Transistores y Frutas.

A diferencia de Alemania, EE.UU. si experimentó déficit en su Balanza comercial, pues las importaciones superaron a las exportaciones. Además, se redujo la cifra de exportaciones, con respecto a 2019. Ahora bien, los países que reciben los productos estadounidenses, los cuales son los siguientes:

Canadá (19%) México (13,3%) China (7%) Japón (4,5%)

¿Sus cifras en 2020? Estados Unidos exportó USD 1.2 trillones de dólares.

4. Países Bajos

Otro país europeo entre los primeros lugares de las naciones que más exportan en el mundo. Para 2021, las exportaciones que realizó aumentaron hasta un 19,95%, con respecto a 2020.

¿Un dato particular? Las exportaciones ocupan el 82,4% de su PIB, siendo una tasa muy alta, comparada con el resto de los países que se encuentran en el top. Entre los principales productos que vende esta nación están:

Maquinaria y equipos, Combustibles, Alimentos y Productos químicos

Ahora bien, ¿hacia qué países exporta Países Bajos, principalmente? Los países a los cuales les envía mayor cantidad de productos son los siguientes:

EE.UU. (4,51%)  China (2,66%)  Suiza (1,49%)

Países Bajos puede presumir de tener una Balanza comercial con superávit, pues sus importaciones (pese a haber aumentado) fueron menores que sus exportaciones.

5. Japón

Cerrando el top 5 de esta lista de países que más exportan, tenemos a Japón. Una nación en la cual sus exportaciones bajaron un 10,9% en 2020 (con relación a 2019), al tiempo que las ventas al exterior abarcan un 12,71% de su PIB, lo cual es relativamente bajo (especialmente si lo comparamos con Países Bajos).

Algunos de los principales productos que se encarga de exportar Japón son:

Vehículos (y autopartes), Maquinaria, Textiles, Químicos, semiconductores, Plásticos, Productos de hierro y acero

Cabe destacar que, para 2020, hubo superávit en su Balanza comercial, donde no solo se redujeron el número de importaciones de las empresas, sino que también estas fueron menores que las exportaciones realizadas.

6. Italia

También tenemos a Italia dentro de la lista de países que más exportan, cuyas exportaciones en 2021 tuvieron un crecimiento de 18,21% con respecto al año anterior. Además, las ventas de mercancía enviada al exterior abarcan un 28,98% del PIB de esta nación.

En cuanto a su balanza comercial, hubo superávit, pese al incremento de las importaciones. Los productos que más envían hacia el exterior son los siguientes:

Ropa y textiles, Productos de ingeniería, Vehículos, equipos de transporte y maquinaria en general, Alimentos, bebidas y tabaco, Minerales, Metales no ferrosos, Productos químicos

Finalmente, los lugares que más se benefician por las exportaciones de Italia son los siguientes:

EE.UU. (9,72%) Suiza (5,78%)  China (2,95%)

7. Francia

Al igual que muchos países de esta lista de países que más exportan, Francia vio como el nivel de sus exportaciones disminuyeron durante la crisis sanitaria producida por el COVID-19. Sin embargo, para 2021 existió un aumento del 15,84% en cuanto a los productos que vendían a otros países.

Si hablamos de cuánto representan las exportaciones al PIB, verás que cuenta con un porcentaje bajo, de 19,93%. Sin embargo, para 2021 hubo déficit en la Balanza comercial pues no solo se produjo un aumento en las importaciones, también fueron superiores a las exportaciones.

Los principales productos que exporta Francia son los siguientes:

    Maquinaria, Aviones, Plásticos, Hierro y acero, Bebidas,  Electrónica, Productos químicos y farmacéuticos

A su vez, los países hacia donde exporta más son los siguientes:

Alemania (14,61%)  Italia (7,65%)  EE.UU. (7,65%)

8. Hong Kong

En este puesto está Hong Kong, el país con la mayor tasa en cuanto al nivel de exportaciones con respecto al PIB de todo el mundo: ¡hasta un 158,31%! Para 2020, las ventas a otras naciones aumentaron un 0,56% con relación a 2019 y experimentaron un déficit en su Balanza comercial, pese a que cayeron las importaciones

Entre los principales productos que exporta Hong Kong están:

 Oro (en bruto, en formas semimanufacturadas o en polvo) Aparatos de radiodifusión,  Circuitos electrónicos integrados,  Teléfonos

9. Bélgica

Al igual que muchos de los que conforman la lista de países que más exportan, en 2021 las exportaciones de Bélgica aumentaron con relación a 2020 (para ser más exacto, un 24,87%). Y, al igual que Hong Kong, también posee una tasa alta en cuanto al ranking de exportaciones con relación al PIB: hasta de un 91,06%, lo que sitúa a la nación europea en el cuarto puesto de esta lista en particular

En cuanto a su Balanza comercial para 2021 Bélgica contó con superávit, pese al aumento en sus importaciones. Principalmente, Bélgica exporta los siguientes productos:

Automóviles,  Medicamentos, Aceites de petróleo o minerales bituminosos

En cuanto a los destinos de las exportaciones, tenemos que son los siguientes países:

 EE.UU. (7,03%)  China (2,31%) Turquía (1,36%)

10. Corea del sur

Al igual que muchos de los países que más exportan, las ventas en Corea del Sur hacia el extranjero descendieron en 2020, con relación a 2019, hasta un 7,36%. Además, las ventas al extranjero abarcan un 31,23% del PIB.

Los principales productos exportados de esta nación son:

Equipos de telecomunicaciones, Automóviles, Semiconductores, Acero, Barcos, Computadoras y Productos petroquímicos

Ahora bien, ¿hacia dónde se dirigen estas exportaciones? Tenemos que sus principales destinos son:

 China (27,9%) EE.UU. (10,2%) Japón (5,8%)

Este ha sido el top diez de los países que más exportaciones realizan en el mundo. Si te preguntas dónde está México, pues debes saber que está… ¡Justo en el puesto número 11!

Pero ya hablaremos de México y sus exportaciones.

Ahora te preguntarás, ¿qué determina la posición en la lista anterior? Y la respuesta es sencilla: Son los países que generaron la mayor cantidad de dólares (USD) en ventas de exportación. O sea, los principales países exportadores del mundo.

Podemos empezar a profundizar en el tema mencionando que a nivel global las ventas de exportación totales fueron de más de 17 trillones de dólares en 2020, basado en el cálculo que realizó el International Trade Centre en Julio de 2021.

¿Cuáles son los productos que más se exportan en el mundo?

Sorprendentemente, a pesar de los cambios que mencionamos anteriormente producidos por la pandemia, según el International Trade Centre y World Top’s Exports, el comercio de exportación mejoró en un 8.5% desde 2016 y los productos que más se exportan hoy en día hacen sentido con lo que estamos viviendo, donde encontramos desde componentes electrónicos y teléfonos inteligentes hasta automóviles y sangre. Sí, así como lo lees.

La lista de los 20 productos más exportados a nivel mundial en 2021, en orden de mayor valor es:

Circuitos integrados, Automóviles, Petróleo crudo, Teléfonos móviles e inteligentes, Petróleo procesado, Oro, Medicamentos, Computadoras, Autopartes y accesorios, Sangre, Gas licuado de petróleo, Minerales de hierro, Equipo electrónico médico, Partes y accesorios para computadoras, Cable aislado, Semiconductores solares, Turbojets, Camiones de carga,  Convertidores eléctricos/Unidades de poder, Fusibles/Switches de bajo voltaje

Ya sabes cuáles son los productos más exportados a nivel global; pero si profundizamos en qué es lo que más se exporta por país, podemos llevarnos algunas sorpresas.

¿Cuáles son los productos que se exportan más por continente?

Ahora que sabes la lista de países que más exportan en el mundo, es importante que sepas cómo funcionan este tipo de ventas hacia el extranjero por cada una de las regiones del mundo.

Veamos cómo es el funcionamiento de las exportaciones por continentes:

Productos más exportados en Europa

De acuerdo a la lista anterior y según una investigación realizada por El Financiero, con información de Visual Capitalist, Foreign Trade, la Organización Mundial de Comercio (WTO), entre otros, los automóviles, que son el segundo lugar de la lista de productos mencionada anteriormente, son exportados en su mayoría por Alemania y secundada por España y Polonia.

Y aquí un dato curioso, pues aunque el tercer producto más exportado del mundo es el petróleo crudo y su mayor exportador es Rusia, el país más extenso del mundo no forma parte del Top 10 de mayores exportadores del mundo.

Si seguimos hablando de Europa, países como Italia, Irlanda, Austria y Dinamarca exportan medicamentos como producto principal; mientras que lo más exportado por Francia son partes y piezas de aeronáutica, y Suiza exporta principalmente oro y sangre. ¿Te lo imaginabas?

Productos más exportados en América

Ahora, si nos enfocamos a Sudamérica, notaremos un panorama diferente en cuanto a industrias, pues la mayoría de los países exporta sus recursos naturales.

En Ecuador y Venezuela exportan petróleo crudo, pero, como te imaginarás, no todos los países cuentan con grandes cantidades de “oro negro”: Brasil y Argentina son grandes exportadores de soja; Uruguay de pulpa de celulosa tratada, Colombia y Perú exportan cobre, mientras que Guyana y Surinam son exportadores de oro.

Podríamos mencionar que Norteamérica (hablando de Estados Unidos y Canadá específicamente) es productor y exportador petrolero, ya que el producto más exportado por EE.UU. es el petróleo refinado; mientras que el más exportado del “país de la hoja de maple” es el petróleo crudo.

Productos más exportados en África

Si volvemos a “brincar el charco” y llegamos a África podemos notar que también en este continente los países se dedican a exportar sus recursos naturales. De la lista resalta Túnez, pues a diferencia de los demás países, en su mayoría exporta cableado aislado.

Gran parte de los países de África Occidental como Mali, Burkina Faso, Ghana, entre otros, exportan oro, acero y hasta diamantes; mismo caso que con los países del sur como Sudáfrica, Zambia, Botswana y la República Democrática del Congo.

Por su parte, los países del cuerno de África como Etiopía, Somalia, Kenia y Uganda exportan recursos agrícolas como café, té, cabras y ovejas.

Productos más exportados en Asia y Oceanía

Algo muy importante es que el producto más exportado en el mundo, según la lista descrita anteriormente, los circuitos integrados, son exportados en su mayoría por China, quien además es un gran exportador de computadoras y teléfonos inteligentes.

En Asia, descartando a los países de Medio Oriente e India donde son grandes exportadores de petróleo, podemos encontrar que Tailandia, Filipinas, Malasia, Singapur y Vietnam exportan tecnología como circuitos integrados, computadoras, televisores y antenas.

Como seguro te imaginas, Corea del Sur exporta grandes cantidades de aparatos electrónicos y tecnología. Y por último, Japón que contra todas las apuestas, sus productos más exportados son los automóviles.

Nuestro recorrido por el mundo termina en Oceanía, donde también son exportadores de recursos naturales. Por ejemplo, Australia se destaca como exportador de mineral de hierro; Nueva Zelanda exporta leche concentrada y pescado congelado, en su mayoría; el agua es el producto más exportado por Fiji, y la madera es el producto más exportado en las Islas Salomón.

Asia es uno de los grandes exportadores de tecnología

Principales países exportadores del mundo [2020-2021]

Entrando en detalle del Top 10 de países más exportadores del mundo:

    China vendió $2.6 trillones de dólares, con un incremento del 3.7% en comparación con 2019.

    Estados Unidos exportó $1.4 trillones de dólares; Alemania con $1.3 trillones de dólares.

    Japón no alcanzó la cifra del trillón de dólares, con $641 mil millones de dólares (también conocidos como billones).

    Holanda con $551.6 billones de dólares.

    Hong Kong que exportó $551.5 billones de dólares (casi lo mismo que Holanda).

    Corea del Sur con $513 billones de dólares.

    Italia con ventas de exportación por $496 billones.

    Francia que facturó $475 billones de dólares.

    Bélgica con $419 billones de dólares.

También, en el cálculo realizado por el International Trade Center, encontramos que hay varios países dignos de merecimiento, pues han logrado un incremento importante de ventas de exportación en un periodo de 4 años (2016 a 2020). Podemos destacar a:

    Vietnam con un crecimiento de 97%.

    Taiwán con 24.2%.

    China con 22.3%.

    Rusia con 18.1%.

    Holanda con 17.8%.

    Singapur con 13.4%.

    México con 11.8%.

    España con 10% de crecimiento en ventas de exportación.

Sorprendentemente varias de las máximas potencias mundiales tuvieron un decrecimiento en el periodo de 4 años antes mencionado, donde podemos destacar a:

    Francia con -3.1% entre 2016 y 2020.

    Reino Unido y Estados Unidos con -1.4%.

    Japón con -0.7%.

    Canadá con -0.1%.

México y sus exportaciones

En cuanto a México, que ya sabemos que está en el puesto número 11 de los países que más exportan en el mundo, debemos destacar qué es lo que lo ha llevado a estar en esa lista.

Nuestro país cuenta con una red de 12 tratados de libre comercio con 46 países por lo que no debe sorprendernos que aparezca en la lista anterior.

Ahora que sabemos que es uno de los países que más exporta en el mundo, debemos hablar acerca de sus exportaciones y de qué lo ha llevado a estar ahí.

Lo que más exporta México es:

Automóviles y camiones de carga, Pantallas planas y otros aparatos electrónicos, Comestibles como cerveza, aguacate, jitomate y café, Smartphones, Plata

En cuanto a qué países exportan más, Estados Unidos es el país que recibe más exportaciones de México con más del 77%; después Canadá con el 3% y Alemania, China y Brasil con alrededor del 1% cada uno.

¿Qué te parecen las listas anteriores, te sorprende la transformación desde la pandemia o son justo lo que suponías?

Podemos rescatar varios puntos importantes como:

  El comercio de exportación creció un 8.5% desde 2016 hasta 2021.

    Los circuitos integrados tomaron el primer lugar como el producto más exportado, superando a la industria automotriz.

China y Estados Unidos encabezan la lista de los más exportadores a nivel mundial.

 México ocupa el lugar 12 como potencia exportadora.

    Los productos que más exporta México son automóviles y camiones de carga, pero también recursos naturales como el aguacate.

    El país al que más le exporta México es a Estados Unidos, con un 77% de exportaciones totales.

Como podrás notar, sigue siendo un gran momento para dar el siguiente paso y explorar opciones para llevar tus productos a más lugares sin riesgos.

Marx, la democracia y el nuevo bonapartismo. Klaus Dörre. 2020.

En el año del bicentenario del nacimiento de Marx nos encontramos  en  un  momento  histórico  extraordinario.  Mientras  que  las  desigualdades entre determinadas clases sociales aumentan globalmente, los sindicatos y las organizaciones políticas que nacieron  de  movimientos  obreros  están  hoy  más  débiles  que  nunca, al  menos  en  los  centros  capitalistas.  Grandes  segmentos  de  las   clases trabajadoras en los antiguos centros capitalistas no están adecuadamente representados en lo político ni en lo económico.

Las  corrientes  políticas  de  derecha  y  la  corriente  radical  populista  están  aprovechando  esta  carencia  de  representación  para ganar el apoyo de trabajadores en varios países. En Alemania, los intelectuales de la extrema derecha ya están alardeando de haber  ocupado el territorio “estrella” de la izquierda, es decir, la cuestión  social.  Todo  esto  pone  en  evidencia  un  proceso  que  apunta al surgimiento de lo que yo llamo “democracia bonapartista”.

Con ello quiero decir que ciertos sectores de las clases dominadas,  junto  con  los  trabajadores  de  la  industria  y  de  la  producción  –predominantemente  masculinos–,  delegan  la  representación  de  sus  intereses  a  partidos  radicales  de  derecha  y  a  otros   movimientos que usan la estructura democrática parlamentaria  para socavar la democracia y reemplazarla gradualmente por un  gobierno autoritario.

Siguiendo las ideas de Marx, a este proceso lo describo como una tendencia hacia una variante de la democracia bonapartista, lo cual es una novedad histórica. ¿Cómo  puede explicarse esta tendencia multifacética hacia la supresión  de instituciones y de derechos democráticos, justamente a partir  de procedimientos democráticos?

A continuación, presento los lineamientos de mi tentativa de respuesta. Desde mi punto de vista, la democracia pasó de ser un “Otro”  compatible con la expansión del mercado y con la acumulación de  capital, a convertirse en el objeto del  Landnahme (acaparamiento, apropiación) capitalista financiero, motivo por el cual dejó de ser el modelo de gobierno preferido para que el capitalismo expansivo pueda desarrollarse (Jessop, 2018).

Consecuentemente, la democracia solo puede conservarse a  través de la expansión de su esencia, de sus procedimientos y de  sus instituciones para abarcar a aquellas áreas y sectores que anteriormente no tenían la posibilidad de tomar decisiones democráticas.

La expansión de la democracia, a la larga, supone una ruptura  con  el  capitalismo.  Pretendo  corroborar  esta  opinión  mediante   varias  consideraciones  preliminares  en  relación  con:  la  teoría  de  la democracia (1); el análisis de la tensa relación entre capitalismo  y democracia (2); el delineamiento de algunas tendencias hacia la  des-democratización  y  la  democracia  bonapartista  (3);  y,  por  último,  a  partir  de  discutir  los  cuestionamientos  acerca  del  futuro  de  la democracia transformadora (4).

Para cumplir con ello me refiero a Marx y al marxismo, pero de una manera específica. Para mí no  existe  el  “marxismo”  cómo  tal.  Más  bien  existe  una  pluralidad  de   ideas que se refieren a la teoría marxiana de diferentes maneras.

Esta pluralidad es inherente al carácter incompleto de la obra de  Marx. No existe un Karl Marx homogéneo, consistentemente lógico.

De hecho, es precisamente su cambio de pensamiento lo que hoy  nos resulta tan interesante. Ignorar esto equivaldría a perseguir un  “marxismo perezoso” (Stuart Hall). Para superar esa pereza se necesita,  en  mi  opinión,  un  “marxismo  sociológico”  (Burawoy,  2015). 

Sus  seguidores  suelen  identificarse  como  “marxianos”,  no  como   “marxistas”,  y  discuten  por  una  interminable  reinterpretación  de  textos clásicos, teniendo en cuenta conocimientos socio-científicos  contemporáneos.

En pos de diferenciarse de otros partidos marxistas, algunos de ellos hoy prefieren el término “marxismo democrático” para indicar que están abiertos a temas tales como el feminismo, el antirracismo y los movimientos ecológicos, como así también a las preocupaciones de grupos indígenas o las ideas de un utopismo emancipatorio (Williams, 2013).

El énfasis puesto en lo democrático es sin duda intencionalmente provocador. Implica, después  de todo, que importantes marxismos del siglo XX tomaron posiciones  antidemocráticas[1].

Mi  punto  de  vista  teórico  concuerda  en  su  gran mayoría con la visión de la teoría de Marx que se encuentra en  el  marxismo  democrático.  Me  refiero  principalmente  a  Alemania,   Europa y a los antiguos centros capitalistas. Sin embargo, sospecho  que algunos aspectos que describo pueden ser también de interés  para Latinoamérica y el Sur global.

1. ¿Qué es la democracia?

La democracia es un término que puede ser dotado de contenidos teóricos y políticos de gran diversidad. La palabra misma es una combinación de los términos griegos dēmos (pueblo) y kratein (gobernar).

Por consiguiente, democracia significa el gobierno del pueblo (el gobierno de varios o de la mayoría) (Schultze, 2010). Si bien es posible rastrear la historia intelectual de la noción  hasta  la  antigüedad,  las  democracias  de  masas  modernas  son muy diferentes de aquellos antiguos gobiernos en los cuales tanto los campesinos como la estructura del pueblo garantizaban la unidad del estado.

En su forma actual, la democracia habilita la participación política de la población en el proceso político, lo cual implica una societalización antagónica (Vergesellschaftung) de lo político. Esta societalización antagónica, sin embargo, está arraigada  en  la  privatización  de  la  vida  económica  y  de  la  reproducción  social. 

En  los  primeros  países  industrializados,  la  societalización  de  lo  político  tiene  lugar  dentro  de  un  marco  de  instituciones democráticas que constituyen la médula de los estados  democráticos  constitucionales;  estas  incluyen:  soberanía  popular; igualdad política de individuos y asociaciones independientemente de credo, de raza o de género; sufragio universal y participación exhaustiva de los ciudadanos, así también como la  protección ante cualquier acción arbitraria por parte del estado.

Al mismo tiempo, todo esto nos dice muy poco acerca de las manifestaciones  actuales  de  las  formas  democráticas  de  gobierno. 

Después de todo, existe un enorme rango de posibilidades entre un gobierno en el nombre del pueblo y el autogobierno del pueblo.

Tanto en términos de historia intelectual como institucional, las  democracias se apoyan por lo menos en dos líneas de tradición: por un lado, el liberalismo con su énfasis puesto en la libertad y el pluralismo y, por el otro lado, el igualitarismo republicano que  prioriza la equidad y la soberanía popular (Mouffe, 2005).

Ambas líneas  de  tradición  aportan  acentos  muy  diferentes  a  la  agenda  de revoluciones burguesas y se resumen, respectivamente, en el slogan Liberté, Égalité, Fraternité.

La cuestión de la igualdad, en especial, causa divisiones. Es imposible aquí y ahora siquiera comenzar a presentar la genealogía de la democracia liberal y social; por este motivo, una mirada superficial a los acontecimientos de posguerra deberá ser suficiente.

A pesar de que algunas tendencias  regeneradoras  evitaban  básicamente  cualquier  reconstrucción económica democrática de largo alcance, la igualdad tuvo su  lugar  dentro  de  los  capitalismos  regulados  por  el  estado  benefactor en Europa continental durante la era de posguerra, en el sentido de que se institucionalizaron (aunque asimétricamente) los  intereses  de  clase  de  los  trabajadores  asalariados  en  los  regímenes  de  estados  benefactores  (Abendroth,  1967). 

Por  consiguiente,  la  democracia  era  más  que  pluralismo  liberal:  implicaba derechos de los ciudadanos, relaciones laborales organizadasestándares colectivos de negociación y oportunidades de participación y codeterminación.

Tanto en sectores de Europa continental como en los centros capitalistas fuera de Europa, esto derivó en una significativa variación de estados en los que se dotaba a los trabajadores asalariados de propiedad colectiva para que se asegurasen  el  sustento  en  forma  privada  internalizando  así  los  costos sociales (Castel, 1992; Marshall, 1950).

Aparentemente, democracia y capitalismo se habían reconciliado, dado que la sociedad civil permitía la construcción de un consenso entre capital y trabajo o entre economía y sociedad en términos más generales.

La expresión “capitalismo democrático” (Streeck, 2014), surge de esa circunstancia.

En los comienzos de la implosión de los estados burocráticos socialistas  y  con  la  crisis  de  los  estados  benefactores  capitalistas  aún  en  marcha,  el  discurso  democrático  vira  hacia  la  tradición  liberal. Esto se debe exclusivamente y, sin lugar a dudas, al predominio  de  paradigmas  radicales  de  libre  mercado,  tal  como  se  menciona  en  numerosos  estudios  (Crouch,  2004;  Harvey,  2005). 

En contra de los antecedentes de agitación social en Europa del este,  durante  los  cuales  las  demandas  de  los  movimientos  opositores  por  la  democratización  coincidieron  con  la  introducción  de formas de economía capitalista y, simultáneamente motivados por la experiencia de nuevos movimientos sociales y sus múltiples formas de protesta, el valor intrínseco y la variabilidad de las instituciones y de los procedimientos democráticos se convirtieron en el punto central de los debates sobre la teoría democrática  (Rödel, Frankenberg, Dubiel, 1989).

Cualquiera que se rehusara a  encasillarse en una postura liberal, dirigía su mirada hacia diferentes modelos de democracia deliberativa orientada a procesos.

El  valor  intrínseco  de  los  procedimientos  democráticospasado  por alto en la teoría de Marx y luego criminalmente ignorado por regímenes  (pos-)  stalinistas  y  nominalmente  socialistas,  representa  un  legado  que  la  democracia  del  siglo  veintiuno  no  debe  olvidar.

Teniendo esto en mente, existe alguna razón para creer que  las  teorías  sobre  la  democracia  deliberativa  han  confundido  la  hierba  con  la  maleza  (Dux,  2013).  Porque  si  seguimos  la  lógica  de  una  noción  procesal  de  la  democracia  principalmente  orientada al intercambio, entonces, la que se negocia actualmente mediante procedimientos democráticos queda sin poder definirse.

El pueblo soberano, constitutivo, decide por mayoría de votos cómo será llenado ese vacío político. Como argumenta Jürgen Habermas  (1998):  “la  brecha  normativa  dejada  por  un  concepto  positivista  de  leyes  promulgadas  democráticamente  ya  no  puede salvarse con los intereses de la clase privilegiada”; en cambio, “las condiciones de legitimidad para la ley democrática deben ser buscadas en la racionalidad del mismo proceso legislativo”.

Lo que Habermas describe como privilegio no es más que la definición  constitucional  de  los  intereses  colectivos  de  las  clases  que  dependen  de  un  salario.  Para  Habermas,  en  este  contexto,  los  intereses  de  las  clases  privilegiadas  representan  los  intereses colectivos de los trabajadores asalariados, como lo estipula el “Principio del Estado Social”.

Wolfgang Abendroth, científico político marxista, se expresó al respecto durante su discusión con Ernst  Forsthoff,  teórico  conservador  constitucional,  en  relación  con  la  Ley  Alemana  (occidental)  Fundamental  (Forsthoff,  1968.) 

Habermas, sin embargo, considera que la idea de Abendroth en cuanto a que la democracia se apoya en una societalización antagonista  es  una  suposición  residual  de  la  filosofía  marxista  de  la historia y sugiere que “nuestra confianza en suposiciones fundamentadas  en  la  filosofía  marxista  de  la  historia,  así  como  en  otras  filosofías  de  la  historia,  prácticamente  ha  desaparecido”  (Habermas, 1998, p. 237)[2].

Esta renuncia a supuestos privilegios de intereses de clase, que son como mínimo subdominantes, tiene graves implicaciones teóricas. La cuestión democrática efectivamente se escinde de la cuestión social y la igualdad se devalúa tácitamente. Aunque la igualdad pueda pasar al primer plano en los procedimientos deliberativos de una democracia, bajo ningún punto de vista se da necesariamente así. El soberano decide.

Por consiguiente, en el modelo deliberativo, la democracia queda reducida a sus propios procedimientos y a su legitimación, así como a su fuente de poder, tomada como razón comunicativa ya implícita en el proceso de entendimiento (mutuo).

Un problema fundamental para comprender el modelo deliberativo de la democracia yace en el hecho de que perpetúa en términos metateóricos ciertas premisas básicas de la forma de gobierno democrático que, desde un punto de vista histórico y, sin lugar a duda, no son intrínsecas.

Por ejemplo, las reflexiones de Habermas  se  basan  en  la  premisa  tácita  de  que  el  crecimiento  económico[3] puede ser sustentable, mientras que el estado benefactor asegura la distribución del valor social agregado y la “pacificación  del  conflicto  de  clase”  (1987,  p.  334). 

Esta  premisa  no  cuestiona  ni  la  generación  de  crecimiento  económico  como  tal  ni  el  equilibrio  relativo  de  fuerzas  entre  las  principales  clases  sociales que sustentan la estabilidad institucional de los estados benefactores  y  de  la  democracia.  Si  hay  crecimiento  económico  todos se ven beneficiados. En cierto modo, el concepto habermasiano no difiere realmente de la principal teoría democrática liberal en su estrecha interconexión entre crecimiento económico, redistribución del bienestar y estabilidad democrática.

“La libre economía crea más prosperidad que ninguna otra forma de actividad económica. Y la prosperidad parece ser casi garantía de democracia” (Vorländer, 2010).

2. Tensiones entre capitalismo y democracia

¿Pero, qué pasa cuando el cerrado entramado de crecimiento económico y democracia se desarma? Esta pregunta es significativa,

sobre todo, porque los centros capitalistas han alcanzado un punto de inflexión histórico. “Las economías nacionales de los antiguos núcleos industriales han dejado la era del crecimiento rápido definitivamente en el pasado; en cambio, se transformaron en capitalismos de pos-crecimiento, con tasas de crecimiento relativamente bajas” (Galbraith, 2014, p. 9).

Los períodos de prosperidad, que se  hicieron  más  evidentes  durante  la  década  que  siguió  al  2008-2009,  adoptan  formas  dispares,  regional  y  nacionalmente,  y  van  acompañados de una creciente desigualdad en la distribución de la riqueza producida. Cualquier aumento en el producto bruto interno (PBI) en una economía basada en combustible fósil equivale a una aceleración en el consumo de energía y de recursos, así como  de  emisiones  que  perjudican  al  ecosistema. 

La  legitimidad  de este tipo de crecimiento, basado en un excesivo consumo de recursos, en la producción industrial y en el consumo masivo, se erosiona rápidamente; sin embargo, se lo aceptó durante mucho tiempo como un indicador confiable del aumento de la riqueza y, aún hoy, ciertas élites políticas lo consideran la condición previa de la estabilidad social y de la democracia.

Lo que la máquina de crecimiento capitalista trató de ocultar durante décadas está saliendo a la luz una vez más: el capitalismo expansivo y las democracias limitadas, territorialmente atados a las fronteras del estado benefactor nacional, se encuentran atrapados en una relación cargada de profunda tensión.

2.1. Sociedad antagonista y democracia política

Marx, cuya concepción de la democracia suele reducirse a la fórmula  ambigua  e  incorrectamente  utilizada  de  la  revolucionaria  “dictadura  del  proletariado”,  anticipó  esta  relación  cargada  de  tensión.  La  explicaba  como  una  incompletitud  sistemática  predestinada de la democracia en sociedades capitalistas burguesas, en sociedades burguesas capitalistas. Según su punto de vista, la democracia,  como  “el  acertijo  resuelto  de  todas  las  constituciones” (Marx, 1975, p. 29) presenta una doble estructura.

Hablando lógicamente, la forma de gobierno democrática es perfectamente  adecuada  para  la  societalización  de  las  clases  subalternas  al  mismo  tiempo  que  asegura  el  dominio  burgués. 

La democracia brinda  flexibilidad  para  realizar  acciones  creativas  empresariales. De este modo, adapta la compulsión impulsada por la competencia hacia la constante revolución de los medios de producción y simultáneamente fomenta la auto-mistificación de la explotación  capitalista  (Marx,  1976,  p.  680). 

Dicho  esto,  la  democracia  también  contiene  un  elemento  que  va  más  allá  de  este  mundo  mistificado, ya que confía en la inclusión de las masas en el proceso  político.  No  solo  es  una  forma  de  gobierno  societalizadora  sino  que  también  provee  un  marco  constitutivo  que  puede  ser  aprovechado para lograr una emancipación de las clases subalternas y para superar al mismo capitalismo[4].

*Históricamente,  no  fueron  las  clases  burguesas  las  que  lucharon exitosamente por el parlamentarismo y la democracia. La dinámica de los movimientos democráticos alarmó a la burguesía y  para  las  revoluciones  europeas  de  1848  había  “dejado  de  ser   una  fuerza  revolucionaria”  (Hobsbawn,  1995,  p.  33).  Dicho  esto,  aquellos que defendían el sistema social existente “tuvieron que aprender las políticas del pueblo” (p. 33). El mismo Marx demostró en su brillante texto El 18 brumario de Luis Bonaparte como la forma de estado democrática puede ser usada para eliminar a la democracia.

Explicó el crecimiento de la monarquía francesa en términos de un equilibrio de fuerzas.

Una vez que obtuvieron la  posibilidad  de  voto,  la  mayoría  de  los  campesinos  franceses,  que  eran  pequeños  propietarios,  delegaron  sus  intereses  al  representante del partido del orden, ante la incapacidad de formar conscientemente una clase coherente debido a la falta de organización y de medios de comunicación.

Además de beneficios sociales, Napoleón III prometió principalmente el restablecimiento del orden social.

Luis Bonaparte, que llegó al poder por medios legales, comenzó a desmantelar la forma de gobierno democrática inmediatamente después, en favor de una nueva monarquía.

Posteriormente,  en  efecto,  usaría  a  la  Comuna  de  París  para  convencer a las facciones de las clases dominantes de los principales  países europeos para que aceptaran los parlamentos y el sufragio  universal como males necesarios (Marx, 1852, p. 15).

En Alemania fue  necesaria  la  Revolución  de  Noviembre  de  1918  para  derrocar  a la monarquía e implementar libertades básicas como el sufragio universal.

La democratización ocurrió al mismo tiempo que la introducción de derechos fundamentales como la jornada laboral de ocho horas, y fue impulsada por movimientos de trabajadores organizados que, a pesar de sus diferencias, provenían de una misma  autoconcepción  socialista. 

En  los  albores  de  la  República  de  Weimar, la adopción de  elecciones universales, igualitarias, libres y secretas por parte de las élites capitalistas representó su último intento desesperado de detener la transformación hacia una república de consejos obreros y la dictadura del proletariado (Rosenberg, 1939).

Sin embargo, las instituciones democráticas permanecieron inestables y, a la larga, cayeron presa del gobierno nazi; durante este gobierno las clases altas se subordinaron a su propio “Bonaparte” (aunque a uno fascista) (Thallheimer, 1979, pp. 109-112).

Tal  como  había  sucedido  en  Italia,  el  fascismo  alemán  puso  fin  en forma violenta a un interregno que impedía la revitalización de  la  economía  y  la  sociedad,  al  menos  desde  el  punto  de  vista  de las facciones de las clases dominantes. El gobierno autoritario no pudo impedir una revolución del proletariado, como había creído August Thalheimer, hereje comunista. El fascismo representó una respuesta al éxito moderado de la reforma socialista.

En ese momento, solo era posible gobernar dentro de un marco democrático  “bajo  la  constante  presión  de  la  clase  trabajadora”   (Bauer, 1976, vol. 4, p. 147). Algunas facciones importantes dentro de las clases dominantes se negaban a aceptarlo. En cuanto surgió la oportunidad y con el apoyo de un segmento sustancial de las clases altas, se liquidaron violentamente las instituciones de una incipiente democracia “social”.

Sin embargo, el New Deal en Estados Unidos y la democracia industrial en Suecia demostraron que había otras salidas democráticas a la crisis.

La  democracia  puede  ser  resumida  como  el  producto  histórico  y el medio de una societalización antagonista de la política que (contradiciendo  a  Jürgen  Habermas  en  esto)  permanece  activa  aún  hoy. 

Esta  es  la  razón  por  la  cual  no  se  puede  garantizar  la  existencia de instituciones y procedimientos democráticos dentro de sociedades capitalistas. La democracia es particularmente valiosa para las élites capitalistas siempre y cuando busquen societalizar  fuerzas  antagonistas. 

En  términos  de  una  teoría  de  la democracia, esto significa que democracia y capitalismo no se desarrollan al unísono.

Dependiendo del balance de las fuerzas sociales, las luchas sociales y los conflictos políticos, logran una síntesis  más  o  menos  estable,  causada  en  particular  por  coincidencia. Esta síntesis es siempre reversible si surge la necesidad.

2.2. El interior y el exterior de la democracia

Aún en casos de una societalización exitosa de antagonistas potenciales, permanece un adentro y un afuera de la democracia.

La forma de gobierno democrática no es compatible en el mismo  grado con cada región y sector del mundo con sociedades capitalistas.

Este hecho se refleja en las teorías de Landnahme que se originan en la presunción de que el capitalismo como tal no puede reproducirse a sí mismo desde adentro, sino que debe depender de la constante ocupación de un Otro no capitalista.

En términos históricos, mi versión preferida del concepto de Landnahme  (Dörre, 2015, pp. 11-66), aborda un acontecimiento que se arraigó durante el último tercio del siglo diecinueve, durante la llamada “era del imperio”. Desde entonces, la velocidad y el crecimiento de  la  economía  mundial  han  sido  dictaminados  por  los  estados  capitalistas centrales, que dominan al gran resto de los denominados países “atrasados”.

El supuesto “privilegio” (a saber, el de haber nacido en un país rico) que resulta de ello, determinó cada vez  más  la  desigualdad  global  por  décadas,  y  aún  sigue  siendo  una de las principales causas del flujo migratorio en todo el mundo (Milanovik, 2011, p. 124).

Rosa  Luxemburg  fue  una  de  las  primeras  teóricas  marxistas  en  analizar  sistemáticamente  esta  sincronicidad  de  desarrollos  asincrónicos. A pesar de las numerosas equivocaciones y de las conclusiones erróneas que contiene su teoría de la acumulación y la realización de la plusvalía externa (Dörre, 2018, pp. 80-95) su trabajo principal establece una teoría de sociedad que contradice el concepto lineal de progreso y, en contraste con lo anterior, reconoce una pluralidad de formas de explotación y dominación.

Para Luxemburg, la dinámica de la acumulación y el crecimiento capitalistas  presenta  una  estructura  binaria.  Funciona  como  un  permanente metabolismo entre capitalismo interno y mercados externos  no  mercantilizados  (o  no  totalmente  mercantilizados  aún) (Luxemburg, 2003, pp. 397-ss.).

Solo los mercados internos, que se apoyan en el intercambio de equivalentes, permiten interconectar  capitalismo  y  democracia.  Dicho  esto,  nunca  dejan  de  depender de los mercados externos que a su vez se caracterizan por la coerción extraeconómica, asi como por formas de disciplinamiento y de intercambio desigual. Aún en términos formales, los  mercados  externos  no  logran  establecer  relaciones  libres  e  igualitarias entre individuos mientras que la democracia representa un tipo de gobierno insuficiente para su desarrollo.

La legislación  de  los  mercados  internos,  que  consolida  compromisos  entre  trabajo  y  capital  u  otros  participantes  del  mercado,  se  ve  como  un  “fetiche  legal”  (Goncalves,  2017)  desde  la  perspectiva  de quienes participan en los mercados externos (como los habitantes de las colonias, sectores marcados por la dominación extraeconómica, basada en el racismo o en la diferencia de género) detrás de los cuales yace un claro mecanismo de violencia estructural o incluso de represión manifiesta.

En  el  contexto  de  esta  estructura  binaria  de  la  dinámica  capitalista,  la  tensa  relación  entre  capitalismo  y  democracia  puede  ser  redefinida  según  dos  aspectos

En  primer  lugar,  un  punto  ciego  se  hace  evidente  en  todas  esas  concepciones  que  discuten  sobre  las  bases  de  la  teoría  hegemónica,  siguiendo  la  línea  de Antonio Gramsci, Hugo Sinzheimer, Hermann Heller y Ernst Fraenkel,  o  que  interpretan  el  estado  benefactor  como  una  expresión multifacética de un compromiso de clases legalmente codificado.

Dichas teorías suponen principalmente un capitalismo racional  compatible  en  gran  medida  con  la  forma  de  gobierno  democrática. En lo societalizado, estado democrático, dominación y hegemonía se basan en un consenso básico entre gobernantes y  clases  dominadas,[5] el  cual  emerge  de  los  conflictos  sociales  y  simbólico-culturales  dentro  de  la  sociedad  civil

Todo  consenso  está  reforzado  por  una  dosis  de  coerción  y  sus  portadores  son  bloques históricos compuestos por clases cruzadas cuyos proyectos  transforman  los  intereses  de  clase  en  la  esfera  política,  que  se vuelven así mayormente invisibles (Buci- Glucksmann, 1981, p. 76).

En este contexto, la coerción no requiere de ninguna manera de violencia encubierta o manifiesta. Mientras que el orden de propiedad capitalista no sea desafiado, la silenciosa compulsión económica de vender la propia fuerza de trabajo no requiere de más legitimación.

Esta es la razón por la que los “bienes extra-económicos”  (como  derechos  civiles  sociales,  derecho  a  la  libertad o privilegios reglamentados para un trato igualitario) pueden ser  distribuidos  de  una  forma  relativamente  igualitaria  ya  que  la esencia del capitalismo se mantiene imperturbable (Meiksins Wood, 1995, p. 264 y ss.).

En el estado integral de capitalismo racional, la ley se convierte en un mecanismo de regulación que también tiene en cuenta los intereses de las clases dominadas. El carácter de compromiso de la ley (universal) permite interpretaciones en términos de una democracia tanto social como transformadora, tal como lo demostró  Wolfgang  Abendroth  en  relación  con  la  Ley  Fundamental  alemana.

Por consiguiente, algunas normas legales esenciales están generalmente abiertas a estrategias de transformación anticapitalistas  y  socialistas  (Deppe,  2007,  pp.  123  y  ss.).  La  democracia  entendida  en  este  sentido  no  necesita  un  fundamento  histórico-filosófico porque se vale de la referencia a la génesis histórica y a la contingencia social de los derechos democráticos.

El problema con los conceptos subyacentes es de otra naturaleza.  No  tienen  en  cuenta  el  hecho  de  que  la  dinámica  capitalista no sigue exclusivamente principios racionales todo el tiempo.

Aún en su forma de estado benefactor, la societalización capitalista aprovecha y (re)produce regiones, grupos sociales, modos de producción y vida marcados tanto por la coerción extraeconómica como por violencia encubierta o evidente.

La noción original de democracia basada en la societalización antagónica tiene poco para ofrecer a estos grupos discriminados y políticamente devaluados  en  las  (semi)periferias  de  los  capitalismos  nacionalistas,  tanto por dentro como por fuera de ellos, porque esencialmente omite la realidad de los mercados externos.

Sin embargo, el capitalismo nunca existe exclusivamente en una forma pura y racional dado que solo puede seguir desarrollándose a expensas de otros modos de producción y de vida. Por consiguiente, los conflictos sociales a menudo giran alrededor de la pregunta de “si” y “cuáles” grupos, regiones y territorios disfrutan del rango completo  de  los  derechos  democráticos  aún  en  estados  capitalistas  regulados por un estado benefactor.

En  segundo  lugar,  reducir  la  societalización  antagonista  exclusivamente a la dicotomía entre capital y movimiento de trabajadores  organizados  tiene  poco  sentido.  Los  Landnahmen capitalistas  siguen una compulsión sistemáticamente inherente de expandirse,  aumentando  constantemente  el  número  de  individuos  (incluyendo a aquellos de entre los capitalistas) sujetos a los imperativos del mercado (Meiksins Wood, 2017, pp. 11, 34).

El contraste entre la mercantilización, concebida como un proceso infinito, y la finitud de un Otro no determinado por la economía de mercado (que, de modo similar al estado benefactor, asegura en primer lugar la funcionalidad del mercado) estructura la societalización antagónica de lo político y por consiguiente, de la democracia misma.

Esta tensa relación inherente al proceso de societalización contiene el antagonismo entre trabajo asalariado y capital. También tiene un exhaustivo  efecto  amortiguador  entre  la  indómita  expansión  de  los imperativos del mercado capitalista por un lado y la socialidad constituida  democráticamente  por  el  otro.  Esta  relación  conlleva  (además de luchas de clase, por supuesto) conflictos relacionados con la justicia de género o relaciones cargadas de etnonacionalismo así como conflictos socioecológicos.

Todas estas líneas de conflicto se mueven más o menos de manera independiente y tienden a  desarrollarse  dentro  de  sus  propios  esquemas,  aunque  a  veces  se crucen. Las tensiones entre las fuerzas de expansión del mercado y las contrafuerzas son procesadas por bloques históricos y alianzas  de  clases  que,  tal  como  Karl  Polanyi  demostró,  se  pueden  manifestar  de  manera  autoritaria  e  incluso  fascista

Desde  esta  perspectiva,  cualquier  dinámica  capitalista  procede  a  partir  de  un  doble  movimiento.  La  liberalización  de  los  mercados  crea  en consecuencia bienes económicos ficticios como trabajo, tierra y dinero, tratados como si fuesen simplemente una mercancía más.

Entonces surgen contramovimientos antiliberales que son políticamente  diversos.  Su  única  característica  en  común  es  la  discrepancia con el principio liberal de laissez faire (Polanyi, 2001).

3. Por qué el Landnahme de lo social está socavando la democracia

La  historia  no  se  repite.  Dicho  esto,  no  se  pueden  negar  ciertos   paralelos  con  lo  propuesto  por  Polanyi.  El  período  de  apertura   radical  del  mercado  transfronterizo,  que  recibió  un  nuevo  impulso  a  partir  de  la  implosión  del  socialismo  burocrático  estatal, fue seguido desde la gran crisis de 2007–2009 por un período  en  el  cual  las  formaciones  antiliberales,  antiglobalización  y   mayormente  populistas  de  derecha  están  impulsando  la  agenda política.

Como era de esperar, la interpretación de este punto  de inflexión es muy controvertida tanto científica como políticamente. En mi opinión, no estamos presenciando ni una “internacionalización  fallida”  (Flassbeck,  Steinhardt,  2018),  ni  una  “globalización  impugnada”  (Crouch,  2018,  p.  76).  Un  mero   modicum de  políticas  socialdemócratas  y  verdes  de  “desaceleración”  probablemente resultarán insuficientes para garantizar la continuación de la societalización transnacional. Desde mi punto de vista,  el proceso de globalización, que consta de diversos niveles, se ha  vuelto “repulsivo”. Ha tenido un efecto negativo resultante de la creciente desigualdad, las bajas tasas de crecimiento en los primeros países industrializados, los riesgos financieros continuos,  la destrucción ecológica y la creciente migración forzada. Esto ha  traído consecuencias no deseadas para los centros causales y ha tenido un impacto creciente en sus estructuras.

Esto sucede porque la globalización de libre mercado representa  una  combinación  de   Landnahmen  internos  y  externos.  Hasta  el   cambio de milenio, la globalización expansiva (financiera) impulsada por el mercado fue un proyecto de crecimiento económico y la organización política que abordan el eje del conflicto del capital y el trabajo nunca, en toda la historia de la posguerra, habían  sido tan débiles como lo son ahora.

Por  lo  tanto,  la  polarización  social  no  encuentra  una  representación  adecuada  en  el  sistema  político  existente.  Aunque  se  están  produciendo  una  gran  cantidad  de  conflictos  y  huelgas  en  Alemania (de hecho, existe virtualmente una “nueva formación de conflictos” (Dörre 2016, pp. 348-365), no hay un espacio público de resonancia  que  permita  el  procesamiento  productivo  del  cúmulo  de  materia  prima  causante  del  problema  en  términos  de  política  de  clase.  Esto  no  es  solo  un  problema  para  la  izquierda,  que  está amenazada por la decadencia institucional. Las sociedades de  clases desmovilizadas corren constantemente el riesgo de destruir  esos  mecanismos  autoestabilizadores  (sistemas  de  crédito,  innovación, redes de reproducción de trabajo reguladas por el estado benefactor)  que  podrían  mitigar  los  costos  de  seguimiento  de  la   expansión desenfrenada del mercado.

La destrucción continua de  la  socialidad  engendra  esas  variantes  de  democracias  desdemocratizadas, mencionadas anteriormente.

Es posible distinguir cuatro mecanismos de desdemocratización sistémica.

Uno de los efectos negativos más severos de la globalización es  un  aumento  masivo  en  la  desigualdad  de  riqueza  e  ingresos.  El  rápido crecimiento que conduce a la expansión de las clases medias  en  las  economías  emergentes,  tanto  grandes  como  pequeñas,  se  produce  parcialmente  a  expensas  de  las  clases  dominadas en las antiguas metrópolis. Los principales beneficiarios de  la globalización, entonces, son las élites ricas que aún se originan  y  residen  principalmente  en  el  Norte  Global

Alrededor  del  44   por ciento del aumento total de los ingresos entre 1988 y 2008 se destinó al cinco por ciento más rico, y casi un quinto al uno por  ciento más rico de la población mundial. La creciente clase media  en las economías emergentes del Sur recibió solo del dos al cuatro por ciento del crecimiento de los ingresos totales (Milanovic,  2011 y 2016).

Aquellos situados del lado de los perdedores (principalmente  la  fuerza  laboral  industrial,  pero  también  el  nuevo  proletariado  del  sector  servicios  en  los  viejos  centros)  carecen cada vez más de lo que el ex economista del Banco Mundial Branko Milanovic describe como la “prima de ciudadanía” de la  distribución de la riqueza. El “privilegio” de haber nacido en un  país rico ya no sirve como protección contra la movilidad social  descendente.  Mientras  las  disparidades  entre  el  Norte  y  el  Sur   están disminuyendo, la posición de clase dentro de las sociedades nacionales se está volviendo cada vez más relevante para las  oportunidades de vida en todo el mundo.

La  desigualdad  ha  crecido  a  tal  punto  que  se  ha  convertido  en   un  impedimento  para  el  crecimiento  mismo  (Fratzcher,  2016),   alimentando  un  círculo  vicioso.  El  bajo  crecimiento  económico,   combinado  con  la  ausencia  de  medidas  redistributivas,  acelera   aún más la concentración de la riqueza (Piketty, 2014, pp. 41-52).

En la parte superior de la jerarquía social, encontramos un grupo  en  expansión,  un  pequeño  grupo  de  súper-ricos,  que  viven   en un mundo estructurado por reglas especiales. Grandes activos  privados constantemente tientan a las élites financieras a “enriquecerse  usando  su  músculo  político  para  aumentar  su  participación  en  el  pastel  preexistente,  en  lugar  de  agregar  valor  a  la   economía y, por lo tanto, aumentar el tamaño del pastel en general” (Freeland, 2012, p. 189).

Debido a que esta aristocracia adinerada desea proteger sus privilegios, impide cualquier regulación efectiva del sector financiero. La inversión de capital monetario  excedente  en  el  sector  financiero  y  la  disposición  a  participar  en  transacciones  financieras  de  alto  riesgo  contribuyen  a  preservar un sistema financiero internacional cuyas constantes interrupciones operativas podrían desencadenar una nueva crisis en  cualquier  momento  (Hudson,  2015). 

Hasta  ahora,  cada  crisis  financiera  ha  acelerado  la  redistribución  de  abajo  hacia  arriba

Este  es  un  factor  que  contribuye  a  la  aparición  de  clases  marginales  en  la  parte  inferior  de  la  jerarquía  social.  Estas  clases   comprenden  alrededor  del  10  al  15  por  ciento  de  la  población,  que  abandona  el  empleo  protegido  y  los  sistemas  colectivos  de   seguridad social casi por completo. En la cima y la base de la pirámide de ingresos y riqueza han surgido grandes grupos sociales  cuyos  modos  de  vida  y  situación  social  están  esencialmente desconectados  del  crecimiento  económico  en  conjunto.  Si  bien  uno de ellos puede manipular el sistema político para su propio beneficio, la gran mayoría del otro grupo elige la abstención política. Renuncian a su derecho a votar y reaccionan ante su falta de poder mediante la autoexclusión del sistema político.

De manera inversa, y aun así unidas por el mismo mecanismo causal capitalista financiero, ambas facciones de clase constituyen, a su manera, un aspecto exterior particular de la democracia.

Sin  embargo,  también  se  produce  una  desdemocratización  con   respecto a las clases dominadas y las fracciones de clase que todavía están integradas en la sociedad a través del trabajo asalariado semiprotegido. Sobre estos asalariados se puede afirmar lo  siguiente:  cuanto  más  pierden  contacto  con  una  sociedad  próspera a pesar de sus esfuerzos individuales, más tienden a concebir las desigualdades distributivas que perciben como conflictos entre el interior y el exterior.

El conflicto de clases se reinterpreta como un conflicto entre nativos productivos e inmigrantes supuestamente no integrables culturalmente que no están dispuestos a trabajar. Los que sienten que han estado esperando en fila, al pie del “Monte de la Justicia” (trabajando, pagando impuestos, etc.) pierden rápidamente la paciencia al percibir que a “los refugiados”, “los inútiles”, “aquellos improductivos y poco dispuestos a realizar”, de repente se les da “todo”. Muchos trabajadores expresan el sentimiento de que las personas que nunca han contribuido a la riqueza nacional están colándose en la fila por delante de aquellos que realmente tienen ese derecho. La autoelevación a través de la degradación de los demás es solo una posible reacción subjetiva que parece natural a los trabajadores con ideas de derecha. No hace falta decir que los populistas de derecha están aprovechando este mecanismo[6].

Las  movilizaciones  exitosas  de  las  formaciones  populistas  de   derecha  se  pueden  entender  con  la  ayuda  de  la  teoría  del  bonapartismo  de  Marx.  Desde  una  perspectiva  contemporánea,   las  teorías  del  bonapartismo  son  interesantes  principalmente  por  razones  metodológicas

Ilustran  que  los  intereses  de  clase  contradictorios  solo  se  manifiestan  como  políticos  cuando  encuentran representación adecuada y se traducen en proyectos hegemónicos

El  carácter  de  clase  de  tales  proyectos  permanece  en  gran  medida  oculto.  La  hegemonía,  es  decir,  la  capacidad  de  liderar  implica  en  las  democracias  parlamentarias  de  hoy  la   creación de un consenso entre aquellos en el poder y los subalternos. Este consenso, tal como mencioné, siempre se ve reforzado por la coerción.

En sociedades capitalistas diferenciadas con  una  democracia  parlamentaria,  la  hegemonía  cultural  surge  de   los  conflictos  sociales  y  simbólico-culturales  en  la  sociedad  civil. La competencia entre bloques sociales ciertamente se lleva a cabo sobre la base de intereses de clase específicos. Sin embargo, las preguntas sobre si estos intereses están representados políticamente y cómo lo están, permanecen sin una respuesta definitiva históricamente. El conocimiento espontáneo del subalterno no tiene “un significado estable o vínculos políticos” (Didier Eribon).

Tales lazos deben ser restablecidos constantemente.

Este es un punto crucial. El populismo de derecha de hoy no es una reacción a las amenazas sistémicas del capitalismo, ni tampoco  es  una  reacción  al  exitoso  reformismo  socialista.  Es  una  respuesta  a  la  asimilación  de  los  partidos  de  centroizquierda  en los centros capitalistas. Basándose en autores como Anthony Giddens, los partidos socialistas y socialdemócratas concibieron la  globalización  como  un  viaje  en  un  juggernaut. 

Avanzar  a  su  paso parecía ser lo único que quedaba por hacer. Pero ahora el tren de la globalización se ha descarrilado y no está claro cómo  podría volver a recuperar su rumbo.

En esta situación, los populistas de derecha están aprovechando  las dificultades que tienen los asalariados para organizarse como una clase movilizada. Por supuesto, hoy hay luchas laborales. De hecho, Alemania está experimentando un número récord de conflictos laborales. Las huelgas en el sector de los servicios son crecientemente lideradas por mujeres y, como en el caso de Amazon, a veces adquieren una dimensión internacional. Sin embargo, todas estas luchas no han logrado un cambio duradero en el equilibrio social de las fuerzas o no han tenido un impacto real en el sistema político.

Parece que carecen de un espacio de resonancia, dado que los partidos de centroizquierda han abdicado voluntariamente del campo de la política de clase progresista. A esto se suma  la  tremenda  dificultad  para  organizar  a  las  clases  marginales y a los asalariados precariamente empleados en sindicatos y  partidos  políticos. 

Los  resultados  son  claros:  los  populistas  de  derecha  pueden  organizar  con  éxito  incluso  a  los  trabajadores   sindicalizados en un bloque social con la intención de poner a los trabajadores de una nación contra los de otra. En este sentido, los Trumps,  Bolsonaros,  Salvinis,  Orbans,  etc.  son  los  bonapartistas  de nuestro tiempo.

4. ¿Hay futuro para la democracia (transformadora)?

¿Tiene  alguna  posibilidad  la  democracia  de  prevalecer  en  este  contexto de Landnahmencapitalista sin restricciones que no perdona  ni  siquiera  las  relaciones  sociales  y  las  esferas  públicas? 

En términos analíticos, ciertamente hay razones para dudar. Mi propia respuesta, tal vez optimista, a esta pregunta sería cautelosamente afirmativa. Para comenzar, podemos establecer que la desdemocratización  continua  ha  erosionado  la  legitimación  de   las  políticas  radicales  de  libre  mercado

El  neoliberalismo  y  la  restricción  supuestamente  práctica  denominada  globalización  han  caído  en  descrédito.  En  aquellos  lugares  donde  continúan  determinando decisiones políticas, no cuentan con la aprobación incuestionable de la sociedad civil y por lo tanto intentan crear lealtad  principalmente  a  través  del  miedo  (Anderson,  2017,  pp.  117  y  ss.) 

Un  factor  que  beneficia  a  los  movimientos  y  partidos  populistas de derecha es que pueden presentarse como una alternativa a las presuntas restricciones prácticas de la globalización.  Esto  los  distingue  de  los  partidos  de  centroizquierda,  que  vieron su propia subordinación a los imperativos del Landnahmeglobal como la única oportunidad para seguir siendo capaces de accionar políticamente.

En la medida en que la revuelta imaginaria (por ser básicamente  conformista)  de  la  nueva  derecha  (Dörre  et  al.,  2018)  atrae  seguidores,  la  democracia  como  instrumento  de  societalización  también está disponible para ciertos segmentos de las élites capitalistas.  La  formación  de  opiniones  se  está  convirtiendo  cada  vez  más  en  la  reserva  de  un  bloque  populista  de  derecha,  nacional-social  o  nacional-liberal

Una  vez  en  el  poder,  este  bloque  establece,  como  ha  ocurrido  en  varios  países,  lo  que  Pietro  Ingrao y Rossana Rossanda han descrito como leaderismo, cuyos protagonistas, desde Berlusconi hasta Trump, gobiernan al estilo  de  gerentes  de  negocios  autoritarios

Sin  embargo,  la  polarización entre las élites liberales y nacionalistas solo puede tener tal influencia porque la societalización antagónica de la política ha perdido a su antagonista. En otras palabras, las clases dominantes no tienen nada que societalizar, carecen de un oponente social. Como resultado, los derechos sociales democráticos, incluso  básicos,  que  durante  muchas  décadas  sirvieron  como  garantes  de  la  estabilidad  y  la  fuerza  societalizadora  del  capitalismo  occidental  (junto  con  el  crecimiento  económico,  por  supuesto),  están siendo cuestionados.

Si se quiere revitalizar la democracia, ésta  debe  oponerse  al  expansionismo  capitalista,  que  tiene  un  efecto antidemocrático tanto en sus variantes liberales como en las nacionalistas radicales (Heitmeyer, 2018).

Con  respecto  a  la  teoría  democrática,  la  tarea  es  reemplazar  el  enfoque en los procedimientos deliberativos orientados a la comprensión  por  una  noción  más  sustancial  de  autogobierno  por  parte  del  dēmos o  soberano  democrático.  Las  variantes  actuales  de  la  democracia  que  defienden  la  participación  directa,  la  autoorganización  y  la  comunitización  con  una  actitud  antiestatal  (Hardt, Negri, 2017) son, por sí mismas, totalmente insuficientes en este aspecto.

Esto es también así para las variantes de moda de una democracia aleatoria (Buchstein, 2018) en la que la suerte  del  sorteo  determina  qué  personas  son  responsables  de  tomar las decisiones que afectan el futuro de todos. Lo que une estas nociones teóricas de democracia tan dispares es que ninguna de  las  dos  reconoce  el  carácter  antagónico  de  la  societalización  de la política. Los antagonismos sociales no pueden suspenderse mediante una retirada a lo colectivo ni mediante un juego de puro  azar.  Deben  ser  rescatados  de  su  estado  latente  y  hacerse visibles políticamente. Redescubrir la ley como una forma de regulación  en  el  conflicto  socio-ecológico  presente  en  la  sociedad será fundamental para lograrlo.

Esto podría llevarse a cabo, por  ejemplo,  integrando  objetivos  para  la  sustentabilidad  social  y ecológica en la constitución. El aire, el agua, la alimentación, la educación básica y la movilidad requieren garantías legales para  permanecer  disponibles  como  bienes  públicos.  El  Principio  del  Estado Social podría ampliarse con el derecho a una buena vida, lo cual necesariamente debería incluir la conservación del status quo con respecto a los bienes públicos y un uso sustentable de los recursos naturales finitos.

Tal priorización de los intereses de la supervivencia social y ecológica solo puede ocurrir inicialmente dentro del espacio interno de  la  democracia  parlamentaria.  En  consecuencia,  y  desafortunadamente,  el  estado  nación  democrático  seguirá  siendo  el  escenario más importante para la implementación de los derechos socio-ecológicos

Esto  no  modifica  en  nada  la  necesidad  de  expandir gradualmente el ámbito de aplicabilidad de los derechos de  supervivencia  al  Otro  de  la  democracia.  A  la  larga,  la  democracia solo prevalecerá si la toma de decisiones democráticas se expande a la economía y a las grandes corporaciones transnacionales. 

Decisiones  sobre  el  cómo,  qué  y  para  qué,  en  producción  e  inversion,  se  relacionan  con  los  intereses  de  la  supervivencia  colectiva. En consecuencia, ya no deben dejarse a pequeñas minorías con poderes prácticamente ilimitados. No hace falta decir que  un  simple  retorno  a  las  políticas  clásicas  de  redistribución  socialdemócratas  sería  claramente  insuficiente  para  alcanzar  este fin. La cuestión no radica en la restauración de la democracia social, sino en la instauración de la democracia social-ecológica.

Una política democrática de transformación no puede evitar plantear la cuestión de la propiedad, aunque de una manera nueva. El concepto de propiedad como principio dinámico, es decir, la acumulación de capital y ganancias como un fin en sí mismo (Arendt, 1951, p. 137), no tiene futuro.

Tanto la propiedad privada capitalista de los medios de producción como la propiedad estatal  socialista  han  demostrado  ser  inadecuadas  para  hacer  frente  a  los  principales  desafíos  que  enfrenta  la  sociedad  moderna. 

Por esta razón, requerimos nuevas formas de propiedad colectiva que conviertan a los empleados en copropietarios, particularmente en los sectores clave estratégicos de la sociedad (el sector  financiero, los medios de comunicación, la informática, la gestión de la energía y el agua, el transporte, la agricultura).

A más largo  plazo,  las  grandes  corporaciones  deberían  transformarse  en  empresas  cuyos  mismos  empleados  sean  los  propietarios,  sujetas a una voluntad colectiva democráticamente legitimada e institucionalizadas  dentro  y  fuera  de  las  corporaciones  privadas. 

Este colectivo debería incluir aportes de organizaciones de consumidores, ONG y asociaciones medioambientales para evitar la formación  de  bloques  corporativos.  Además  de  esto,  formas  de  autopropiedad colectiva que ya existen en varios nichos de la sociedad, como las cooperativas de energía, las redes e instituciones de autoayuda, las organizaciones sin fines de lucro y los elementos incipientes de una economía solidaria también requieren  fortalecimiento.

Esto facilitaría la expansión gradual de los sectores económicos no capitalistas de acuerdo con una planificación inductiva del marco social, de este modo limitando continuamente el alcance de la economía privada con fines de lucro.

Para decirlo en términos más definidos: dado que la democracia, dentro de la sociedad burguesa y más allá, se basa en una societalización  antagónica  de  lo  político,  solo  es  capaz  de  sobrevivir  si  estos  antagonismos  se  combaten  dentro  del  espacio  público. 

Esto  es  particularmente  así  en  los  períodos  de  transformación   social  acelerada,  en  los  que  el  deseo  de  restablecer  relaciones  sociales  que  no  se  pueden  reconstruir  se  vuelve  virulento.  En  tales  períodos,  la  democracia  se  fortalece  siempre  que  la  cuestión sistemática no se deje en manos de la derecha reaccionaria.

Para proporcionar una alternativa al populismo etnonacionalista,  pero  sobre  todo  para  mantener  credibilidad,  la  izquierda  en   el  sentido  amplio  debe  comenzar  a  vincular  sus  proyectos  para   el  futuro  con  una  filosofía  política  (positivamente)  polarizadora. Por lo tanto, propongo reanudar la discusión interrumpida y parcialmente sepultada: la discusión sobre una nueva opción socialista (Dörre, 2018, pp. 105-115). 

Por supuesto, no negaría que  existen diferentes opiniones sobre este asunto. Sin embargo, no  debería  disuadir  a  nadie  de  la  izquierda  democrática  de  explorar seriamente la viabilidad de una opción neo o eco-socialista.

En  una  entrevista  reciente,  el  candidato  presidencial  demócrata  estadounidense  Bernie  Sanders  dio  una  impresionante  explicación acerca de cómo la provocación a veces puede ser una ventaja.  Cuando  le  preguntaron  si  lamentaba  haber  propuesto  abiertamente  un  socialismo  democrático,  dado  que  su  mensaje  popular  podría  haber  tenido  mejor  recepción  si  no  utilizaba  la  palabra que comienza con “s”, respondió: “[N]o. Lo que el socialismo democrático significa para mí es construir sobre lo que dijo Franklin  Delano  Roosevelt  cuando  luchó  por  la  garantía  de  los  derechos económicos para todos los estadounidenses. Y significa construir sobre lo que Martin Luther King Jr dijo en 1968 cuando declaró: “[E]ste país tiene socialismo para los ricos y un duro individualismo  para  los  pobres”.  […]  El  socialismo  democrático   significa que debemos crear una economía que funcione para todos,  no  solo  para  los  más  ricos”  (2018). 

Debería  agregarse  que   dicha economía no se estancaría, pero sobre las bases de la sustentabilidad social y ecológica, solo podría crecer lentamente. Se debería abandonar el uso de los combustibles fósiles y comenzar a  expandir  los  servicios  orientados  a  las  personas  y,  por  lo  tanto, el crecimiento cualitativo (Galbraith, 2014, p. 252).

La postura  fundamentalmente socialista de Bernie Sanders captura la esencia  de  la  política  de  clases  democrática,  vinculando  la  provocación de un nuevo socialismo democrático con proyectos populares, ¡no populistas! En otras palabras, se trata del nacimiento de una nueva fuerza antagónica que sería realmente capaz de desafiar  a  la  élite  capitalista.  Sin  un  nuevo  antagonista,  el  futuro  de   la democracia es sombrío. En caso de que un nuevo contramovimiento democrático no se materialice, y dada la ignorancia de las élites capitalistas, podemos vernos enfrentados a lo que la prudente  demócrata  y  exsecretaria  de  Estado,  Madeleine  Albright,   advierte  urgentemente:  el  surgimiento  de  un  nuevo  fascismo,  cuyo caldo de cultivo ya está siendo preparado (Albright, 2018).

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[1] En  contraste  con  tales  corrientes,  por  lo  tanto,  una  premisa  del   marxismo democrático es la siguiente: “La democracia como parte de la herencia de las luchas populares, se entiende como la base para articular alternativas al capitalismo y como el medio principal para constituir  un sujeto transformador de cambio histórico” (Statgar, 2013, pp. 1-13).

[2] Ver  también:  Hauke  Brunkhorst,  Das  revolutionäre  Potential  des  Parlamentarismus, en: Martin Beck, Ingo Stützle (ed.) (2018),  Die neuen  Bonapartisten. Mit Marx den Aufstieg von Trump und Co verstehen, Berlin: Dietz Verlag, pp. 18-37.

[3] El término “crecimiento” a menudo se usa de manera bastante imprecisa. A menos que se indique lo contrario, el crecimiento se entiende de aquí en adelante como el aumento de la creación de valor en un país medido por los indicadores del PBI. Se hace una distinción entre crecimiento per cápita y crecimiento en comparación con el año anterior.

[4] “Nosotros, los “revolucionarios”, los “elementos subversivos””, escribió  Friedrich  Engels  en  vista  del  éxito  de  los  social  demócratas  en  las  elecciones  del  Reichstag,  “prosperamos  mucho  más  con  los  medios  legales que con los ilegales y la subversión. Los partidos del orden […] se van a pique con la legalidad creada por ellos mismos.” Friedrich Engels, “Introduction to K. Marx’s The Class Struggles in France”, en: Marx-Engels Collected Works, Vol. 27, London: Lawrence & Wishart (1990 [1895], p. 522).

[5] Ver Antonio  Gramsci (1971), Selections from the Prison Notebooks. New York: International Publishers, pp. 12, 53, 80, 125, 187 y ss. Ver también Gramsci, A. (1975),  Prison Notebooks Vol. I-III, New York:Columbia

University Press.

[6] Ver K. Dörre, Klaus (2019), ““Take Back Control!” Marx, Polanyi and Right-Wing Populist Revolt” en Österreichische Zeitschrift für Soziologie, Vol. 44(2), págs. 225–243, https://doi.org/10.1007/s11614-019-00340-9;  K.  Dörre,  S.  Bose,  J.  Lütten,  J.  Köster  (2018),  Arbeiterbewegung  von   rechts?  Motive  und  Grenzen  einer  imaginären  Revolte.  En:  Berliner   Journal  für  Soziologie,  Vol.  28(1-2),  pp.  55-89,  https://doi.org/10.1007/

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Fui presidente de la SECH en 1974. Entrevista con Antonio Martínez Uribe

SAN SALVADOR, 1 de abril de 2021(SIEP). “Estudiaba Sociología y fui presidente de la Sociedad de Estudiantes de Ciencias y Humanidades, SECH, de la UES, en 1974…” nos comparte Antonio Martínez, de 75 años, dirigente estudiantil, actor, músico baterista, diplomático insurgente, catedrático universitario, investigador y amigo.

La calle 13

“Por cosas de la vida, esta es la calle 13 de Santa Anita, allá hacia el norte está el cementerio que la corta, y luego sigue como calle 13 del barrio El Calvario. Nosotros como familia venimos de allá, nos mudamos en una misma calle en los años 50, yo tenía cinco años, nací en 1945…

Esta casa donde estamos se ha ido transformando, al principio solo era la mitad y después le fuimos agregando espacio y habitaciones…En la familia somos cinco hermanos, 3 mujeres (Ana, Milagro y Yolanda) y dos hombres (Antonio y Miguel).  Lo de Uribe me viene de mi madre, María, que era de Suchitoto.

La otra rama, la Martínez procede de la familia Huezo, mi abuelo era de apellido Huezo y se llamaba Miguel, papá Miguel, es como el patriarca. Mi abuela se llamaba Rosa, mamá Rosa. Él era comerciante de granos, su casa estaba allá en la calle 13 del barrio El Calvario, y además poseía varios mesones. Era muy estricto, autoritario, lo que él decía se hacía. Era, digamos, una familia con recursos económicos.

En determinado momento mi abuelo manda a estudiar a mi papa,  a estudiar a Estados Unidos, a que se preparara académicamente. Se fue para California y no estudio sino que se dedicó a disfrutar de la vida. Cuando mi abuelo se murió se originó una disputa por la herencia, mis tías alegaron que mi papá ya había recibido su parte de la herencia y que ya no tenía derecho a recibir más. No le dieron nada.

Y entonces nos mudamos, nos venimos a vivir a esta casa, y mi papá se dedicó a hacer viajes como transportista, mientras mi mamá se dedicaba a la costura, por cierto una de sus clientas era Marianela García Villas, que es originaria del Barrio El Calvario, de allá por la iglesia del Perpetuo Socorro. 

Por alguna razón a mi papá le quedo claro que la herencia que podía darnos como sus hijos, era una buena educación ya que a mis hermanas las puso a estudiar en el Colegio de la Sagrada Familia y a nosotros nos matriculó en el Liceo Salvadoreño.

Y tuve dificultades, problemas de conducta en el Liceo y solo hice un año ya que el siguiente no me recibieron, debido a que tuve una pelea con un hijo de la oligarquía de apellido Lima y este salió golpeado. Y en el Externado no me aceptaron por mis calificaciones deficientes. Así que aterrice en el Colegio Salvadoreño Alemán, que era el colegio que recibía a los expulsados de los demás colegios, y además era mixto y fue ahí donde termine mi bachillerato, en 1964, este quedaba por donde está hoy la Universidad Gavidia.

Entre los compañeros que recuerdo de mi grado allá en el Liceo está el Chato Vargas, que seguimos siendo amigos, es de mi misma edad, estaba otro militar, el famoso Álvaro Saravia, vinculado al asesinato de Monseñor Romero, el Chino Lorenzana, que fue ministro de salud  y adelante de nosotros iba Roberto Vargas, que fue uno de los fundadores de las FPL.

El director del Liceo en esa época era muy estricto, y le decíamos Pepe Grillo, lo veo en mi memoria recostado sobre la puerta del aula y haciéndonos un dictado con su fuerte acento español y enfatizando las pausas de la lectura. 

En Arquitectura en la UES

Al principio mi papá quería que yo fuera militar y cuando termine el plan básico le dije: papá, ya estoy listo, pero entonces me dijo: fíjate que en realidad lo que quiero es que estudies medicina, y entonces termine el bachillerato y me fui a la facultad de la UES a examinarme pero no quede, no fui admitido.  Pero si quede como estudiante de Arquitectura y entonces el muchacho iba a ser arquitecto.

De esa época en la UES, en Arquitectura, recuerdo a Roberto Huezo, a Francisco Altschul, a Ana Julia Lainfiesta, y como docentes a Carlos Cañas, al Arquitecto Alfaro y otros. En ese ambiente fui desarrollando un interés por los temas de política y me gustaba ir a los mítines de la oposición en el parque Libertad, ahí escuche hablar a Schafik, y me gustaba, me parecía interesante  el mensaje. Incluso fui a unas charlas que dio Santiago Ruiz, sobre la problemática agraria en el país.

Estando en Arquitectura se da la guerra con Honduras, y los de AGEUS llaman a filas y me fui a apuntar para ir a combatir, era un libro que se llenaba. Toni Handal era de AGEUS. Caímos en un nacionalismo a ultranza, en un patrioterismo.

Ahí en las clases de arquitectura había profesores que nos abrieron los ojos acerca de las desigualdades de la sociedad salvadoreña por medio de la vivienda. Nos dejaban de práctica ir a dibujar casas en la Colonia San Benito y también ir a los tugurios,  a los mesones. Y esto nos llevaba cuestionarnos, a dimensionar las diferencias entre las casas lindas, con sus jardines y sus ventanales, y las casas de cartón, de lámina.

 A los veinte años me encontraba dibujando los materiales de construcción de ambos tipos de vivienda.  Dibujaba la lámina, el cartón, la lata, con el que estaban construidas las casas de los tugurios, pero llegue a la conclusión que tenía que ir más allá, averiguar las causas de esta situación y las respuestas no me las daba la arquitectura, la cual solo me mostraba una realidad.  Y de ahí nació mi interés por la sociología.

Arquitectura o sociología?

Pero entonces se me planteo el dilema de arquitectura o sociología, eran dos caminos y estábamos iniciando los años setentas. Estaba bastante sobrecargado, estudiando dos carreras simultáneamente, y lo que eso significaba en términos de clases, tareas, tiempo, etc.  Estaba en mi cuarto año de arquitectura y solo me faltaba un año para graduarme. Tenía que definirme entre dos caminos en mi vida.  Y lo hice, soy sociólogo.

Y ya como estudiante de sociología conseguí un empleo con la Fundación Salvadoreña de Desarrollo y Vivienda Mínima, FUNDASAL, que estaba dirigida por el cura jesuita Antonio Fernández Ibañez, que simpatizaba con el ERP. Ahí conocí a mucha gente valiosa, amigos y amigas, entre estos a Mario Lungo, a la Arq. Ana María Echeverría, que era la esposa de Roberto Armijo; a Michael Bamberger, que era un investigador social; a Edgar González, Juan Serarols, Mauricio Silva, Carmen Aida Escobar, Maritsa DAubuisson ( hermana de Roberto), y otros. Aprendimos a trabajar con el sistema estadístico SPSS.  En ese entonces estaba FUNDASAL ubicada ahí por el Parque Centenario.

En 1977 me gradué como sociólogo en la UES. Durante mis estudios conocí en las aulas estudiantiles a personajes como Joaquín Villalobos, Rafael Arce Zablah, a Andres Torres, que venía de la Democracia Cristiana, y a muchos más.

Poco a poco en la U me fui ubicando políticamente, conocí a compañeros del Frente de Acción Universitaria, FAU, vinculados al PCS y  me llevaba muy bien con ellos, en particular con el entonces responsable del trabajo estudiantil, Armando “El Zarco” Herrera. Tanto era el vínculo que me propusieron en 1974 para la presidencia de la SECH y gane la elección. El presidente que me precedió venia del departamento de periodismo, se trataba de Jesús Arévalo, de Armenia, que le decíamos Gandul.  

El Zarco fue el que me propuso ingresar  a la Juventud Comunista y acepte, no obstante que en esos momentos vivía un amor apasionado y torrencial con la joven y bella estudiante Laura Menéndez, y a este romance le dedicaba bastante tiempo. El Zarco me propuso y fue el que me juramentó…

Con Laura eran horas y horas haciendo el amor, en diversos sitios, incluido el interior de una camioneta que bondadosamente nos prestaba una amiga de nombre Sarita. Y estaba la situación que las FPL también habían tratado de reclutarme  por medio de la amistad de Laura con Rafael Guido Vejar. Además conocía ahí en la U a gente de Joaquín Villalobos y de Felipe Peña, pero no me sentía atraído hacia ellos, que me decían. “que andas haciendo con esos viejos…”

Con El Zarco me unía una gran amistad, íbamos a su casa allá en la colonia Costa Rica, ya para ese entonces su compañera era Norma Guirola. Primero ingrese a la Juventud Comunista, me mandaron para una célula allá en Soyapango, pero también  estuve colaborando con la comisión de educación, que estaba dirigida por Lito Aguiñada.

Y también militaba en el FAU, que era la expresión de la JC dentro de la UES,  participaba Tato Torres, que era estudiante de Medicina y hoy vive en Estados Unidos, Mauricio Mejía de Ingeniería, Gloria Trujillo, Abel Moreno, Godofredo que era un bailarín, El Diablito Carlos Ruiz, Carlos Jacobo Handal,  Norma Guevara, entre otros.

Para la marcha del 30 de julio de 1975 era ya el presidente de la  Sociedad de Estudiantes de Ciencias y Humanidades, SECH. Nosotros como Frente de Acción Universitaria conducimos esa marcha, pero en un ambiente bastante polarizado con las otras fuerzas de izquierda, principalmente con el UR-19 y FUERSA. Y estuve también junto con Jacobo Handal en los que nos tomamos Catedral  en esa coyuntura, junto con las otras fuerzas políticas estudiantiles, después nos tocó salir a escondidas, en pleno día, por una ventana.

Después de ese acontecimiento, y para evitar ser capturado se me recomendó que cambiara de casa por unos días y entonces me toco irme a vivir  a la casa de un amigo, de Luis Díaz Herodier, una residencia allá por el Parque Infantil donde también vivía su hermana Claudia Herodier, y Edmundo Barbero, que era el esposo de su madre, Doña Julia, la actriz de teatro.

Upsurge at the ballot box. Sam Webb. January , 2023

We tend to see mass upsurges and rebellions from below as occurring outside the framework of elections. At the point of production, in the workplace, in the streets. But isn’t that too restrictive and limited? I would make a case that what we saw on Election Day was a mass popular upsurge – organized and spontaneous – of remarkable breath and depth against the MAGA movement.

The marching of tens of millions to cast their vote for democracy, democratic governance, and democratic rights was, moreover, every bit as authentic as street and strike actions, took place on a scale that makes it unique, and possesses positive consequences in the near and longer term that few other actions can claim.

My point here isn’t to diminish the latter – street and strike actions -, but only to recast how we see the struggle in the electoral arena in our political imagination and practice.

Violencia epistémica y descolonización del conocimiento. Genara Pulido Tirada, 2009.

Introducción

Vivir en la frontera significa que tú no eres ni hispana, india, negra, española, ni gabacha, eres mestiza, mulata, híbrida, mientras llevas las cinco razas sobre tu espalda sin saber para qué lado volverte, de cuál correr. G. Anzaldúa, Borderlands / La Frontera The New Mestiza.

La violencia es una manifestación tan vieja como el hombre y presenta múltiples manifestaciones tanto en el ámbito privado como público, así como en la vida individual,  interpersonal y colectiva. La violencia epistémica ha acompañado casi siempre nuestro afán de conocimiento y el paralelo deseo de imponer nuestra propia manera de entender y formular el conocimiento al Otro; la violencia epistémica de la que voy a hablar aquí es un fenómeno moderno que empieza con la colonización y se perpetúa con la descolonización de los antiguos imperios al tiempo que se reformula con nuevas formas de neocolonialismo e imperialismo.

Los países del tercer mundo (la obra que Arturo Escobar dedica a este tema es muy significativa en relación al proceso de invención del llamado tercer mundo y todo lo que ello encierra[1]) son los que han estado sometidos a un doble (o triple) tipo de violencia: la violencia estructural, que está en la base de las desigualdades existentes entre los países del primer y tercer mundo; y una violencia simbólica, violencia de carácter fundamentalmente cultural, más sutil, que ha tenido casi siempre la función de legitimar no sólo la violencia estructural, sino también la violencia directa.

Si la violencia cultural se manifiesta a través de una serie de discursos, símbolos, metáforas, himnos patrióticos, religiosos y otros, la violencia epistémica se relaciona, desde Foucault y sus imprescindibles estudios sobre la relación saber-poder (v. Foucault, 1965), con los temas relativos a la producción y a la manera que tiene el poder de apropiarse y condicionar esa forma de conocimiento.

Se trata, en la mayor parte de los casos, como se ha demostrado a lo largo de la historia, de aniquilar otras formas de saber que se consideran salvajes, primitivas o femeninas.

Con el surgimiento de las diversas teorías postcoloniales –y descoloniales, como veremos aquí–, la violencia epistémica pasa a un primer término en tanto que se cobra plena conciencia de los efectos que causa el saber sobre sus sujetos y objetos, o dicho de otra manera, la importancia que ha tenido el conocimiento producido por los colonizadores e impuesto a los colonizados para el triunfo del dominio colonial.

La violencia epistémica ejercida por los colonizadores europeos se manifestó en una serie de discursos que hacían posible y racionalizaban la dominación colonial produciendo de esta manera ciertas formas de ver Otras Sociedades y Otras Culturas. De ahí que la mayor parte de los teóricos postcoloniales coincidan en señalar que la historia no es una producción imparcial de conocimientos, sino un proceso de violencia epistémica, construcción interesada en presentar una determinada representación de un objeto que puede no tener existencia empírica al margen de esa representación.

El lenguaje y los distintos tipos de discursos son los instrumentos de los que se vale este tipo de violencia, la cual requiere una determinada cosmovisión o paradigma intelectual en el que el Otro y/o la Otra se ven como seres humanos de segunda o sub-humanos (animales, salvajes, etc.).

Este paradigma surge en la Ilustración, cuando aparecen las ciencias sociales, humanas y naturales que dieron lugar a la justificación de la nueva ideología a través de distintas teorías sobre la raza que presuponían siempre la superioridad de la raza blanca sobre todas las demás.

Estas disciplinas crean un conjunto de teorías y conceptos que se establecen de forma normativa y están preparados para explicar cualquier excepción.  Surgen así epistemes[2] dominantes, estructuras hegemónicas de saber que van unidas al poder y que se presentan como algo evidente a sus portadores aun cuando son construcciones de carácter social e histórico producidas en contextos de dominación.

La violencia epistémica aparece indisolublemente unida a la relación dominante de poder que constituye su ideología legitimadora y a las epistemes dominantes que introducen, establecen y codifican ciertos conceptos y no otros como algo relevante, verdadero o posible, pero sin revelar sus intereses ocultos.

En definitiva, la violencia epistémica la constituye una serie de discursos sistemáticos, regulares y repetidos que no toleran las epistemologías alternativas y pretenden negar la alteridad y subjetividad de los Otros de una forma que perpetúa la opresión de sus saberes y justifica su dominación.

Esto es, violencia ejercida por regímenes autoritarios a través de la represión epistemológica ejercida sobre los Otros mediante la denigración e invalidación de sus propios saberes a partir de determinados sistemas discursivos universales que representan y reinventan para sí mismos.

En un marco colonial (neo- o post-colonial) esta violencia funciona para condenar el saber y las prácticas de los pueblos indígenas a una existencia epistémica derivada y sometida, condena que se produce a través de estrategias como la contraposición entre formas indígenas de saber y saber científico, que es supuestamente el más verdadero; el equiparar la alteridad con la ignorancia; o el ocultar, negar y vaciar las formas indígenas de saber de cualquier significado legítimo, y calificarlas a continuación de ser infantiles o supersticiosas.

Gayatri Spivak, destacada representante del Grupo Sudasiático de Estudios Subalternos, introduce y desarrolla este concepto entendido como un proceso colonial en que Europa se estabiliza como el sujeto indeterminado que tiene el poder explicativo mientras que los colonizados se convierten en los Otros, los Otros que esperan ser explicados, pero que no tienen voz ni poder.

El punto de partida de la teórica post-colonial es la crítica de los intentos que se habían dado en el siglo XX en Occidente de “problematizar al sujeto hacia la pregunta de cómo es representado en el discurso occidental el sujeto del tercer mundo” (Spivak, 1985: 260).

La manifestación primera de la violencia epistémica es la constitución del sujeto colonial como Otro, esto es, “la obliteración asimétrica de la huella de ese Otro en su precaria Subjetividad” (ibidem: 277). Tomando la visión de Foucault (1965: 251, 262, 269), que localiza la violencia epistémica en la redefinición de la salud mental a finales del siglo XVIII , Spivak lo interpreta en los siguientes términos:

“Tal vez no es más que pedir que el subtexto de la narrativa palimpséstica del imperialismo sea reconocida como “conocimiento subyugado”, un conjunto total de conocimientos que han sido descalificados como inadecuados para su tarea o insuficientemente elaborados: conocimientos ingenuos, localizados en la parte baja de la jerarquía, por debajo del nivel requerido de cognición o cientificidad (idem).”

En contra de intelectuales occidentales como Foucault y Deleuze, que creen que los oprimidos pueden hablar si se les da la oportunidad, la autora hindú es contundente al respecto:

“Para el “verdadero” grupo subalterno, cuya identidad es su diferencia, no hay sujeto subalterno irrepresentable que pueda conocer y hablar por sí mismo; la solución del intelectual no es abstenerse de la representación. El problema es que el itinerario del sujeto no ha sido trazado como para ofrecer un objeto de seducción al intelectual representante. En el levemente arcaico lenguaje del grupo indio, la cuestión se torna, ¿cómo podemos tocar la conciencia del pueblo, aun si investigamos su política? ¿Con qué voz la conciencia puede hablar el subalterno? Su proyecto, después de todo, es reescribir el desarrollo de la conciencia de la nación india (ibidem: 282).”

Claramente enfrentada a los intelectuales occidentales que creen que pueden representar a las personas subalternas y hablar por ellas, o tener un punto de vista objetivo sobre el tema del subalterno, Spivak propone ofrecer una epistemología que considere a la mujer subalterna no como un caso de estudio, sino como una fuente de conocimiento y un sujeto que tiene su propia voz.

Años después habla la teórica de worlding del otro (Spivak, 1993) para describir el hecho de constituir y dar sentido a los sujetos como sujetos a partir de las diferentes modalidades de violencia epistémica. El capitalismo es, en este marco, un lugar para la producción de representaciones culturales sobre sí mismo y el otro, y en este punto la literatura ha cumplido una función importante.

Spivak señala que en el estudio de las literaturas de las culturas europeas de la era del imperialismo, en la historia literaria, se puede ver claramente el worlding del llamado tercer mundo, esto es, se considera que el tercer mundo está constituido por culturas distantes, explotadas por unos legados literarios intactos y ricos que están ahí para ser recuperados, interpretados y estudiados, hecho que constituye al tercer mundo como significante.

El amplio espacio geográfico y cultural que forman los países de América Latina y el Caribe ha sido testigo, desde hace siglos, de distintas modalidades de violencia, entre ellas la violencia epistémica.

En 1970 Orlando Fals Borda ponía claramente de manifiesto el problema científico que encerraba la situación y la consecuente y “perentoria necesidad de que los pueblos subdesarrollados, sobre todo los de América Latina, den los pasos necesarios para contar con una ciencia propia y desembarazarse de la calca, el remedo de ciencia y tecnología precedente de la metrópoli imperialista” (Fals Borda, 1970: 7).

Lo que este autor reivindicaba, al margen de cualquier afán nacionalista, es que los países latinoamericanos no copiaran los modelos de ciencia y tecnología de lujo, despilfarro y consumo de los países europeos, sino que crearan una ciencia modesta, pero con metas claras y precisas, en la que la interdependencia de muchos científicos de diversas áreas, y su trabajo en equipo, lograran subsanar la escasez de recursos a la par que acercar el momento del auténtico paso de los pueblos subdesarrollados a mejores niveles de convivencia.

Lo que propone Fals es una ciencia con fuerza militante y destinada al pueblo cuya importancia valora justamente: “O ciencia rebelde, constructiva, o ciencia de segunda clase, imitativa y desadaptada. Se juega el porvenir de nuestro pueblo, su propia identidad, su explicación de sí mismo, su razón de ser” (ibidem: 138).

En el ámbito del pensamiento descolonial, no teorizado todavía como tal, las ideas de Aníbal Quijano son esclarecedoras y contundentes:

“En primer término [es necesaria] la descolonización epistemológica para dar paso luego a una nueva comunicación intercultural, a un intercambio de experiencias y de significaciones como la base de otra racionalidad que pueda pretender, con legitimidad, a alguna universalidad. Pues nada menos racional finalmente que la pretensión de que la específica cosmovisión de una etnia particular sea impuesta como la racionalidad universal aunque tal etnia se llama Europa occidental. Porque esoen verdad es pretender para un provincianismo el títulode universalidad (Quijano, 1989: 439).”

La mayor parte de teóricos ocupados en el análisis de la violencia epistémica ejercida en el ámbito latinoamericano coinciden en situar el origen de la situación en la modernidad, época en la que aparece el Estado como garante de la organización racional de la vida humana. El Estado se entiende entonces como la esfera donde todos los intereses encontrados en la sociedad se concentran, como locus capaz de formular metas colectivas, válidas para todos.

De forma paralela se produce la aplicación estricta de unos criterios racionales que permitan al Estado canalizar los deseos, intereses y emociones de los ciudadanos hacia las metas definidas por el mismo Estado. El Estado no solamente adquiere el monopolio de la violencia, sino que además hace uso de ella para dirigir racionalmente las actividades de los ciudadanos conforme a criterios establecidos científicamente de antemano.

Como Aníbal Quijano (1997: 113 y ss.) ha señalado oportunamente, la explotación colonial se legitima con un imaginario colonial que establece diferencias inconmensurables entre el colonizador y el colonizado. Las nociones de raza y cultura operan como dispositivos taxonómicos que generan identidades opuestas. El colonizado se presenta como el Otro de la Razón, lo que justifica el uso de la violencia por parte del colonizador.

El racismo es uno de los casos más sangrantes de violencia epistémica[3]. Es un prejuicio establecido que se basa en algunas diferencias físicas entre grupos, y que fundamenta ciertos discursos y prácticas que llamamos racistas. Se diferencia de otros pre-juicios que surgen a raíz de las experiencias duraderas que sostienen y forman las maneras de relacionarnos con nuestro mundo porque el racismo naturaliza los prejuicios raciales, los considera fijos, y así los aparta de las nuevas experiencias, de los juicios reconsiderados y de la interrogación auto-crítica y la interpelación mutua, lo que conlleva el intento de establecer un orden racial, jerárquico y permanente que, en contra de los prejuicios de orden cultural o religioso, se supone que refleja las leyes naturales o los decretos de Dios.

El racismo, en suma, indica un conjunto de prejuicios naturalizados que se insertan estructuralmente, de forma constante, en un paradigma epistemológico, cultural y social. Las bases mentales y psicológicas de este paradigma se transforman en una estructura epistemológica dominante que ejerce la violencia epistémica contra el Otro negando de antemano cualquier encuentro genuino con el que se considera irreconciliablemente diferente.

Otro elemento común a los estudiosos de la violencia epistémica es que, en el ámbito postcolonial, señalan como integrantes de estructuras violentas el etnocentrismo, el imperialismo o el racismo al que acabo de aludir. En definitiva, fenómenos que se basan en el intento de establecer una relación asimétrica de poder con el Otro que implica saberlo, representarlo, contenerlo y dominarlo.

En este marco el pregonado fin de la modernidad y el surgimiento de la filosofía postmoderna han generado una fuerte corriente crítica a la occidentalización del conocimiento y sus consecuencias; han supuesto, también, la posibilidad de que emerjan diferencias largamente reprimidas que eran la base de la episteme moderna dominante, la cual construía al Otro mediante la lógica binaria que reprimía las diferencias. La modernidad y el colonialismo se produjeron de forma conjunta e interdependiente.

Las ciencias sociales, de carácter eurocéntrico desde su nacimiento, dieron una imagen de Europa autónoma, formada históricamente sin contacto con otras culturas e ignorando en todo momento la relación colonial que se produce entre Europa por un lado y África, Asia y América, por otro (cfr. al respecto los trabajos recogidos por Castro Gómez, ed., 2000).

Los teóricos postcoloniales han demostrado que cualquier estudio de la modernidad que no tenga en cuenta el impacto de la experiencia colonial en la formación de las relaciones propiamente modernas de poder resulta incompleto e ideológicamente tergiversado.

Walter Mignolo (2000: 3 y ss.), uno de los más destacados teóricos en este campo, explica que si el Estado-nación actúa como una maquinaria generadora de otredades que deben ser disciplinadas se debe a que el surgimiento de los estados modernos se da en el sistema-mundo moderno / colonial[4].

Aníbal Quijano formula en 1997 el concepto de colonialidad del poder, concepto que amplía y corrige el de poder disciplinario de Foucault ya que muestra que los dispositivos que erige el Estado moderno se inscriben en una red más amplia de carácter mundial configurada por la relación colonial entre centros y periferias que tiene lugar a raíz de la expansión europea.

Los dispositivos disciplinarios de la modernidad quedan entonces insertos en una doble gubernamentabilidad jurídica: primero, la ejercida hacia dentro de los estados nacionales en su intento de crear identidades homogéneas mediante políticas de subjetivación; y, segundo, la gubernamentabilidad ejercida hacia fuera por las potencias hegemónicas del sistema-mundo moderno/colonial en su intento de asegurar el flujo de materias primas desde la periferia hacia el centro.

La colonialidad del saber se produce de forma paralela a la colonialidad del poder ya que, como se ha dicho, las ciencias sociales se constituyen (siglos XVII y XVIII ) en este espacio de poder moderno / colonial y en los saberes ideológicos generados por él. Las ciencias sociales no llevan a cabo ningún tipo de ruptura epistemológica frente a la teoría ya que el imaginario colonial impregnó desde sus orígenes todo su sistema conceptual.

Conceptos binarios como civilización y barbarie, tradición y modernidad, mito y ciencia, infancia y madurez, pobreza y desarrollo, entre otros muchos, están presentes en los modelos analíticos de las ciencias sociales. No podemos olvidar que la epistemología va implícita en todo el proceso:

“La historia del capitalismo, tal y como la explican Fernand Braudel, Wallerstein y Giovanni Arrighi, y la historia de la epistemología occidental como se viene construyendo desde el Renacimiento europeo avanza a la par y se complementa entre sí. La expansión del capitalismo occidental implicó la expansión de la epistemología en todas sus vertientes, desde la razón instrumental que está de acuerdo con el capitalismo y la revolución industrial, hasta las teorías de gobierno (la teoría política), pasando por la crítica del capitalismo y el Estado (Mignolo, 2002: 3).”

La modernidad llega a su fin cuando el Estado nacional pierde la capacidad de organizar la vida social y material de las personas, surge entonces la globalización o mundialización, cuya materialidad no está ya constituida por las situaciones disciplinarias del Estado nacional, sino por corporaciones; la globalización no conoce territorios ni fronteras, y es de carácter transnacional, lo que conlleva la configuración de un nuevo marco legal, una nueva forma de ejercicio del poder y la autoridad así como de producción de nuevos mecanismos punitivos que garantizan la acumulación de capital y la resolución de conflictos (sobre las distintas formas de buscar y promover una diversidad epistémica en el capitalismo global tratan los trabajos recogidos por Castro-Gómez y Grossberg, eds., 2007).

Asistimos a un momento en que la acumulación de capital no demanda la supresión, sino la producción de diferencias, el cambio del vínculo entre las ciencias sociales y los nuevos dispositivos de poder. Se dan en este punto todas las circunstancias que no sólo favorecen, sino que demandan un cambio de paradigma.

Surgen los estudios culturales, que flexibilizan las fronteras existentes entre las distintas disciplinas, cuando no se declaran abiertamente antidisciplinarios. Ahora bien, en su radical intento de innovar o hacer tabula rasa con el paradigma precedente, los estudios culturales han demonizado categorías como las de clase, periferia o “sistema-mundo” acusando al investigador de haber caído en la tentación de los metarrelatos o en el esencialismo.

El reto de aprehender a nombrar la totalidad sin caer en el esencialismo o el universalismo de los metarrelatos sigue vigente. La apología de las diferencias que realizan los estudios culturales, junto a la entronización de las nuevas tecnologías de la comunicación y la información, vistas como vías para crear espacios de emancipación democrática, no parecen haber dado el fruto previsto hasta el momento.

Sociólogos como Mejía Navarrete (2004: 260) no dudan en hablar de una crisis de paradigmas tras la crisis profunda del paradigma positivista, tras la cual se abogaría por la unidad de objeto y sujeto de investigación y el objeto social no sería considerado como unidad fáctica, sino como un conjunto de sujetos que piensan y actúan. En Latinoamérica la crisis del conocimiento social formaría parte de la crisis de la propia subjetividad positivista moderna enmarcada en el periodo histórico que se asocia a la modernidad europea y al eurocentrismo como forma central de producción de conocimiento.

Si las teorías coloniales han sido fundamentales al respecto, una variante a destacar es el concepto de decolonialidad introducido por Catherine Walsh y desarrollada por Walter Mignolo y otros.

Walsh parte de la idea de que, a pesar de todas las discusiones existentes sobre el pensamiento crítico y lo que algunos autores en Latinoamérica había llamada pensamiento crítico revolucionario, las perspectivas siguen siendo eurocéntricas postmodernas.

En los espacios de las distintas geopolíticas se forman, construyen, negocian, transgreden fronteras y se desarrollan el poder y la política, ya sea a nivel nacional o transnacional; también se generan, producen y distribuyen los conocimientos (v. al respecto los estudios recogidos por Walsh, Schiwy y Castro-Gómez, eds., 2002).

Y es que “el conocimiento tiene una relación y forma parte integral de la construcción y organización de lo que podemos llamar el sistema mundo. Es decir, la ‘historia’ del conocimiento está marcada geo-históricamente, geo-políticamente y geo-culturalmente; tiene valor, color y lugar ‘de origen” (Walsh, 2004: 2).

Es el caso de Kant cuando argumenta que la única raza capaz de progresar en la educación de las artes y las ciencias es la raza blanca europea y sitúa a los “rojos” y “negros” en los peldaños más bajos de la escala.

Al pensamiento eurocéntrico y racista de Kant contrapone Walsh el concepto de Aníbal Quijano de colonialidad del poder y del saber. Se establecen patrones de poder basados en una jerarquía racial y en la formación y distribución de identidades sociales–blancos, mestizos; indios y negros– y se promueve una subordinación letrada de indios y negros como gente que no piensa; la colonialidad del poder entonces instala una diferencia que no es sólo étnica y racial, sino colonial y epistémica.

Se descarta así la posibilidad de que el indígena pueda producir conocimiento y se mantiene la hegemonía del eurocentrismo como única perspectiva de conocimiento. Las ciencias sociales se construyen en las lenguas modernas de conocimiento y colonización (inglés, francés y alemán) y se ocupan de la realidad de los países más poderosos económicamente.

El conocimiento, a su vez, funciona como la economía, está organizado mediante centros de poder y regiones subordinadas, aunque el discurso de la modernidad intentara crear la ilusión de que el conocimiento es abstracto y universal[5].

La interculturalidad como proyecto político, ético y epistémico es la propuesta de la intelectual andina en 2004. Tal propuesta implica ligar la interculturalidad a un giro epistémico que conllevaría una práctica política y una contra-respuesta a la hegemonía geopolítica del conocimiento; en definitiva, una forma de pensamiento otro constituido desde la diferencia colonial.

Se trataría de construir nuevos marcos epistemológicos que incorporen y negocien conocimientos occidentales y no-occidentales como los indígenas y negros, con sus respectivas bases teóricas y vivenciales, o sea, frente a conocimiento totalitario, único y universal, distintos modos de conocimiento.

La descolonización epistemológica se ha de producir teniendo en cuenta tres cuestiones esenciales que señala Walsh (ibidem: 4-5):

1. El camino hacia la descolonización requiere hacer ver que el conocimiento tiene valor, color, género y lugar de origen y, por eso, el lugar desde el que uno piensa sí importa.

2. El camino hacia la descolonización requiere la recuperación, revalorización y aplicación de los saberes ancestrales, pero violencia epistémica y descolonización del conocimiento también requiere un cuestionamiento de la temporalidad y localidad asociado con ellos, que siempre los mantendrán como “saberes” y no como “conocimiento”.

3. El camino hacia la descolonización no debe partir simplemente de un relacionar de conocimientos (ancestrales, occidentales, orientales) entendidos como bloques o entidades claramente identificados y encerrados, sino como distribuciones críticas a nuevos procesos de intervención intelectual, en la creación de conocimientos y de modos de pensar que cruzan fronteras.

Walsh sigue apostando por la producción de nuevos conocimientos subalternos y nuevos modelos de análisis, conceptualización y pensamiento con un uso estratégico y político, entonces La decolonialidad implica partir de la deshumanización –del sentido de no-existencia presente en la colonialidad (del poder, del saber y del ser)– para considerar las luchas de los pueblos históricamente subalternizados por existir en la vida cotidiana, pero también sus luchas por construir modos de vivir, y de poder, saber y ser distintos.

Por lo tanto, hablar de de-colonialidad es visibilizar las luchas en contra de la colonialidad pensando no sólo desde su paradigma, sino desde la gente y sus prácticas sociales, epistémicas, políticas, tomando en cuenta la presencia de la que Maldonado Torres llama una “actitud de-colonial” (Walsh, 2005: 23-24).

Poco tiempo después (v. Walsh, 2007) esta autora habla abiertamente de las epistemologías descoloniales, hecho que requiere una reflexión en torno a tres puntos fundamentales: uno, atender a los conocimientos que han sido considerados no-conocimientos; dos, considerar el posicionamiento de pensamientos / conocimientos entendidos no en forma de universales sino de forma plural desde las diferencias coloniales; y tres, pensar nuevos lugares del conocimiento dentro y fuera de la universidad[6].

Walter Mignolo se reúne en mayo de 2003 junto a Arturo Escobar con el colectivo del Proyecto Modernidad / Colonialidad[7] en la Duke University, Carolina del Norte, en Chapell Hill, para tratar el tema “Teoría Crítica y Descolonización”. En abril de 2005 tiene lugar otra reunión en Berkeley, organizada esta vez por Nelson Maldonado Torres, para abordar el tema “Mapping the de-colonial turn”. Tras estas dos reuniones quedó claro que las categorías analíticas modernidad / colonialidad pertenecen a la matriz colonial, la categoría de la colonialidad amplía el marco y los objetivos del proyecto. Inmediatamente después de la conceptualización de la colonialidad como constitutiva de la modernidad el pensamiento descolonial se pone en marcha.

Desde un principio se destaca que el pensamiento o estudios postcoloniales se caracterizan porque hunden sus raíces en el post-estructuralismo francés; el pensamiento descolonial, en cambio, se basa en la densa historia del pensamiento planetario descolonial.

Mignolo (2005a: 3) describe fielmente el concepto de giro epistémico y la emergencia del pensamiento descolonial en los siguientes términos:

“El pensamiento des-colonial emergió en la fundación misma de la modernidad / colonialidad como su contrapartida. Y eso ocurrió en las Américas en el pensamiento indígena y en el pensamiento afro-caribeño. Continuó luego en Asia y África no relacionado con el pensamiento des-colonial en las Américas, pero sí como contrapartida a la re-organización de la modernidad colonial con el imperio británico y el colonialismo francés. Un tercer momento de reformulaciones ocurrieron en las intersecciones de los movimientos de descolonización en Asia y África concurrentes con la guerra fría y el liderazgo ascendente de Estados Unidos. Desde el fin de la guerra fría entre Estados Unidos y la Unión Soviética el pensamiento des-colonial comienza a trazar su propia genealogía (Mignolo, 2005a: 3).”

Mignolo sitúa la genealogía del pensamiento descolonial en la colonia o periodo colonial –de ahí que analice, desde esta perspectiva, textos de Waman Puma de Ayala y Cugoano–, aunque reconoce que la teoría sobre el giro epistémico descolonial es reciente.

Como se desprende fácilmente de estos planteamientos, el objetivo último del pensamiento descolonial es la descolonización del poder, es decir, de la matriz colonial del poder, e íntimamente ligada a ésta, la descolonización del saber. La ausencia de tal descolonización la encontramos ya presente en la interpretación que sufrieron las independencias descolonizadoras en las que el pensamiento descolonial fue silenciado por interpretaciones oficiales según las cuales las colonias se liberaban de un imperio para caer en manos de otro que apoyaba los movimientos de independencia en nombre de la libertad; esto es, las independencias descolonizadoras fueron interpretadas con la misma lógica revolucionaria de la modernidad y según el modelo de la revolución de Inglaterra, la revolución francesa y la revolución bolchevique.

Para el teórico de la Duke University la revolución descolonial es distinta a las revoluciones burguesa y socialista porque escapa a las trampas del tiempo como marco categorial de la modernidad y, en consecuencia, también a las trampas de la postcolonialidad.

No olvidemos que el mismo Mignolo analiza cinco años antes, en su brillante obra Historias locales / Diseños globales (2000), toda la lógica del proceso en su profunda complejidad y con una finalidad crítica incuestionable. Es ahí donde postula un pensamiento fronterizo o border thinking como dicotómico lugar de enunciación históricamente situado en los bordes internos y

externos del sistema mundo moderno / colonial que surgiría del diferencial colonial de poder y se levantaría contra él:

La diferencia colonial es el espacio en el que se articula la colonialidad del poder. Es también el espacio en el que se está verificando la restitución del conocimiento subalterno y está emergiendo el pensamiento fronterizo.

La diferencia colonial es el espacio en el que las historias locales que están inventando y haciendo reales los diseños globales se encuentran con aquellas historias locales que las reciben; es el espacio en que los rediseños globales tienen que adaptarse e integrarse o en el que son adoptados, rechazados o ignorados. La diferencia colonial es, violencia epistémica y descolonización del conocimiento finalmente, la localización tanto física como imaginaria desde la que la colonialidad del poder está operando a partir de la confrontación de dos tipos de historias locales que se desarrollan en distintos espacios y tiempos a lo largo del planeta (Mignolo, 2000: 8).

El pensamiento fronterizo es, desde la perspectiva de la subalternidad, una máquina de descolonización intelectual y, por tanto, de descolonización política y económica. El concepto de pensamiento fronterizo tiene como objetivo trascender la epistemología y hermenéutica modernas, la distinción entre sujeto y objeto, y crear un espacio de diálogo entre las formas de conocimiento eurocéntrico y las formas de conocimiento que fueron subalternizadas en los procesos imperiales coloniales.

En suma, Mignolo expone tres hipótesis: una, la crítica poscolonial tiene como uno de sus objetivos desplazar el lugar de enunciación del primer mundo al tercer mundo afirmando así la legitimidad de la nueva ubicación teórica; dos, el lugar de las teorías postmodernas se encuentra en el primer mundo; y, tres, las prácticas teóricas postcoloniales no sólo transforman la visión de los procesos postcoloniales sino que también desafían el propio concepto de conocimiento al establecer vínculos epistemológicos entre localizaciones geohistóricas y producción teórica.

En año 2005 publica Mignolo La idea de América Latina donde aborda, como se indica en el subtítulo, la herida colonial y la opción decolonial. El libro rezuma un claro carácter de manifiesto filosófico y político que anuncia el final de una era epistemológica (la modernidad / colonialidad) y celebra la llegada de nuevas formas de pensar el proyecto descolonial, formas que implican una ruptura epistémica que desafía desde otros archivos, lenguajes y sujetos la cartografía social y mental de nuestra época. En la obra se recogen las ideas y teorías vertidas por su autor en otros lugares en las últimas décadas y, sobre todo, se formalizan las posibilidades y encrucijadas del proyecto descolonial.

Partiendo de la concepción de la historia como nodos de heterogeneidad histórico-estructural –según la idea de Aníbal Quijano (1989)– se coloca el énfasis en la coexistencia, la simultaneidad de experiencias, subjetividades y epistemologías; la diversidad reemplaza entonces a la universalidad y la teoría crítica descolonial trasciende la historia de Europa y reflexiona en y a partir de la historia colonial de América. La herida colonial, marcada por la experiencia de la colonialidad a raíz de la conquista y la colonización, define a los “condenados de la tierra”, según la expresión extendida por Fanon (1961).

América Latina sería, en la teoría de Mignolo, una invención de Francia que se realiza para articular a los países europeos del sur frente a la creciente influencia anglosajona.

Su adopción en América significó, a juicio de este autor,“la triste celebración por parte de las élites criollas de su inclusión en la modernidad, cuando en realidad se hundieron cada vez más en la lógica de la colonialidad” (Mignolo, 2005b: 81).

La idea de América Latina surgiría así del proceso de transformación del ethos barroco criollo colonial al ethos criollo poscolonial, lo que significaría la negación del propio legado crítico de los criollos que, al convertirse en latinoamericanos, se permiten incluirse dentro del proyecto de la civilización europea y eliminar simbólicamente la presentencia de las culturas indígenas y afroamericanas.

Al margen de la posible problematicidad de los ejemplos que usa el teórico con el fin de adoptar una geopolítica y una política cultural del saber colonial (la filosofía afrocaribeña ejemplificada en Sylvia Wynter, la Universidad Intercultural de las Nacionalidades y Pueblos Indígenas Amawtay Wasi, la propuesta de Gloria Anzaldúa), lo cierto es que la construcción de un paradigma otro que se persigue cambia no sólo los contenidos, sino también los marcos de debate, se aleja de los proyectos liberadores universales y responde a las necesidades locales de los que portan la herida descolonial como los indígenas, afrocaribeños y afroandinos y latinos en Estados Unidos (proyecto vivo, por tanto, durante cinco siglos).

Todos los personajes y teóricos pertenecientes a estos grupos piensan desde la experiencia descolonial, aunque se nutren también en gran medida de discursos de la emancipación del cristianismo, liberalismo, marxismo y postestructuralismo.

Cada revolución tiene derecho a crear sus propios precursores, pero el discurso crítico debe recuperar las ambivalencias de esos precursores. La episteme de la descolonialidad instala el paradigma de la coexistencia, muchos mundos son posibles; por tanto “pensar en español desde la historia colonial de América del Sur es una práctica necesaria para la transformación de la geografía del conocimiento” (Mignolo, ibidem: 129).

Otras formas de pensar que se insertarían en el paradigma otro que postula Mignolo son, a juicio del teórico argentino-estadounidense, la pedagogía del oprimido (cfr. Freire, 1970), la filosofía de la liberación (cfr. Dussel, 1977) y la teoría de la dependencia (cfr. Cardoso y Paletto, 1969), en las que no podemos entrar aquí con detalle por falta de espacio. El interés de todas ellas reside en que han sido formuladas y exponen sus respectivos planes de acción desde y para Latinoamérica, y no para el sistema mundial; no tienen, por tanto, carácter eurocéntrico ni responden a los intereses del occidentalismo tradicional.

Si la teoría de la dependencia se basa en el hecho incuestionable de que la dependencia en su totalidad ha sido y es la estrategia básica en el ejercicio del poder colonial, la filosofía de la liberación se liga a ella en tanto que comparte la misma inquietud básica: crear un proyecto filosófico que contribuya a la liberación social. La pedagogía del oprimido apuesta por el subalterno surgido en el proceso de descolonización.

Frente a la postmodernidad como concepto opuesto al de modernidad/ colonialidad, Dussel, en el diálogo que establece con Vattimo, propone el de transmodernidad como más adecuado para Latinoamérica. La crítica postmoderna de la modernidad es insuficiente; el concepto de transmodernidad implica que la modernidad no es un fenómeno estrictamente europeo, sino global, del que participan incluso los considerados bárbaros o marginados, aunque la contribución de los últimos no haya sido reconocida hasta ahora. La transmodernidad implica, en definitiva, una razón liberadora que está presente en la filosofía de la liberación.

Para Dussel, la de Vattimo es una “ontología hermenéutica del ocaso” en tanto que marcaría el fin de Europa, de Occidente y de la modernidad por su incapacidad de explicar y cambiar un mundo en el que el veinte por ciento del planeta posee el ochenta por ciento de los recursos totales. El objetivo primero es, en este marco, “’liberar’ (yo diría descolonizar) a la filosofía del helenocentrismo. De lo contrario, no habrá futuro para una filosofía mundial en el siglo XXI” (Dussel, 1999: 57).

La apuesta de Dussel, una de las más sólidas en este punto, realizada desde una posición epistémica subalterna, implica una firme apuesta por una liberación ética y filosófica que estaría constituida por dos momentos: la apropiación de la modernidad y la adopción de la transmodernidad entendida como una estrategia de liberación o un proyecto de descolonización que incluiría a todo el mundo, tanto a colonizadores como a colonizados[8]. Abrir las ciencias sociales sería el primer paso (v., al respecto, Lander, ed., 2000), descolonizarlas el definitivo.

Porque, si entendemos el colonialismo, como lo hace Mignolo, como la colonialidad derivada de la modernidad y la colonialidad como anterior a la modernidad aunque elemento constitutivo de ésta:

“La colonialidad actual podría considerarse el lado oculto de la postmodernidad y, en este sentido, la poscolonialidad remitiría a la transformación de la colonialidad en colonialidad global del mismo modo que la postmodernidad designa la transformación de la modernidad en nuevas formas de globalización. O podría referirse a una posición crítica de la modernidad desde una perspectiva de la colonialidad y de la diferencia colonial, de una forma similar a cómo la postmodernidad se entiende como la crítica de la modernidad hecha desde el seno de la propia modernidad. Resumiendo, el colonialismo sale de escena después de la primera ola de descolonizaciones (los Estados Unidos, Haití y los países latinoamericanos) y de la segunda ola (la India, Argelia, Nigeria, etc.), mientras que la colonialidad sigue viva y fuerte en la actual estructura global (Mignolo, 2002: 40).”

Hay, por consiguiente, que reconocer la diferencia colonial epistémica y, a continuación, pensar y generar conocimientos a partir de esta diferencia. Termino recordando que dicha violencia epistémica no se ha ejercido únicamente desde la perspectiva racial y étnica, que es la contemplada aquí, sino también femenina, de género, tal como señalaba tempranamente Spivak (1985) en relación a la mujer hindú. El mundo moderno / colonial no sólo es capitalista, también es patriarcal. Y para entender mejor esta forma compleja de violencia vaya por delante la advertencia de que la ubicación social no siempre coincide con la ubicación epistémica, esto es, se puede pertenecer al lado oprimido de las relaciones de poder y no adoptar una actitud epistémica subalterna, descolonizadora.

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[1] Este crítico ha destacado que “Después de cuatro décadas de este discurso, la mayoría de las formas de entender y representar el Tercer Mundo siguen siendo dictadas por las mismas premisas básicas. Las formas de poder que han surgido no funcionan tanto por medio de la represión, sino de la normalización; no por ignorancia sino por control de conocimiento; no por interés humanitario, sino por la burocratización de la acción social. A medida que las condiciones que originaron el desarrollo ejercían más presión, éste sólo fue capaz de aumentar su control, refinar sus métodos y entender su alcance” (Escobar, 1996: 109).

[2] Recordemos que la epistemología es una rama de la filosofía que se ocupa de la naturaleza, los orígenes y los límites del conocimiento. El vocablo y concepto de episteme nace en tiempos de Sócrates y se desarrolla plenamente en Platón y en Aristóteles; surge como consecuencia de la carencia del griego de un término términos para indicar distintos modos de saber. Episteme significa, en un primer momento, un modo de saber acerca de las cosas que rebasa la esfera de la simple noticia, un modo de intelección que viene determinado por la visión interna de la estructura de las cosas. Aquí uso este genérico para designar todos los modos del saber ya que este idioma sólo tenía término en el sentido que le diera Foucault en su obra fundamental Las palabras y las cosas (1966), atendiendo a los cambios históricos que se han dado en la conceptualización de la relación entre sujeto y saber.

[3] Aunque la mayor parte de los teóricos del colonialismo en América Latina y el Caribe han destacado el poder y función del racismo en este proceso, la posición de Fanon (1965: 42) es especialmente significativa “Explotación, torturas, razias, racismo, liquidaciones colectivas, opresión racional, se revelan en diferentes niveles para hacer del autóctono, literalmente, un objeto entre las manos de la nación ocupante”. Mignolo (2002: 41) ha sido también muy claro al respecto: “La idea de la raza o de la pureza (o limpieza) de sangre, tal como se expresaba en el siglo XVI, se volvió un principio para clasificar y organizar a las personas en todo el planeta, redefiniendo así sus identidades y justificando la esclavitud y el trabajo forzado”.

[4] El concepto de “sistema-mundo”, como se sabe, pertenece a I. Wallerstein (1974) y ha ocupado un lugar importante en todos estos debates. Wallerstein toma como punto de referencia a los sistemas mundiales considerados como sistemas sociales autónomos limitados por fronteras y con una duración específica. En el seno de los estados históricos distingue entre minisistemas, imperios mundiales y economías mundiales, formando los dos últimos los llamados sistemas mundiales. El sistema-mundo moderno se entiende como una economía-mundo capitalista que tiene como superestructura una red de estados soberanos definidos como un sistema universal.

[5] Las cuestiones derivadas de la geopolítica del conocimiento son tratadas en 2001, desde distintas perspectivas, en la obra recopilada por Walter Mignolo, Capitalismo y geopolítica del conocimiento. El eurocentrismo y la filosofía de la liberación en el debate intelectual contemporáneo. En realidad los fundamentos teóricos de Walsh y Mignolo son los mismos, aunque su desarrollo intelectual difiera en puntos concretos. “Soy de donde pienso”, dirá Mignolo, cuestionando el cartesiano “pienso, luego existo”.

[6] Ni que decir tiene que la universidad ocupa un lugar importantísimo en este proceso. Acercamientos fundamentales a esta problemática son, entre otros, los de Lander (2000), Kaplún (2005) y Castro-Gómez (2007).

[7] Sobre este Programa de Investigación, ver Escobar (2003). La objetivos, operatividad y logros del Programa de Investigación sobre Modernidad / Colonialidad / Decolonialidad (MCD) han sido estudiados también por Elena Yehia (2007) y Pachón Soto (2007) más recientemente. Como el mismo Mignolo ha señalado, aunque el proyecto colectivo se empezó a gestar en 1998, data de principios de los años noventa, época marcada por el final de la guerra fría, el colapso del socialismo real y la desorientación de la izquierda. La colonialidad de Aníbal Quijano y la transmodernidad de Enrique Dussel son los conceptos que actúan como motores teóricos fundamentales del proyecto en su fase inicial; a éstos se uniría muy pronto el de pensamiento fronterizo formulado por el mismo Mignolo.

[8] Sobre el término transmodernidad, Rosa María Rodríguez Magda parece haber sido la primera, según sus propias declaraciones, en utilizarlo en su obra La sonrisa de Saturno, aunque la sistematización teórica se produce en Transmodernidad (2004). En cualquier caso, el significado que le da Rodríguez Magda a este término no coincide exactamente con el que le atribuye Dussel.

Entrevista con Pável Blanco: «La Batalla de las Ideas». 2012

En el Foro de San Pablo, en el marco del encuentro entre Partidos Comunistas y otras organizaciones en lucha permanente, entrevistamos al compañero Pável Blanco Cabrera, Secretario General del Partido Comunista de México.

Dick Emanuelsson (DE): Cuéntanos brevemente la historia del Partido Comunista Mexicano, su rol cumplido a través de la historia de México.

Pavel Blanco Cabrera (PBC): – El PCM fue fundado en 1919 como sección mexicana de la Internacional Comunista. Fue el primer partido político en México, el segundo partido comunista que se forma en Latinoamérica después de la sección que se funda en Argentina y tenemos el honor de decir que el nuestro fue siempre un partido de lucha, organizando a los sectores en lucha, sindicatos, organizando a los trabajadores, mineros pero además tenemos el tremendo honor de saber que estos sindicatos fueron formados por lo mejor de México, los trabajadores de la cultura.

– Por ejemplo, el principal sindicato minero fue fundado por el compañero David Alfaro Siqueiros, dirigente de la Central Sindical Unitaria de México –CSUT- y en nuestras filas militaron Mella, Diego Rivera, es decir, siempre hubo una imbricación entre trabajo y cultura en la lucha por la construcción del PCM, que como cualquier otra organización de lucha, hizo grandes aportes. Pero también cometimos errores. Digo cometimos, porque nosotros asumimos la historia plena de nuestro partido, la historia de nuestro movimiento.

Autodisolución y la reorganización del PCM

– El error más grande fue en los años ’80, cuando el partido decidió liquidarse. De 1981 a 1984 nuestro partido fue inexistente en nuestro país y el 20 de noviembre de 1994 se llamó a la reorganización de este partido. Y se hizo bajo la necesidad primera de hacer una fuerte crítica al capitalismo en un momento de desideologización, de fin de la historia.

Cuando predominaban las ideas de Fukuyama y la desesperanza, dijimos, hay que hacer una crítica profunda al capitalismo y una autocrítica de los procesos de construcción socialista, de lo que se llamaba socialismo real asumiendo la necesidad de seguir construyendo. Defendiendo la construcción socialista del siglo XX con una crítica a la llamada idea de la Revolución Mexicana que fue uno de los motores para que el movimiento obrero perdiera su independencia de clase.

– Entonces, desde el 20 noviembre 1994 estamos en ese proceso de reorganización, nacimos bajo el nombre Partido de los Comunistas Mexicanos, y en nuestro IV Congreso de 2010 recuperamos el nombre de Partido Comunista de México. Recuperamos también toda esa historia de lucha de los comunistas de nuestro país.

La “Institucionalización” del Foro de Sao Paulo

DE: ¿Como se pueden resumir los lineamientos de este Foro? ¿Se puede ver algunos objetivos estratégicos en las discusiones, en los documentos presentados en el Foro o es que a uno le da un poco la sensación de que la derecha se ha reagrupado en América Latina y se siente que las fuerzas progresistas y la izquierda o las corrientes más consecuentes, están en un retroceso?

PBC: – Nosotros pensamos que, en primer lugar, no hay una sola definición. Es decir, la definición de izquierda hoy es insuficiente porque su concepto tiene implicaciones laxas, cuando menos para el continente latinoamericano. Es decir, si por izquierda dijéramos de aquellos que se oponen tan solo al neoliberalismo, entonces tendríamos a fuerzas que apuestan por la gestión keynesiana del capitalismo. Y nosotros vemos que hay determinados procesos políticos que se han hecho gobierno que dicen apoyar a la izquierda pero aplican gestiones propias del capitalismo, políticas de represión.

– Por ejemplo, nosotros dudaríamos mucho en cuadrar como de izquierda a gestiones como la de Rafael Correa. Incluso, tendríamos mucho cuidado de llamar izquierda a quien promueve la intervención en Haití. O a quien promueve los transgénicos, o a quien se compromete con el imperialismo en el tema de los biocombustibles, o quien devasta la selva amazónica. No pensamos que esos serían izquierda, sin embargo, tienen carta de nacionalidad en el continente nuestro que dice que esos podrían ser de izquierda.

– Nosotros apoyamos mucho más la idea de que la noción de izquierda tiene que tener un contenido anticapitalista, es decir, que tiene que luchar por el poder popular, por la expropiación de los monopolios y por regulaciones sobre el capital internacional.

– El Foro de San Pablo cuando nace en 1990, nace en una realidad muy distinta a la de hoy, estábamos en un período de reflujo de contrarevolución, de desarticulación de resistencia y claro que hoy la contrarrevolución en la Unión Soviética y otros países, con todo el drama que significó, porque los escombros del Muro de Berlín no solo sofocaron a los comunistas.

– Los críticos del comunismo, por ejemplo, los troskistas decían que el día que fuera derrocada la burocracia soviética emergería una democracia socialista. Y también los troskistas fueron derrotados en ese proceso. Es decir, que la derrota fue sobre toda la izquierda, por eso fue que cuando el Partido Comunista Cubano y el Partido de los Trabajadores de Brasil acordaron lanzar el Foro de San Pablo, nos pareció una iniciativa muy positiva.

– Más hoy el contexto ha cambiado, en ese contexto emergió el proceso Bolivariano en Venezuela, lo que irradia en Ecuador y Bolivia, lo que irradia más allá. Surgió el Ejército Zapatista de Liberación Nacional –EZLN.

– Hay una izquierda social y política que no está expresada en el Foro de San Pablo, ya que allí predomina, sobre todo, la institucionalidad. Nosotros pensamos que es un espacio importante pero no pensamos que es el único.

El ejemplo de la Marcha Patriótica

DE: ¿Crees que se olvidan de los movimientos sociales y otras fuerzas?

PBC: – Claro, es un espacio que no rivaliza pero que es otro espacio. El Movimiento Continental Bolivariano, nosotros como partido comunista participamos en el Foro y en el Movimiento, porque pensamos que ahí se están expresando otras fuerzas. Incluso ahora tenemos esa cosa tan maravillosa que es el Movimiento de la Marcha Patriótica en Colombia, que está viendo si se puede expresar en el Foro pero más bien que es otra categoría de izquierda que no está expresada y que no puede contenerse en una camisa de fuerza.

– El Foro de San Pablo tendría ese reto, no contentarse con la institucionalidad, no contentarse con las experiencias gubernamentales porque finalmente tener el gobierno no es tener el poder. Y finalmente la experiencia también demuestra, como decían los compañeros del EZLN que van a buscar cosas arriba y terminan por quedarse ahí, cuando no hay una política de transformación. Entonces, la izquierda de abajo, clasista, no está expresada.

DE: la insurgencia está ausente también

PBC: – La insurgencia, hablemos del caso concreto de Colombia y de los compañeros de las FARC que han sido fundadores del Foro de San Pablo y que ha habido un debate inconsecuente dentro del Foro por excluir algunas formas de lucha. Y la insurgencia colombiana tiene varios méritos, no solo resistir contra la oligarquía, contra la represión, defendiendo el proyecto político bolivariano y una paz con justicia social.

– Tiene además el mérito de ser una fuerza que con su accionar y su presencia evitó que se impusiera el ALCA que hubiera sido una desgracia para el continente. Porque nosotros tenemos desde 1994 la experiencia del TLC o NAFTA, como lo llaman ellos. Ha sido una experiencia de depredación de la industria, del nivel de vida del pueblo mexicano. Sabemos que el TLC hubiera sido nefasto para el continente. Una de las fuerzas que contribuyeron para evitar el ALCA fue Cuba, pero la otra Venezuela, y la otra que nadie quiere nombrar pero nosotros sí, lo hacemos, son las FARC.

La expulsión de las guerrillas latinoamericanas

DE: ¿Por qué las FARC tienen que estar ausentes de aquí por algunos criterios inexactos de algunas fuerzas? Y luego de 50 años de existencia, igual que el ELN.

PBC: – 50 años de lucha, resistencia, y como ésas, otras fuerzas del continente. Nosotros decimos que la insurgencia es un derecho de nuestros pueblos al que no se puede renunciar y al que se han visto impulsados a no desconocer los próceres de nuestros pueblos. Porque Hidalgo, Juarez, Morelos en México, se vieron obligados a la lucha armada contra el colonialismo, contra la intervención imperialista, contra la intervención francesa. La resistencia entonces fue con piedras, machetes, fusiles, arcabuces, cañones y la guerra de guerrillas

– ¿Qué hubiera hecho Morelos por todo México sin ejercer la guerra de guerrillas, en contra del colonialismo español? Entonces, que no nos vengan a nosotros con el cuento que la insurgencia está asociada al terrorismo.

– Ese es el discurso que intentaron vender desde la Casa Blanca después del 11 de septiembre o después del montaje, como decimos nosotros, que termina de domesticar a alguna izquierda. Nosotros nos clasificamos hoy como una fuerza revolucionaria, clasista, y pensamos que la izquierda es la lucha por la transformación de este modo de producción basado en la propiedad privada y en la apropiación de unos cuantos de la riqueza socialmente producida.

– Por eso no admitimos que la izquierda se circunscriba a gestiones gubernamentales que finalmente son otra cara del capitalismo.

La ausencia del debate sobre la crisis capitalista

DE: Es decir, que la meta histórica del partido comunista, socialista, en este Foro no se discute.

PBC: No, no. No se está discutiendo en este momento de profundización del capitalismo. Hay ahí toda una teorización de que la crisis que arrancó con la crisis de los créditos es una crisis diferente. O que fue superada. Según el análisis de Marx estamos viviendo una crisis estructural de sobre acumulación y sobre producción que para nosotros, como la estamos viendo, no es una crisis que va a superarse, todo lo contrario, la UE está cayendo. Todo lo que fue para el capitalismo en los años ’90, la unión del libre mercado, la unión monetaria y el capitalismo. La crisis que arrancó con los créditos, hoy no está superada. Tenemos una fácil respuesta de la clase obrera en Europa, sobre todo en Grecia con el proletariado y los movimientos, es una lucha que está activa. Nosotros pensamos que frente al capitalismo es una lucha por una alternativa ¿Cómo es posible que en el Foro no exista esa discusión?

DE: Los marxistas, los economistas marxistas que ya desde el año 2009 no hacen la conferencia internacional de los economistas en la ciudad de La Habana.

PBC: – Pero hay otros espacios, como por ejemplo en el lenguaje internacional de los partidos comunistas y obreros, que surgió cuando el aniversario del partido comunista, se mantiene. Por ejemplo este año nos habremos de reunir como desde hace algunos años como en el encuentro en la India, después en San Pablo, o en Grecia, la discusión ha sido eso, “crisis, revolución alternativa”, cuando menos en los partidos comunistas hay más claridad sobre eso. A pesar de todas las dificultades pensamos que hay que hacer un esfuerzo por convergencia, por unidad y lo significativo ahora del Foro es que se reúne en Caracas y sabemos que es preciso incentivar la solidaridad con el proceso político bolivariano.

– De momento el liderazgo se apoya en el compañero Hugo Chávez y hay que apoyar eso, hay que tener una mirada crítica y ser autocrítico de los procesos. Sabemos que no hay procesos perfectos y que no tenemos que ser autocomplacientes y al mismo tiempo cerrar filas.

DE: Ahora hablamos de México, ya llevamos cuatro días después de las elecciones donde López Obrador perdió nuevamente. En las elecciones de 2006 el EZLN recomendaba a la gente a no abstenerse de votar, ¿Cómo ha sido en estas elecciones el papel del PCM y la izquierda en general alrededor de la candidatura de López Obrador?

PBC: – Primero una ligera aclaración, en el 2005 el EZLN lanzó la “Sexta Declaración de la Selva Lacandona” que fue un movimiento alternativo frente a esta izquierda de arriba. Porque en México algunos lo identifican como de izquierda a López Obrador, pero nosotros sabemos que representa a los intereses monopólicos de Carlos Slim y la burguesía de Monterrey.

Representa intereses del gran capital y no representa intereses de los trabajadores, a pesar de un discurso populista que lo que hace es políticas asistencialistas. Entonces, el EZLN dijo que esa izquierda de arriba no representaba los intereses de los trabajadores, ni de los campesinos, ni de las mujeres, ni del movimiento indígena, ni del movimiento lésbico-gay, ni de los trabajadores subalternos, ni de los emigrantes, es decir, no representaba la capa de los oprimidos y de los explotados.

La izquierda y López Obrador

– Que había que construir otra geografía política, es decir, abajo y a la izquierda. El planteamiento nuestro fue de crítica a lo que acontecía, a Obrador, a Calderón y a Madrazo que era el candidato del PRI. Y lo que planteaba la Otra Campaña que era la forma que tomó la iniciativa del EZLN de decidir la convergencia de toda la izquierda revolucionaria y la consigna era: votes o no votes, organízate, lucha.

– Porque nosotros somos los que partimos de la idea de que tenemos que buscar el protagonismo social porque ninguna salida vendrá de arriba. Como decía Marx: la emancipación de los trabajadores habrá de ser obra de los trabajadores. Lo que no haga el pueblo organizado nadie lo hará por el. En estas circunstancias, lo que vino después fue una gran represión sobre el pueblo en Atenco, sobre las comunidades zapatistas, no fue posible construir una convergencia de la izquierda anticapitalista frente a este proceso. El PC decidió a través de su conferencia nacional que nosotros no encontrábamos base de apoyo en Obrador ni en Peña Nieto y por supuesto, menos en el PAN.

– Lanzamos una consigna que decía que no había que apoyar a ninguno de los candidatos y que lo que habría que hacer era cuestionar la legitimidad de esa falsa democracia burguesa, que en realidad solo representa el poder de los monopolios. Iniciamos una campaña en ese sentido y los peores pronósticos se han confirmado, lo que previmos nosotros es que el PRI ganaría por una sencilla razón, porque suman más monopolios a su favor.

– Es decir, Slim, la burguesía de Monterrey apoyaron a Obrador pero Peña Nieto colocó tras de sí a Televisa, Telefónica MoviStar, citando sólo al terreno de las comunicaciones. La disputa era quien ganaba el favor de los monopolios y logró ganarlo el PRI, la elección se definió ahí. No importa que las masas hayan dicho ingenuamente con la esperanza en Obrador, porque la decisión la toma en México, los monopolios.

“Construir una alternativa de poder popular”

DE: ¿Cuál será la factura que manden ahora los monopolios al candidato victorioso?

PBC: – Privatización de PEMEX (Petróleos Mexicanos, empresa pública), de la energía eléctrica, entrega a las transnacionales, a Unión FENOSA (española), disputarse el monopolio de la telefonía celular, mantener el monopolio de los espacios televisivos, la reforma laboral para una desvalorización del trabajo, recortar derechos sindicales y laborales, y represión sobre algunas organizaciones.

DE: ¿Y cuál será la respuesta popular?

PBC: – Organizarse para construir una alternativa de poder popular y no esperar a las elecciones dentro de 6 años. Tenemos que salir a las calles, aprender de la historia misma del pueblo de México pero también aprender de lo que pasó en Bolivia, en Ecuador, independientemente de las críticas que tengamos de lo que hizo Rafael Correa o de lo que han hecho otras fuerzas.

Lo real es que hubo un movimiento social capaz de romper la institucionalidad y romper el esquema de la burguesía de que la política solo se hace en los cauces de la institucionalidad burguesa a partir de un acto electoral. La política tiene que ejercerse todos los días. – La mayor preocupación que nosotros vemos es que se está internacionalizando el terrorismo de estado. Por ejemplo, Peña Nieto está incluyendo como asesor de seguridad a alguien que dejó una estela de sangre y terror en Colombia, que es el general Oscar Naranjo, quien en alguna reunión con Vicente Fox y Uribe ubicaron al PCM como un objetivo, porque saben que somos una fuerza que no pueden controlar. A pesar de ser una pequeña fuerza no entendemos por qué el general Naranjo tiene tanta violencia sobre nosotros.

– Nosotros pensamos que tenemos que lograr que el PC sea una fuerza con el derecho que tiene de expresarse públicamente, legalmente y tiene el derecho de existir. Nadie nos puede negar el derecho de existencia, ni siquiera la contra revolución, ni siquiera cuando Gorbachov recomendó que los partidos comunistas se transformaran en fuerzas social demócratas y nos liquidaron, no lo va a hacer un general que además está sumido en la corrupción y es responsable del para-militarismo.

La combinación de todas las formas de lucha de masas

DE: Vemos prácticamente todos los días que hay grandes movimientos sociales en marcha y que son de masas en México, y también que hay sectores jóvenes que se organizan más fuerte o más sueltos. Por ejemplo está ese movimiento que es YO SOY 132. Qué expresión tiene o de dónde viene porque también tiene muchachos de la universidad privada cuestionando el monopolio de los medios de comunicación de Carlos Slim.

PBC: – Nosotros vemos muy positivo eso porque vemos que socialmente expresa que es un producto de la crisis, es decir, la pequeña burguesía que resiste los efectos del proceso de proletarización y pauperización, porque la crisis del capitalismo les rompe un determinado status de vida y que entiende la necesidad de que, de alguna manera, hay que colocarse en la lucha contra los grandes intereses monopólicos. Es sano que se planteen la determinación de romper monopolio de Televisa, democratizando los medios, igual que Televisión Azteca.

– Consideramos que eso en el capitalismo nunca va a suceder, que sólo en el marco de un poder popular habría la posibilidad de nuevas cadenas de comunicación. Porque ahora en México se habla mucho de tener un tercer canal pero quien lo va a hacer, una televisión alternativa que pueda llegarle a la comunidad o lo va a hacer el monopolio de Carlos Slim que es el que puede montar una nueva cadena.

– A pesar de todo vemos como muy sano el que se haya instalado el tema de los medios de comunicación. Porque es un aparato ideológico del estado para mantener el control de las masas, es la vieja verdad que expresó Carlos Marx, la ideología dominante es la ideología de la clase dominante, hoy vemos que los medios de comunicación son la columna vertebral de eso. Es muy positivo este debate porque permite que emerjan los canales alternativos, que exista posibilidad de los canales cooperativos, de las ONGs, de las organizaciones de la sociedad civil. Eso es lo que estamos planteando.

– También participamos de la lucha de los trabajadores del magisterio en Oaxaca, en Guerrero, en Chiapas, hay gran disposición del pueblo para la lucha que es lo que vemos como problema que tenemos que construir un frente, pero que este frente no pueda ser subordinado a la política de la burguesía, sino que tendrá que ser un verdadero frente popular con autonomía de clase y con sus propias banderas.

México y Estados Unidos

DE: Hablemos sobre los Estados Unidos de México. Todas las noticias de las grandes corporaciones no llegan al fondo de lo que tu has mencionado. No hablan de las grandes manifestaciones de lucha sino que hablan del narcotráfico. El Plan Mérida, la Iniciativa México, Plan Puebla Panamá. Cómo es la perspectiva con un gobierno del PRI que imagino que no tiene muchas diferencias con el PAN porque la misma dependencia de estos dos partidos con los EEUU y la presión que ejerce este país sobre un país que es grandísimo, que tiene 105 millones de habitantes y en una posición estratégica también para los EEUU y su geopolítica hacia AL.

PBC: – El PRI hay que decirlo, en sus 70 años ha tenido una gran experiencia. Nosotros no vemos que sea el mismo PRI de entonces. Porque dónde colocamos por ejemplo la administración de 6 años del ‘34 al ‘40 del general Lázaro Cárdenas, que era un gobierno burgués pero que tuvo una actitud positiva con respecto a la guerra civil, que expropió el petróleo, repartió tierras. Es difícil un discurso en blanco y negro. El PRI tiene una estrategia que le permite hacer maniobras en política exterior, era el único país que no rompía relaciones con Cuba.

– Pensamos que va a regresar esa política exterior camaleónica de ser un gobierno que pueda tener actitudes hacia el exterior y de dura represión para el pueblo de México. Ahora mismo, Peña Nieto, está recuperando ese discurso de la autodeterminación, decimos bueno, es progresivo para los pueblos pero sabemos que es demagógico.

– Nosotros pensamos que mientras no rompamos con el TLC la posibilidad para el pueblo de México, de tener un buen nivel de vida, es prácticamente imposible. No van a romper el TLC, el único que puede hacerlo es el pueblo organizado y proponiendo una unidad muy fuerte con una alineación con todos los que están en EEUU y con los trabajadores.

El narcotráfico

DE: El narcotráfico, donde tiene sus tentáculos, llega a la cúpula política?

PBC: – Habría que preguntarse donde ya no tiene sus tentáculos, nosotros hablamos del cartel de los Pinos, que es de donde despacha el presidente de la república. La institucionalidad gubernamental está imbricada con el narcotráfico. Eso todo el mundo lo sabe, está documentado.

DE: Entonces las armas las traen desde EEUU los narcos, incluso la DEA en una operación ha metido armas allá.

PBC: – La operación Rápido y Furioso ¿qué hizo Obama? Quiso que eso quedara clasificado como secreto de estado, por qué razón. También hay una imbricación entre los órganos de seguridad de los EEUU y la circulación y distribución de la droga. Pues no, no puede haber una política moral desde el gran capital sobre investigación de la droga cuando ellos mismos son los que la han promovido. Nosotros consideramos que alrededor de eso hay una gran demagogia, tanto el PRI como el PAN están imbricados con carteles de la droga.

La teoría de Lenin del Imperialismo y los monopolios

– Yo solo quería agregar una cosa más sobre este tema con los EEUU y es que nosotros tomamos la cuestión imperialismo como la planteaba Lenin. Es decir, como el capitalismo de la época de los monopolios y los monopolios no tienen nacionalidad. Pongo un ejemplo: hay una compañía semi industrial minera en México, que es donde pasó el crimen de Pasta de Conchas que es donde murieron más de 40 mineros. Industrial minera México explota a trabajadores en Perú, en minería a cielo abierto. Pero explota también a mineros en Arizona. Los monopolios no son sólo norteamericanos, hay monopolios mexicanos también.

– Nuestra política no es caer en un discurso fácil de que los gringos son los responsables. Sí, en la Casa Blanca están los principales criminales de este continente pero los monopolios también son mexicanos. Y pongo otro ejemplo, había un monopolio que expoliaba a los proletarios venezolanos, se llamaba CEMEX, no necesita ser norteamericano el monopolio para tener una política imperialista,

– Nosotros alertamos mucho sobre ese discurso fácil, hay que tener una política anti monopolista, no hay imperialismo bueno o imperialismo malo, hay unas ONGs que han venido sobre todo vinculadas a la socialdemocracia, levantando el discurso que si vinculáramos nuestros pueblos con la UE tal vez la expoliación tendría un rostro más amable. Nosotros decimos la UE, los EEUU, los monopolios, se basan en la explotación y también los monopolios de México.

– Carlos Slim, con América Móvil, toda esta expoliación sobre las telecomunicaciones en América Latina no es un capitalismo menos malo que el norteamericano. Por eso hablamos de un antiimperialismo consecuente y no caer en un antinorteamericanismo fácil. Con todo, nosotros sabemos que EEUU, en 1897, despojó a México de mas de la mitad de su territorio. Hay un gran resentimiento contra el gobierno norteamericano. Pero tenemos que construir una red de solidaridad con los trabajadores norteamericanos que es un gran pueblo que lucha. Gente que ha tenido a grandes hombres como Malcolm X.

Contra la corriente

DE: Porque pertenecen a la misma clase social, no importan las fronteras y es en ese sentido que si resumimos un poco: Este Foro ¿qué podría hacer con las fuerzas de este continente que regresar a la lucha de clases?

PBC: – Por eso nosotros decimos que somos un partido comunista incómodo, porque en todo momento procuramos el criterio clasista. Por eso si nos preguntan por ejemplo sobre China, decimos que en China lo que hay es un capitalismo en la producción, por eso no caemos en el discurso de que ahí hay socialismo. Procurar mantener un discurso de clase es alejarse del discurso populista, con el discurso que cae bien. Planteamos la posición marxista leninista aunque sea una posición incómoda y aunque a veces quede en minoría. Lenin nos enseñó que a veces hay que nadar contra corriente, igual que Lenin y Rosa Luxemburgo, no tenemos temor en eso.

– Al mismo tiempo combatimos el sectarismo, no queremos quedar aislados, entendemos que la revolución no es una cuestión de una vanguardia sino que tienen que ser las clases y las masas que participen en ello. Por el momento somos una organización pequeña pero planteamos nuestros objetivos.

– El Foro de San Pablo, por ahora, está limitado a ser un espacio de encuentros, mientras no puedan discutirse aquí desde perspectivas de clase y perspectiva anticapitalista el foro seguirá limitado a un espacio de intercambio diplomático. Esta es la realidad.

1981: la disolución del Partido Comunista Mexicano. Gerardo Peláez Ramos. La Haine 

La desaparición del PCM reflejaba con claridad su incapacidad de ser el centro unitario de las principales formaciones socialistas y la necesidad de romper el sectarismo.

Por resolución de su XX y último Congreso, el Partido Comunista Mexicano se disolvió el 4 de noviembre de 1981 para, en unión del Partido del Pueblo Mexicano (de origen lombardista), el Partido Socialista Revolucionario (de matriz lombardista), el Movimiento de Acción y Unidad Socialista (de orientación comunista prosoviética) y el Movimiento de Acción Popular (de carácter nacionalista), dar origen, el 6 de ese mes y año, al Partido Socialista Unificado de México. Concluyeron, así, cerca de 62 años del destacamento nacional del movimiento comunista.

Nueva lucha interna

EN SEPTIEMBRE DE 1980, ocho miembros del Comité Regional del Partido Comunista en el Valle de México –entre quienes estaban Guillermo Morales y Andrés Ruiz– suscribieron el texto Crisis de dirección en el Valle. Documento de discusión, en el cual hicieron algunas críticas al órgano directivo local que presagiaban, como quedó en claro poco después, el inicio de una nueva lucha interna.

Durante la realización del XV Congreso Regional del Valle de México, el 20 de noviembre de 1980, fue suscrito el desplegado Por la renovación del Partido Comunista Mexicano en el que se señalaba:

    Resumiendo todos estos síntomas, es posible afirmar que de hecho la transformación del partido se está orientando:

    –A la formación de un partido de opinión y no de acción.

    –A la construcción de un partido de capas medias emergentes y no de un partido fundamentalmente obrero.

    –Hacia un partido de ciudadanos y no de clase.

    –A la inserción de corrientes de opinión que se limiten a luchar por la modernización y democratización del capitalismo mexicano y no a la constitución de una fuerza social independiente y revolucionaria. (1)

Surgió, de esta manera, la corriente renovadora, conocida en el interior y el exterior del PC como el grupo de los renos.

    La reunión resolvió:

    El XV Congreso del PCM en el Valle de México, no aprueba el informe presentado por el compañero Reynaldo Rosas Domínguez a título personal debido a la desintegración del Comité Regional electo en el XIV Congreso. Hace una severa crítica a quienes por diferencias políticas u otras razones abandonaron sus responsabilidades en dicho comité y, asimismo, critica los métodos de cooptación utilizados por el comité. (2)

A diferencia de otras pugnas intestinas, la lucha interna de 1980-1981 se expresó en Oposición y El Machete, en Dí, UnomásUno y Excélsior, en diarios de provincia y otros medios de comunicación masivos. La polémica abarcó todo el abanico de problemas del Partido Comunista Mexicano y el movimiento comunista internacional, desde una perspectiva ideológica y política. Sin embargo, ocurrió algo positivo, aleccionador y sin precedentes: el PCM no se dividió orgánicamente.

Entre los renos había intelectuales muy valiosos como Enrique Semo, Gilberto Argüello y otros destacados universitarios, que enriquecieron la discusión de todos los temas de la agenda política del PCM. El 1 de febrero de 1981, en una conferencia en el Colegio de Economistas, Enrique Semo sostuvo que en el México de los 80 y los 90 no podía haber una fuerza de alternativa a la burguesía que no tuviera a la vez una influencia obrera importante; el futuro del Partido Comunista dependía en las próximas dos décadas de volver a penetrar en la clase obrera. (3)

El XIX Congreso del PCM

DEL 9 AL 15 de marzo de 1981, se llevó a efecto el XIX Congreso Nacional del Partido Comunista Mexicano en el cual se desenvolvió una discusión ríspida y apasionada entre los renovadores y la mayoría del Comité Central saliente, con el alineamiento de los delegados en dos grandes bloques. La asamblea estuvo abierta a la prensa. Debido a las protestas y a una votación reñida, una parte del informe de Martínez Verdugo tuvo que ser retirada.

El Secretario General saliente planteó las condiciones en que daba comienzo la máxima asamblea del partido:

    El XIX Congreso se inicia después de un largo e intenso debate ventilado a la luz del día, en nuestras publicaciones y en la prensa nacional. Se justifica plenamente, porque el partido vive una nueva situación, tiene que afrontar problemas nuevos y además, porque existen divergencias políticas y teóricas, y porque se han desarrollado entre nosotros formas de relación que profundizan la democracia partidaria. Tal debate fortalecerá al partido, hará más clara su concepción y su línea política, lo colocará en disposición de cumplir más eficazmente con sus responsabilidades políticas y teóricas, y hará más consciente y sólida la unidad de sus filas. (4)

Luego, pasó a exponer cómo la reforma política beneficiaba a las fuerzas de izquierda:

    La reforma política benefició principalmente a la izquierda a través de la libertad de la mayoría de los presos políticos, el respeto al derecho de manifestación, la atenuación de los actos represivos contra las luchas de masas y la legalización del PCM y el PST [Partido Socialista de los Trabajadores]. En la medida en que las fuerzas democráticas del país lucharon por ella, la reforma política fue también una necesidad del bloque gobernante como parte de una salida de la crisis política. (5)

Sin tomar en consideración la gravedad del endeudamiento exterior y las consecuencias de la petrolización, Arnoldo deslizó un pronóstico que no avalarían los hechos futuros:

    Es necesario dejar claro que no estamos ante la inminente presencia de una catástrofe económica; el petróleo está ahí y puede seguir paliando durante un buen tiempo las contradicciones del crecimiento económico y puede también ser fuente de recursos para el otorgamiento de concesiones materiales limitadas a los obreros y otros sectores de las masas… la bonanza petrolera y las disponibilidades de créditos que de ella se derivan, dan pie a un período relativamente largo de crecimiento económico. (6)

Considerando la crisis del campo socialista, era de hecho imposible no abordar los acontecimientos en Europa del Este:

    Como en otros países, los sucesos de Polonia han tenido una amplia repercusión en nuestro país y en el interior del PCM. En nuestra opinión, actualmente transcurre en Polonia un movimiento por la democratización del régimen político que abarca a grandes masas de la población, y en el que desempeña un papel destacado la clase obrera polaca. Este movimiento transcurre en los marcos del socialismo y de la alianza de Polonia con la URSS [Unión de Repúblicas Socialistas Soviéticas], aunque no ofrece todavía una clara perspectiva comunista. Pero cualquiera que sea el juicio sobre el contenido del actual proceso político en Polonia, consideramos que corresponde exclusivamente al pueblo polaco, a sus obreros y campesinos e intelectuales, a sus órganos de gobierno y de partido resolver sus asuntos internos. Nos pronunciamos contra toda intervención exterior en los asuntos de Polonia. (7)

A continuación, expuso su versión de las pugnas internas en el Partido Comunista:

    En el XV Congreso del PCM en el Distrito Federal, como en otras reuniones regionales, se han producido fenómenos de grupismo de diverso tipo, tendientes a comprometer a compañeros en planillas de candidatos para órganos dirigentes. Esto perjudica seriamente la unidad del partido, y debe cesar.

    Nuestro congreso tiene que adoptar una actitud precisa ante estos fenómenos y defender los principios democráticos que colectivamente se ha dado, principios que corresponden a los de un partido obrero revolucionario, que no puede permitir el desarrollo de fenómenos generadores de distintas disciplinas. (8)

Explicaba la formación de grupos internos, al margen de los principios:

    Desde hace tiempo, pero en especial después de que el partido empezó a adquirir influencia en algunas universidades y sindicatos, comenzaron a aparecer diversos fenómenos negativos, tales como la formación de grupos de interés, en torno a personas que ejercen una función dirigente u ocupan puestos administrativos.

    Tales grupos actúan en función de intereses estrictamente personales y no tienen nada que ver con la defensa de unos determinados principios.

    El PCM no puede permitir la existencia de tales grupos en sus filas, y los órganos correspondientes deben adoptar las medidas adecuadas para su disolución… (9)

De las 32 resoluciones políticas de la máxima autoridad de los comunistas, cabe destacar las siguientes:

4. La revolución y las perspectivas del desarrollo de la democracia

El objetivo del Partido Comunista Mexicano es la implantación en México de un régimen socialista dirigido por la clase obrera, en alianza con el resto del pueblo trabajador. De esa manera, será abolida la explotación capitalista y la sociedad iniciará su tránsito al comunismo. La realización de la revolución socialista y el establecimiento del poder obrero democrático será el medio para lograr tal régimen… (10)

5. Política de alianzas y la renovación democrática de México

…Un programa de transformaciones democráticas en favor del pueblo trabajador que implique una ruptura con el régimen político vigente sólo puede llevarse a cabo mediante la sustitución del gobierno actual por otro en el que participen todas las fuerzas políticas que sostengan dicho programa, es decir, a través de un gobierno de renovación democrática…

El gobierno democrático por el que el PCM está dispuesto a luchar en alianza con diversas fuerzas democráticas y de izquierda, no es el gobierno de la burguesía, pues esta clase, como tal, no es capaz de enarbolar un programa de transformaciones democráticas avanzadas, aunque algunos de sus elementos compartan objetivos populares y democráticos. Se trata de una lucha por un gobierno en el que participen representantes de los intereses de diversas clases y capas del pueblo trabajador, y en el que por primera vez tomen parte representantes revolucionarios de la clase obrera. En ese gobierno el proletariado se esforzará por lograr su hegemonía. (11)

8. La crisis del movimiento comunista internacional

Los regímenes políticos existentes en los países socialistas están todavía lejos de la meta de amplia democracia política y social a la que aspiran la clase obrera y todos los trabajadores del mundo, y que se inscribe en el proyecto de renovación socialista elaborado por los fundadores del socialismo científico. En dichos países existen prácticas ajenas a un régimen democrático. Esas prácticas perjudican la lucha por el socialismo en el mundo. (12)

10. El carácter del PCM

El carácter obrero y de vanguardia del Partido Comunista Mexicano no depende sólo de su teoría y de su política, sino también de la influencia que ejerza en el proletariado y de que en su composición social predominen los obreros. El retraso del PCM en estos dos aspectos exige que toda su labor se organice con el objetivo de elevar constantemente la influencia comunista entre la clase obrera, y de lograr que en la composición de sus filas adquieran mayoría los miembros provenientes de ella.

Por su carácter, organización, teoría y formas de actividad, otras organizaciones políticas obreras juegan o pueden jugar también un papel de vanguardia. Entre esas organizaciones y el Partido Comunista Mexicano existen diferencias, pero éstas no constituyen un obstáculo fundamental para una colaboración duradera, aun después de la revolución socialista. (13)

14. El Partido Comunista y los sindicatos

…Los comunistas que actúan en las organizaciones sindicales aplican la táctica del PCM, pero respetan las decisiones de los trabajadores y no aspiran a convertir los sindicatos en apéndices del partido. (14)

26. El Partido Comunista ante el ejército y la policía

El PCM lucha por la sustitución del ejército profesional por el armamento general de la población. Sólo un pueblo en armas puede conquistar la libertad y la más plena independencia nacional… (15)

La lucha de los renos, de los sindicalistas universitarios y de importantes núcleos de intelectuales rindió sus frutos. El Partido Comunista empezó a introducir, de manera parcial, el principio de la representación proporcional. En los Estatutos aprobados por el XIX Congreso quedó establecido: “Artículo 43. Cuando en los congresos estatales y regionales se manifiesten posiciones minoritarias que representen por lo menos el 25 por ciento de los votos, tales posiciones se expondrán en el Congreso Nacional a través de los delegados”. (16)

La reunión aprobó una resolución sobre el momento que se vivía y las tareas políticas del PCM, en la que se indicaba: “Esta es la tarea central del partido para el presente período: ganar a la clase obrera para las posiciones del partido y hacer de éste un partido obrero también por su composición”. (17)

Fue elegido un Comité Central de 60 miembros. Por la mañana del 15 de marzo fue elegida la Comisión Política, quedando integrada por Arnoldo Martínez Verdugo (secretario general), Nicolás Olivos Cuéllar, Marcos Leonel Posadas, J. Encarnación Pérez, Gilberto Rincón Gallardo, Iván García Solís, Samuel Meléndrez, Eduardo Montes, Gerardo Unzueta, Pablo Gómez y Jesús Sosa Castro. Quedaron en el Comité Central cuatro mujeres: Amalia García, María Elena Morales, Elvira Concheiro y Aldir González.

El XIX Congreso representó, sin duda, un paso adelante en la lenta democratización del Partido Comunista Mexicano.

Antes, durante y después del XIX Congreso comenzaron a manifestarse fuertes luchas entre grupos y corrientes del PC en la Universidad Nacional Autónoma de México, Nuevo León, Universidad Autónoma de Puebla y otros lugares y centros. En el Sindicato de Trabajadores de la UNAM el enfrentamiento condujo a la salida del partido de Leonardo Olivos Cuéllar y Ramiro González Ayón. En Puebla, a la expulsión de Alfonso Vélez Pliego y sus más cercanos camaradas.

En estas luchas sobresalía un elemento central: la relación entre el partido y los sindicatos y universidades. Alfonso Vélez Pliego, en forma clara y sencilla expuso en un folleto el meollo del asunto, al afirmar:

La tesis sustentada por el camarada [Luis Rivera] Terrazas, reivindicando el derecho de todas las organizaciones políticas a desarrollar su acción en la universidad, derecho que hoy nadie pone en duda, no fue acompañada por un planteamiento que explícitamente delineara las modalidades y fronteras del quehacer político en su interrelación con el quehacer universitario; entendiendo por este último, tanto las actividades propiamente institucionales como las que realizan en forma autónoma los estudiantes, profesores y sus organizaciones… (18)

La unidad de los socialistas

DE MANERA INESPERADA, el 15 de agosto la opinión pública fue informada de que:

    Frente a esta situación nacional e internacional, y conscientes de sus deberes hacia la clase obrera y todos los trabajadores, el Partido Mexicano de los Trabajadores, el Partido del Pueblo Mexicano, el Partido Socialista Revolucionario, el Movimiento de Acción y Unidad Socialista y el Partido Comunista Mexicano, a través de sus correspondientes órganos de dirección, han convenido en proponer a sus respectivas organizaciones, unificar sus fuerzas en un solo partido. (19)

El nuevo partido se constituiría teniendo como cimientos algunos proyectos de documentos básicos, entre los cuales destacaba la Declaración de Principios, que estipulaba:

    La solución de las contradicciones de la sociedad mexicana podrá ser alcanzada mediante… una nueva revolución política, económica y cultural que lleve al poder a la clase obrera y sus aliados: la revolución socialista. (20)

El Programa de Acción señalaba:

Así, la sociedad mexicana vive un nuevo proceso revolucionario. El ciclo de las revoluciones burguesas ha concluido. Una nueva revolución es indispensable…

Esa nueva revolución será una revolución socialista… (21)

En los Estatutos se planteó:

Artículo 1. El partido… es un partido de la clase obrera y de todos los trabajadores manuales e intelectuales del campo y de la ciudad

Es un partido nacional, autónomo e independiente de la burguesía mexicana y su aparato de dominación, así como de cualquier fuerza estatal o política del exterior… (22)

Cabe resaltar que no todos los comunistas estaban de acuerdo con la fusión. Los elementos stalinistas y prosoviéticos expresaban sus dudas o de plano su oposición. Otras fuerzas de izquierda, como los trotskistas, algunos ex guerrilleros y Punto Crítico, tampoco apoyaban la constitución de un nuevo partido socialista. El 4 de septiembre, las células 26 de Julio y Luis Morales manifestaron:

    Consideramos en primer lugar que las acciones unitarias que antecedieron a esta proposición son insuficientes en el nivel de las bases de las organizaciones participantes y vemos con preocupación que el proceso unitario se desarrolla de manera precipitada, lo que podría frustrarlo y conducirlo en el mejor de los casos, a una unidad formal. No creemos sinceramente que las condiciones objetivas y subjetivas para la fusión revolucionaria de los partidos y asociaciones políticas de la izquierda hayan madurado, ni que esto se logre a corto plazo. (23)

El XX Congreso del PCM

EL 16 DE agosto de 1981, el Comité Central del PCM expidió la Convocatoria al XX Congreso del Partido Comunista Mexicano a realizarse los días 15 y 16 de octubre próximos. El 5 de octubre fue lanzada otra convocatoria (modificada) para la celebración del congreso los días 15-18 del mes mencionado, con el orden del día siguiente:

    1. Informe del Comité Central sobre las bases de unidad orgánica del PCM con otros partidos revolucionarios. Discusión y resoluciones sobre el particular. Informante: Arnoldo Martínez Verdugo.

    2. Decisiones acerca del programa electoral, táctica electoral, incluidos la política de alianzas y candidato a la presidencia de la República.

    3. Elección del Comité Central. (24)

El congreso se reunió los días señalados en la segunda convocatoria y resolvió contra todas las tendencias hacia la superación del stalinismo, las purgas y demás fenómenos antidemocráticos: “Quinto. Se ratifica la expulsión, acordada en el III Congreso Estatal de Puebla de los camaradas Alfonso Vélez Pliego, Pascual Urbano Carreto, José Doger Cotre, Daniel Cazés Menache y Humberto Sotelo Mendoza”. (25)

La reunión decidió continuar sus labores el 4 de noviembre, acordando asimismo presentar como candidato presidencial del nuevo partido a Othón Salazar. Mientras tanto, el 22 de octubre, el Comité Nacional del PMT –al no confiar que la dirección del PCM impulsara la candidatura de Heberto Castillo– resolvió, bajo argumentos muy endebles, suspender los trabajos encaminados a la fusión, para reanudarlos después de las elecciones de julio de 1982. En cambio, una fracción de pemetistas, en la cual estaban Maximino Ortega, René Bejarano y Dolores Padierna, resolvió adherirse a la nueva organización política.

El 4 de noviembre, esto es, en la segunda parte del XX Congreso del PCM, se tomó la siguiente resolución acerca del informe sobre el proceso de fusión: “7. Los comunistas acuerdan entregar todos sus esfuerzos al cumplimiento de las tareas de fusión en todos los niveles del partido y a proseguir la tarea de construir el amplio frente de izquierda que se requiere en estos momentos para hacer frente a los candidatos del PRI [Partido Revolucionario Institucional], del PAN [Partido Acción Nacional] y del PDM [Partido Demócrata Mexicano]”. (26)

La desaparición del PCM reflejaba con claridad dos procesos paralelos: 1) la incapacidad del Partido Comunista Mexicano de ser el centro unitario de las principales formaciones socialistas, y 2) la necesidad de la izquierda avanzada de romper el sectarismo, ampliar la unidad de acción y fundirse en un organismo partidario único, necesidad estimulada fuertemente por las experiencias unitarias de Nicaragua y El Salvador. (27)

El 4 de noviembre, pues, dieron término casi 62 años de existencia de una organización que, independientemente de sus errores y fallas, se caracterizó por su lucha sin tregua por la soberanía nacional, la democracia y el socialismo.

Notas

(1) Firmaban, entre otros, Gilberto Argüello, Roberto Borja, Rodolfo Echeverría, Gilberto Enríquez, Joel Ortega y Enrique Semo. (Por la renovación del Partido Comunista Mexicano (Prolegómenos de un debate), México, ACERE, 1981, pp. 16-17).

(2) Resoluciones del XV Congreso Regional del Valle de México, México, PCM, s. f., p. 3.

(3) Dí, núm. 20, 12-III-81, p. 30.

(4) Oposición, núm. 373, 15-III-81, p. 8.

(5) Ibíd., p. 9.

(6) Ibíd., p. 13.

(7) Ibíd., p. 16.

(8) Ibíd., p. 17.

(9) Ibíd., p. 18.

(10) Oposición, núm. 403, 11-X-81, p. III.

(11) Ibíd., p. IV.

(12) Ibíd., p. V.

(13) Ibíd., p. V.

(14) Ibíd., p. IX.

(15) Ibíd., p. XIV.

(16) Estatutos del Partido Comunista Mexicano, México, Ed. del CC, 1981, p. 20.

(17) Oposición, núm. 374, 22-III-81, p. 12.

(18) Alfonso Vélez Pliego, Los comunistas y la renovación del gobierno y la administración de la Universidad Autónoma de Puebla, s. e., s. f. [1981], pp. 14-15.

(19) Proceso, núm. 250, 17-VIII-81, p. 9.

(20) Dí, especial núm. 1, 15-x-81, p. 5.

(21) Ibíd., p. 11.

(22) Ibíd., p. 22.

(23) Por esto!, núm. 13, 24-IX-81, p. 65.

(24) Oposición, núm. 403, 11-X-81, p. 5.

(25) Oposición, núm. 406, 1-XI-81, p. 10.

(26) Oposición, núm. 408, 15-XI-81, p. 3.

(27) Como expresión de la fuerza de atracción del PCM cuatro dirigentes y 40 militantes del Partido Revolucionario de los Trabajadores, Sección Mexicana de la IV Internacional, encabezados por Ricardo Hernández, y la Comisión Coordinadora del Colectivo, escisión de Estrategia, solicitaron en agosto de 1979 el ingreso al Partido Comunista Mexicano. Anteriormente, militantes del Movimiento de Izquierda Revolucionaria Estudiantil (de origen espartaquista), de la Liga Comunista 23 de Septiembre y de otros organismos izquierdistas pasaron a integrarse a las filas del Partido Comunista. Asimismo, retornaron al PCM algunos militantes expulsados o retirados del partido durante los años de 1969 a 1974.

La Haine